Análise de mercado agro | Soja e Milho |

SOJA

COMO O MERCADO SE COMPORTOU NA ÚLTIMA SEMANA?

A semana anterior foi marcada principalmente pela divulgação do Relatório de Oferta e Demanda Mundial (WASDE). Contudo, isso não foi suficiente para movimentar as cotações de Chicago. Sendo assim, o contrato com vencimento em novembro/2022 fechou a sexta-feira valendo U$14,59 o bushel (+0,55%) e o com vencimento em março/2023 fechou no campo negativo, valendo U$14,56 o bushel (-0,95%). O relatório mostrou elevação para 118,28 milhões de toneladas na produção norte-americana que, consequentemente, também elevou os estoques finais do país para 5,99 milhões de toneladas. Em contrapartida, houve redução de 1,5 milhões de toneladas, na Argentina.

Já no Brasil, a produção foi mantida em 152 milhões de toneladas, assim como os estoques finais, que também não sofreram alterações. Com isso, a produção no mundo foi diminuída em 0,12% e os estoques finais aumentados em 1,65 milhões de toneladas, respaldados, principalmente, pela expectativa recorde de produção brasileira. Em relação à safra 2022/23 no Brasil, o plantio atingiu 57,5% de acordo com o boletim publicado no dia 07/11 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nesse contexto, o plantio de soja no Mato Grosso alcançou 95,3% das áreas projetadas, apresentando bom desenvolvimento inicial, em sua maioria. O Mato Grosso do Sul atingiu 88%, visto que a umidade do solo continua adequada à semeadura e ao desenvolvimento das lavouras. Já no Rio Grande do Sul, apenas 5% da soja foi plantada, uma vez que os produtores estão cautelosos para o plantio devido a preocupações com os possíveis efeitos do La Niña.

Além disso, a moeda americana teve uma semana de forte valorização, fechando na sexta-feira sendo cotada a R$5,33 (+5,36%) – foi possível recuperar toda queda da semana anterior. Já em relação à moeda brasileira, segundo o analista de mercado da Grão Direto, Ruan Sene, as incertezas econômicas internas geradas em função de propostas de mais gastos públicos foram o principal causador da desvalorização sofrida. Neste cenário, o país tende a se endividar de forma insustentável, fortalecendo o processo inflacionário.

Com a alta expressiva do dólar, somada à leve alta de Chicago, o mercado brasileiro teve uma semana de forte valorização em relação à semana anterior.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

O clima na América do Sul continua sendo acompanhado de perto pelo mercado, sendo um fator importante para balizar os preços. No Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que os próximos sete dias serão marcados pela permanência das chuvas em praticamente todo território nacional, com os maiores volumes acumulados em Goiás, parte de Minas Gerais, leste do Tocantins e sul da Bahia. Há, ainda, possibilidade de ocorrência de granizo no centro-oeste dos estados da região Sul. Além disso, há indicativos de precipitações na Argentina, possibilitando a evolução do plantio na região, que se encontra bastante atrasado. Este cenário contribui para a queda de Chicago.

O mercado, por sua vez, continuará monitorando a China, aguardando posicionamento mais firme de compras diante do relaxamento das medidas do Covid-zero. Caso isso se confirme, deverá provocar alta a curto prazo nas cotações de Chicago.

No mais, o dólar continuará sendo fortemente influenciado por incertezas econômicas internas, podendo registrar mais uma semana de muita volatilidade. Caso aconteça assim, poderá haver uma continuidade de valorização da moeda americana frente ao real.

Ruan Sene, analista da Grão Direto, acredita que a continuidade da valorização do dólar nesta semana poderá continuar subindo os preços da soja no Brasil, o que também pode ser potencializado pela alta de Chicago.

MILHO

COMO O MERCADO SE COMPORTOU NA ÚLTIMA SEMANA?

A semana foi marcada por leves valorizações no mercado físico, pressionado pelo aumento da demanda interna de confinamentos, granjas e indústrias. Por outro lado, Chicago finalizou a semana com queda de 3,38%, encerrando a semana valendo $6,57 por bushel, refletindo os números do Relatório de Oferta e Demanda Mundial (WASDE), divulgado dia 09/11. Além disso, o dólar teve uma semana de forte valorização, fechando a sexta-feira sendo cotado a R$5,33 (+5,36%). O relatório elevou para 353,84 milhões de toneladas a produção norte-americana que, consequentemente, aumentou os estoques finais do país para 30,20 milhões de toneladas.

Apesar do atraso no plantio da Argentina, não houve alterações nos números deste relatório. No Brasil, também foi mantido a produção de 126 milhões de toneladas e os estoques finais em 47 milhões de toneladas, que foram diminuídos para 300,76 bilhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reportou a venda 265,3 mil toneladas de milho da safra 2022/23 até 3 de novembro. Esse número veio abaixo da expectativa do mercado, que esperava volume entre 300 e 650 mil toneladas.

No Brasil, o plantio segue evoluindo, já alcançando 43%. De acordo com o boletim publicado dia 07/11 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura em estados como o Paraná, por exemplo, aproxima-se da conclusão, com 91%. Em Minas Gerais, o retorno das chuvas e da umidade do solo estão colaborando para a evolução do plantio, que se encontra em 36,7%. Por outro lado, as baixas temperaturas prejudicam o desenvolvimento inicial das lavouras em várias regiões. O alerta do atraso no plantio da Argentina ainda persiste, trazendo uma preocupação acentuada ao mercado. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) informou, no dia 10/11, que o plantio atingiu 23,4% da projeção total, avançando apenas 0,5% em relação à semana anterior. Além disso, as condições de lavouras boas ou excelentes aumentaram para 9%, contra 84% do mesmo período da safra passada.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

O clima na América do Sul continuará sendo fator muito importante para o mercado, devido ao impacto que pode promover na evolução do plantio no Brasil, nesta semana. No Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) aponta que os próximos sete dias serão marcados pela permanência de chuvas em praticamente todo território nacional, com maiores volumes acumulados em Goiás, parte de Minas Gerais, leste do Tocantins e sul da Bahia. Há, também, possibilidade de ocorrência de granizo no centro-oeste dos estados da Região Sul. Além disso, há indicativos de precipitações na Argentina, possibilitando a evolução do plantio na região, que se encontra bastante atrasado.

Em relação às vendas, o mercado interno deverá continuar comprando a fim de suprir sua necessidade até o fim do ano. Com isso, de acordo com a maior plataforma de comercialização digital de grãos da América Latina, Grão Direto, o mercado externo continuará cobiçando o milho brasileiro diante das incertezas em relação ao fornecimento dos outros países.

No mais, com a proximidade do fim do ano, em comparação com anos anteriores, os armazéns precisarão esvaziar seus estoques para fazer a manutenção de suas estruturas, com objetivo de começar a receber a safra 2022/23. Dessa forma, considerando o grande volume ainda restante para venda, pode ser que o mercado veja uma pressão de oferta, provocando contrapeso para as cotações.

Fonte: Wendy Oliveira