Devido à falta de interação entre quem produz e quem consome os alimentos e a vontade de muita gente em possuir uma pequena horta em casa, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) está realizando ações de Agricultura Urbana, que teve um evento no último sábado (18). Desta vez, o local escolhido foi a Comunidade Esquadrão Resgate, que abriga cerca de 60 pessoas em reabilitação devido ao uso abusivo de algum tipo de entorpecente. A comunidade fica no Distrito de Planalmira, em Abadiânia, a 90 km da capital.
Para conhecer de perto o local, o presidente do Conselho Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner, esteve na comunidade, onde elogiou o trabalho realizado na casa e entregou certificados para alguns dos residentes que já fizeram cursos da entidade. “É necessário que existam pessoas à frente de iniciativas como esta. Assim, viveremos em um mundo melhor, mais igual e menos cruel. Hoje viemos aqui realizar ações do Senar Goiás e fazer parte da vida de cada um de vocês. Faz parte da missão do Senar Goiás zelar pelos produtores, e agora dos moradores dessa comunidade: pessoas reabilitadas que estão se capacitando e se preparando para serem cidadãos melhores”, disse. José Mário destacou que a instituição oferece cerca de 250 cursos por semana e que a intenção é aumentar cada vez mais esse número.
A iniciativa agradou a muitos, mas foi recebida com um carinho especial pela coordenadora de projetos do Esquadrão Resgate, Cristiane Lemos, que faz questão de destacar a importância do contato com a terra no tratamento dos residentes. Ela defende que a convivência com a terra é uma terapia e que os moradores sabem disso. “Alguns cursos são muito concorridos, o que prova que a qualidade dos treinamentos tem qualidade de referência. Os alunos elogiam e se espelham nos instrutores. Nós só temos a agradecer pela parceria do Senar Goiás”.
O costureiro Luiz Henrique Batista, 21 anos, já conhecia o Senar Goiás antes de entrar na comunidade, onde está há três meses. Ele chegou a fazer vários cursos no Senar Goiás em 2002, mas não chegou a ter contato com agricultura. “Eu quis muito participar agora porque a gente não sabe o dia de amanhã. É uma segunda profissão que talvez eu possa aproveitar lá fora”, explica.
Comunidade Esquadrão Resgate
A Comunidade Terapêutica Esquadrão Resgate é uma instituição voltada para tratamento de dependentes químicos. O local trabalha com sistema de voluntariado – ou seja, todos os residentes da casa estão lá por vontade própria – e os moradores podem ficar na comunidade por, no máximo, nove meses. Durante esse tempo, o grupo é preparado para ser reinserido na sociedade. “Uma das maneiras de preparação acontece devido a parcerias como essa com o Senar Goiás, que oferecem aos meninos a oportunidade de saírem daqui com novas profissões”, explica Cristiane Lemos.
Durante o evento deste sábado (18) o Senar Goiás também disponibilizou oficinas de Pintura em Tecidos e Biojoias. Há cinco meses na comunidade, o motorista Hussen Said, 55 anos, se arriscou com pincel e tinta. “Isso aqui é uma terapia. No momento em que estou na pintura me concentro nela e não deixo minha mente pensar outras coisas”, diz. Ele conta que seu futuro é dentro da comunidade, onde pretende prestar serviços e ajudar outras pessoas, assim como foi ajudado.
Senar Goiás
Para o gerente técnico do Senar Goiás, Flávio Henrique esse novo curso acrescenta muito para a instituição. “A proposta é de que o Senar Goiás desenvolva ações integradas de fruticultura, olericultura, paisagismo, jardinagem, hidroponia e floricultura”, explica.
Para o instrutor de paisagismo do Senar Goiás, Celso Batista, o diferencial da turma na comunidade é a vontade dos alunos de serem resgatados com uma profissionalização. Ele fez questão de elogiar o desempenho dos residentes, que “estão muito empolgados com o visual proporcionado pelas flores“. Celso ensina os alunos a fazerem um projeto sustentável que integre hortaliças, fruticultura e paisagismo, e é enfático ao afirmar que eles poderão aproveitar muito isso lá fora. “O mercado de trabalho vem crescendo muito e está faltando profissionais capacitados no mercado”.
Por: Michelle Rabelo