Os preços internos do algodão em pluma registram altas consecutivas desde o início deste mês, conforme apontam dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Sinais de diminuição da oferta em importantes produtores de pluma, como a Índia, e um possível interesse da China por importações elevaram com força os preços internacionais da pluma e, consequentemente, no Brasil.
Ao longo deste mês, o Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias, referente à pluma 41-4, posta em São Paulo, já subiu 8,3%, fechando a R$ 2,6349/lp nessa terça-feira, 26. A média parcial de abril está em R$ 2,5287/lp, está 3,2% maior que a de março/16 e 6% superior à de abril/15 (valores atualizados pelo IGP-DI de mar/16).
Paralelamente às altas externas, os valores domésticos são influenciados pelo bom desempenho das exportações brasileiras de pluma nos últimos meses e pela menor produção na safra de 2015, que reduziram o excedente interno. Pesquisadores do Cepea destacam que a área da atual temporada, por sua vez, é inferior à da última safra e o baixo volume de chuva pode prejudicar a produtividade, contexto que resultaria em oferta ainda menor que a estimada até então.
Nesse cenário, vendedores brasileiros consultados pelo Cepea estão retraídos, apostando em recuperação ainda mais expressiva dos preços nas próximas semanas. Ao mesmo tempo, tradings, enquanto compradoras, intensificaram o interesse pela pluma da próxima temporada (2016/17).
Por outro lado, mesmo com sinalizações de oferta interna apertada, por enquanto, a demanda por parte da indústria segue moderada, aponta o Cepea. Boa parte trabalha com o que já tem estoque e/ou com a pluma contratada para ser entregue nos próximos meses. Muitos representantes de indústrias consultados pelo Cepea ponderam também sobre o impacto do fraco ritmo da economia brasileira e sobre as dificuldades para a obtenção de crédito.
Conforme cálculos da equipe Cepea, com base em dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), o volume da safra 2015/16 vendido até o momento é um pouco menor que o registrado no mesmo período de 2015, havendo “espaço” para novas efetivações. Apesar disso, a expectativa geral é de baixa oferta interna até a chegada mais intensa da nova temporada (2015/16), prevista para a partir de julho/agosto.
Considerando-se os estoques de passagem de 348,9 mil toneladas em dezembro/15 (dados da Conab) e as exportações estimadas em 293 mil toneladas ao longo de 2016, restariam apenas 55,9 mil toneladas para o mercado interno. Caso o consumo interno seja mensalmente linear, ao se considerarem os dados de consumo da Conab, haveria déficit interno em torno de 150 mil toneladas. No atual contexto econômico, o mercado até espera diminuição no consumo interno, mas o balanço de oferta e demanda só fecharia (sem déficit) com redução expressiva de 60% na demanda.
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