Análise de mercado agro | Soja e Milho

SOJA

COMO O MERCADO SE COMPORTOU NA ÚLTIMA SEMANA?

A semana que passou foi mais curta, por conta do feriado de “Ações de Graças”, que aconteceu na quinta-feira nos EUA, e isso – consequentemente – provocou baixa oscilação em Chicago. Além disso, os últimos dias foram marcados, principalmente, pelo aumento do número de casos de Covid na China e preocupações com a safra 2022/23 da Argentina. Com isso, o contrato com vencimento em janeiro/2023 fechou a sexta-feira valendo US$14,33 o bushel (+0,42%) e, nessa mesma linha, o contrato com vencimento em março/2023, também, fechou a semana no campo positivo, valendo US$14,40 o bushel (+0,56%).

A política de “Covid Zero” – medidas restritivas (lockdown) impostas pela China para controlar o Coronavírus – têm afetado negativamente a cadeia da demanda de soja, fazendo com que o mercado volte seu olhar para as importações chinesas. E nesse contexto, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de 11 a 17 de novembro, a China comprou apenas 110 mil toneladas de soja norte-americana – volume bem abaixo da normalidade. Segundo o analista de mercado da Grão Direto, Ruan Sene, mesmo com os estoques baixos, o país asiático não tem comprado volumes expressivos, na expectativa de obter melhores oportunidades de negócios mais à frente, diante das boas expectativas da safra brasileira.

Além disso, vale destacar que a safra da Argentina continua sofrendo com as condições climáticas desfavoráveis. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) informou que até o dia 24/11, havia sido semeado apenas 19,4% de sua área de soja, contra 39,3% na mesma época de 2021. Dessa forma, o País, que é o maior exportador do complexo de soja (farelo e óleo de soja), possivelmente não conseguirá manter seus níveis de exportações, podendo abrir oportunidades para o Brasil suprir essa oferta reduzida.

Já no Brasil, o plantio atingiu 75,9% a nível nacional, de acordo com o boletim publicado no dia 21/11 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O plantio de soja do Mato Grosso chegou perto da conclusão, com 98,8% das áreas projetadas, onde as precipitações ocorridas beneficiaram muitas lavouras em estágio crítico de algumas regiões. Além disso, no Paraná e São Paulo, 90% da área foi semeada e a maioria das lavouras estão apresentando bom desenvolvimento. Em Minas Gerais, o retorno das chuvas continua favorecendo o avanço no plantio, que alcançou 74% da área.

No mais, a moeda americana teve uma semana de valorização, fechando a sexta-feira valendo R$5,41 (+0,66%). As incertezas políticas no Brasil permanecem no mercado, diante da indefinição da equipe econômica, visto que as indicações deixaram o mercado em dúvida sobre as responsabilidades fiscais e políticas monetárias. Com a alta do dólar e Chicago, as cotações brasileiras tiveram valorizações, em relação à semana anterior.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

O mercado manterá os olhares voltados para o clima na América do Sul, que se mostra bastante favorável nesta semana para a maioria das regiões brasileiras, com apenas alguns problemas pontuais no Mato Grosso do Sul. Já no país vizinho do Brasil, a Argentina, poderá continuar com chuvas localizadas e volumes pouco expressivos.

Além disso, o mercado continuará monitorando a China, diante do aumento de casos de Covid e sua postura radical de contenção, aguardando posicionamento mais firme de compras nesta semana. Caso se mantenha o cenário, Chicago deve ser pressionado para baixo.

Com o fim da colheita norte-americana, o mercado entra em sazonalidade de alta em Chicago, aguardando a colheita da América do Sul. Por outro lado, o programa de exportações norte-americano está lento, refletindo a baixa demanda da oleaginosa, sendo um contrapeso nas cotações.

Ruan Sene, analista da Grão Direto, afirma que o dólar tende a continuar sendo, fortemente, influenciado por incertezas econômicas internas, podendo ter mais uma semana de muita volatilidade. Caso esse cenário continue, poderá ocasionar em uma semana de valorização da moeda americana frente ao real. A continuidade da valorização do dólar nesta semana será um contrapeso nas cotações brasileiras, diante da possibilidade de continuidade da queda em Chicago, podendo ter uma semana de leves valorizações.

MILHO

COMO O MERCADO SE COMPORTOU NA ÚLTIMA SEMANA?

A semana foi marcada por leves oscilações nas cotações do milho no Brasil. O cenário de demanda interna e externa aquecida somado a continuidade do movimento de esvaziamento do estoque dos armazéns para fazer manutenções de suas estruturas, foram os principais fatores.

O ritmo de exportações no Brasil segue acelerado. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no seu boletim divulgado na segunda-feira (21/11), o Brasil atingiu quase 3,50 milhões de toneladas, superando em quase 50% o volume exportado em todo mês de novembro de 2021, que foi de 2,39 milhões. Por falar em mercado externo, Chicago fechou a semana com variação insignificante, sendo cotado a US$6,67 por bushel. Já o dólar, teve uma alta de 0,66%, valendo R$5,41. Esse cenário torna as exportações mais atrativas.

O mercado também tem olhado para o milho argentino, que está com atraso no plantio. As lavouras encontram-se em condições ruins e em uma expectativa de baixa produtividade, ocasionadas por conta das condições climáticas desfavoráveis. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) informou que no dia 24/11, foi semeado apenas 23,8% de sua área de milho, contra 30% na mesma época de 2021.

Em relação à safra 2022/23 no Brasil, o plantio segue evoluindo, onde, de acordo com Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 21/10, o plantio de milho alcançou 62,6% no Brasil. Em Minas Gerais, o plantio avançou de forma significativa sob boas condições climáticas, atingindo 70%. Em São Paulo, a semeadura foi concluída.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

O mercado manterá os olhares voltados para o clima na América do Sul, que se mostra bastante favorável nesta semana para a maioria das regiões brasileiras, com apenas alguns problemas pontuais no Mato Grosso do Sul. Já no país vizinho do Brasil, a Argentina, continuará com chuvas localizadas e volumes pouco expressivos. De acordo com o analista de mercado da Grão Direto, Ruan Sene, o mercado interno deverá continuar aquecido fazendo concorrência para o mercado de exportação, que se encontra bastante atrativo nesse momento, principalmente pela valorização do dólar. Com o problema logístico de grãos no Mato Grosso, as tradings estão encontrando dificuldades para cumprir seus contratos de exportação. Isso proporciona oportunidades de vendas para quem possui milho disponível em regiões nas quais a logística se encontra adequada para o escoamento até os portos. Diante disso, as cotações brasileiras poderão ter mais uma semana de valorização, em relação à semana anterior, refletindo o movimento de demanda interna e externa no Brasil.

Fonte: Wendy de Oliveira