Agro argentino reage à taxação das exportações e prevê perda de US$ 1,8 bi

Da redação/AGROemDIA*

O setor rural argentino reprovou a decisão do novo governo de aumentar a taxação sobre as exportações agropecuárias. Pelos cálculos da Sociedade Rural Argentina (SRA), a medida – anunciada por meio de decreto, nesse sábado 14 – terá impacto negativo de US$ 1,8 bilhão sobre a atividade agrícola do país, estreitando ainda mais as margens de lucro dos produtores, especialmente daqueles que têm propriedades distantes dos portos ou em áreas de difícil acesso.

À agência pública de notícias Telam, o presidente da SRA, Daniel Pelegrina, disse que a elevação da tributação sobre o agro é um forte desestímulo à produção, ao investimento e à criação de novos empregos no país. Ele criticou o fato de o recém-empossado presidente Alberto Fernández ter escolhido o campo como primeiro alvo do ajuste das contas públicas. “A contribuição recai novamente sobre a renda dos setores produtivos.”

Pelegrina lembrou que Fernández prometeu, durante a campanha eleitoral, dialogar com o setor produtivo e ouvi-lo antes de tomar qualquer decisão. “Isso não foi consultado.” Para o dirigente da SRA, é incompreensível que a medida tenha sido anunciada isoladamente, sem fazer parte de um plano econômico mais abrangente.

O presidente da Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro), Carlos Iannizzotto, também condenou a taxação das exportações agrícolas, em nota na página da entidade e em sua conta no Twitter, onde escreveu:

“Estamos surpresos com o anúncio do governo. O presidente começa a perder sua palavra. Ele nos disse que não faria coisas invisíveis. Esperávamos um anúncio a favor da produção e das economias regionais e começamos com um esquema tributário e mais impostos.”

Presidente pede calma aos produtores

O presidente argentino defendeu a taxação das exportações de soja em 30% e de 12% sobre os demais cereais. “A única coisa que fizemos foi atualizar em termos monetários as retenções que já existiam”, disse Fernández, conforme noticiou, neste domingo 15, o site El Clarín.

À rádio Mitre, ele afirmou que todos terão de fazer sacrifícios, incluindo o campo. “Estamos ordenando o que o [ex-presidente Mauricio] Macri fez. Não estamos colocando mais retenções. Qualquer coisa nesse sentido, se for feita, será discutida na mesa de acordos.”

Fernández também pediu calma aos produtores rurais e acrescentou: “Estou tomando uma decisão absolutamente imperiosa por causa da situação fiscal em que vivemos.”

*Com informações da Agência Telam, do site El Clarin