Depois de perder o sítio da família, onde ela fabricava queijos, nasceu uma doceira que começou vendendo a primeira remessa em potes de plásticos e hoje tem uma loja com mais de 40 sabores
Como explicar um sabor que, além de frutas, açúcar, castanhas e leite, leva amor e dedicação como ingredientes indispensáveis? “Quando eu sinto o cheiro do doce, já consigo lembrar da minha infância e, quando eu como, parece que é real. Então é um doce que nos traz afetividade, que nos traz boas lembranças”, define Marília de Paula.
Há quatro anos, a doceira caprichosa nunca tinha feito uma compota que seja. A especialidade dela era os derivados do leite: queijos e iogurtes, todos produzidos no sítio dos pais, em Edéia. A vida de Marília seguia tranquila, junto com o marido, morando na mesma propriedade. Até que um dia recebeu uma ordem judicial. Era preciso deixar tudo, a terra não pertencia mais a família. Perda motivada por um negócio que deu errado. “Meu mundo acabou naquele momento. Eu chorava o tempo todo recolhendo as coisas, os animais. Fomos todos morar em Edéia, numa casa que minha mãe tem no centro da cidade. Assim que terminamos a mudança, eu me perguntei: e agora? Então eu vi uma reportagem do Senar Goiás oferecendo o curso de doces e rapidamente já liguei para o mobilizador, o Leonel Garça, e disse: eu quero participar. Fiz o curso de uma semana com a instrutora Olivia, que é uma grande amiga, e a partir daí eu comecei a ser uma doceira”, descreve Marília.
Mas entre aprender a fazer doces e comercializar teve outra jornada. “Eu terminei o curso em uma sexta-feira. No sábado, eu falei: vou fazer um doce de leite. E eu não tinha pote. Decidi colocar numa embalagem de plástico. Comprei, fiz o doce de leite e coloquei. Não esqueço, coloquei cada unidade a R$ 5, postei nas redes sociais e vendi tudo. Pensei, opa, acho que estou no caminho certo e aí a gente foi pegando laranja, mamão, figo e começamos a fazer os doces. Cada dia temos um doce diferente”, lembra.
Mas não foi só isso, Marília vendia de porta em porta, oferecia em clínicas, comércios, colocou uma mesa na porta da casa da mãe e lá também expunha os doces. Era o começo de um sonho, o alicerce para ter uma loja de doces. Algum tempo depois ela precisou se mudar para Aparecida de Goiânia, junto do marido e do filho de seis anos. O apartamento de 50 metros quadrados e sem fogão industrial virou, naquela época, a fábrica artesanal do @doces_da_marília. “Eu falo que quando você tem um sonho, não importa o tamanho. Onde você está você consegue. E ali a gente ia fazendo. Só que as demandas foram crescendo, as panelas foram aumentando e aquele espaço foi ficando pequeno. Foi a partir disso que a gente procurou um local para fazer em maior quantidade”, conta.
Graças às redes sociais e à propaganda de quem experimenta, ela vende doces para o Rio de Janeiro, Bahia e para o sul do Brasil. O campeão de vendas: o de figuinhos – verdes e brilhantes, que poderiam ser chamados de ‘esmeraldas’ no pote. Hoje, já são mais de 40 tipos como ameixa de queijo em calda e seca, de coco, leite, goiaba, jabuticaba, laranja uruguaia e convencional, mamão e melão cristalizados, entre outros. “Eu sempre falo que o dom não é aquele que nasce, mas aquilo que você faz e aprende a amar. E cada pedaço de doce que a gente transforma é uma realização. É algo inexplicável”, pontua.
Finalmente, em dezembro de 2022, chegou o dia tão sonhado. A abertura da loja Marília doces artesanais. “Eu montei tudo confiando no potencial do que eu faço. Parcelei a marcenaria, o fogão industrial, adequei prateleiras colocando cortinas. E me dedico a fazer doces para que o cliente os encontre sempre fresquinhos. Então, nas minhas prateleiras você não verá uma grande quantidade de potes. Eles são repostos diariamente, para que os meus clientes encontrem um produto como se tivesse acabado de sair do tacho de cobre e com um sabor suave que deixe ele em êxtase”, reforça.
Para que a loja emplaque, Marília tem o apoio do marido. Ela fica na Avenida Bartolomeu Bueno, no Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia. O esposo então aproveita os horários de maior movimento para distribuir cartões e amostras dos doces para que mais gente conheça. Para a doceira, além do apoio da família e da força de vontade dela, o Senar Goiás foi a base para construir no presente, um futuro cada vez mais promissor. “O Senar foi o grande chefe. Sem ele eu não estaria aqui. Eu nunca tinha feito um doce na minha vida. Apenas admirava os que minha vó fazia. Pode até ser que eu tenha herdado o talento dela, mas se não fosse o Senar Goiás eu não teria encontrado o que me motiva e mantém minha vida e deixa a de outras pessoas com muito mais sabor”, agradece.
Marília fez o curso “Produção Artesanal de Doces”, por meio do Sindicato Rural de Edéia, mas ele pode ser solicitado em qualquer um dos municípios goianos. A agenda já está disponível no site: https://sistemafaeg.com.br/sen…
Saiba mais sobre o conteúdo do treinamento
A importância da higiene e segurança no processamento de alimentos
Classificação das caldas
Importância do aproveitamento e processamento correto dos alimentos
Prazos de validade
Produção Artesanal de Compotas (doce em calda)
Produção Artesanal de Doce Pastoso
Produção Artesanal de Doces Cristalizados
Produção Artesanal de Geleias
Produção Artesanal de Pectina
Técnicas de Armazenamento
Fonte: Informações da Hora