O aumento no preço do milho e a baixa remuneração pelo quilo do suíno tem prejudicado a suinocultura no estado, afirma a Associação de Criadores de Suínos em Mato Grosso (Acrismat), com perda de R$ 40 a R$ 50 por animal de 100 quilos abatido.
O volume de carnes no mercado interno tem afetado ainda as indústrias e frigoríficos, que não estão conseguindo vender todo o estoque, diz a entidade.
Segundo a Acrismat, dezenas de suinocultores estão cogitando deixar a atividade por causa do alto custo da produção. Os custos em Mato Grosso ficam entre R$ 2,90 e R$ 3,10 o preço do quilo de suíno vivo, enquanto as vendas oscilam entre R$ 2,50 e R$ 2,60. Ou seja, o prejuízo é de R$ 40 a R$ 50 por animal de 100 quilos abatido, afirma a Acrismat. “Na realidade é uma crise em nível de Brasil.
Entendemos que começou a chegar agora no agronegócio, com custo de produção subindo. Há uma crise na economia, o povo parou de comer carne. A indústria não está vendendo carne e os preços caíram assustadoramente. O quilo do suíno vivo está em média R$ 3,10 e é vendido a R$ 2,60″, disse o diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues.
De acordo com a Acrismat, o principal fator que aumentou o custo da produção foi o milho, cujos preços subiram. O gerente de Relações Institucionais da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Frederico Azevedo, explica que alguns fatores levaram ao aumento do preço do grão, como as compras antecipadas. “Em outubro de 2015, houve um movimento muito diferente no mercado, com contratos antecipados. As empresas compraram safras que ainda não tinham sido plantadas, com preços a R$ 16, R$ 17 [por saca]. Houve aumento na exportação, por causa da alta do dólar, e acabou reduzindo o estoque de milho no Brasil”, explicou.
De acordo com a Acrismat, nos dois primeiros meses de 2016 o Brasil exportou 9,83 milhões de toneladas de milho, crescimento de 128% em relação ao mesmo período de 2015 e equivalente a 34% de todo o volume exportado no ano passado.
O valor atual da saca está entre R$ 33 e R$ 35, disse Azevedo, preço que ele considera “irreal”. O gerente disse que existe uma preocupação da Aprosoja em relação às cadeias que consomem o produto, como é o caso dos suinocultores, mas avalia que parte do problema poderia ter sido evitado. “Precisaria ter preparo em relação aos contratos antecipados com os produtores rurais”, disse.
Entre 2004 e 2012, Mato Grosso teve crescimento de 171% na suinocultura, passando de produção anual de 79,1 mil toneladas de carne suína por ano para 214,7 mil toneladas. Atualmente, o estado tem um plantel de 1,5 milhão de cabeças de suínos, dos quais 138 mil são matrizes.