Agricultura de precisão para alimentar 9 bilhões

Até 2050, a produção agrícola deverá aumentar em 60% sua produtividade. Isso deverá acontecer porque a população mundial chegará a 9 bilhões. Os números são da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Segundo o órgão mundial, será necessário que os países invistam aproximadamente R$ 128 bilhões por ano na produção e distribuição de alimentos. Hoje, são investidos apenas cerca de R$ 23 bilhões.

Mesmo com o crescimento da urbanização, boa parte da população mundial ainda continuará a obter seu sustento por meio da agricultura. Sendo assim, por meio da tecnologia e das práticas de gestão, os agricultores terão de encontrar maneiras de aumentar a produção sem gastar muito. Como? Com a agricultura de precisão. Explico o porquê.

Vivemos a evolução das tecnologias da informação e comunicação, da clouding computing, big data e, principalmente, a internet das coisas que prometem revolucionar toda a experiência que temos hoje. Tudo isso está inserido na agricultura de precisão. Os mais diversos tipos de informações decorrentes do processo de produção podem ter seus dados monitorados, determinados e até mesmo corrigidos à distância.

Com isso, é possível ter maior capacidade de assertividade na tomada de decisões, produzir um conglomerado de informações que permitirá um planejamento mais detalhado e preciso para futuras safras, o que irá garantir um aprendizado contínuo aos gestores do negócio.

No Brasil, a agricultura de precisão tem sido utilizada amplamente pelo setor do agronegócio, especialmente pelos grandes produtores de commodities que têm maiores áreas para agricultura, maior disponibilidade para investimentos e capacidade financeira para investir em inovações tecnológicas.

Existem diversas ferramentas da agricultura de precisão que ajudam o agronegócio a ter mais produtividade gastando menos. Podemos citar os sensores de solo, o sensoriamento remoto – que possibilita a localização com precisão por meio de fotos de satélites de amplas áreas – os drones, que ajudam no processo de gestão de lavouras, entre outras.

Apesar da importância do Brasil no cenário agrícola mundial e dos benefícios da agricultura de precisão no que tange a otimização de processos e de custos, ela ainda está em uma fase muito inacessível para a maioria dos pequenos e médios produtores. Um cenário que deve mudar.

Embora muito já tenha sido realizado, com certeza ainda há um caminho longo a se trilhar. O objetivo é proporcionar um ambiente socioeconômico melhor para o setor em geral.

O que é opção hoje, amanhã se tornará necessidade com a demanda que nos espera para os próximos 35 anos. Usar a tecnologia da informação também na agricultura e no agronegócio é a única saída para o produtor não desperdiçar tempo e dinheiro. Isso sem falar na necessidade de produção de alimentos para uma população mundial estimada em 9 bilhões de pessoas.

*Dane Avanzi é Empresário, advogado e vice-presidente da Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil (Aerbras). Artigo publicado no Jornal Zero Hora.