Análise Do Especialista Grão Direto 16/07/2024

SOJA

COMO O MERCADO SE COMPORTOU?

Exportações brasileiras. De acordo com o Secex, o ritmo de exportação no Brasil segue aquecido. O país sustenta um ritmo de exportação diário 22% superior ao ano passado.

Safra norte-americana. Conforme pontuado nas análises desde o início da safra, as lavouras americanas seguem surpreendendo pelas condições satisfatórias de desenvolvimento.

Relatório USDA. Divulgado no último dia 12, o relatório apontou para área plantada, estoques finais e produção inferior nos EUA. No Brasil, nada muda, exceto os estoques, reduzidos em pouco menos de 1 milhão de toneladas.

Em Chicago, o contrato de soja para agosto de 2024 despencou a U$11,03 o bushel (-5,57%). No mercado físico brasileiro tivemos movimentos negativos seguindo Chicago. Cenário reforçado pelo dólar, que deu um respiro e recuou 0,55%, para R$5,43. O contrato com vencimento em março de 2025 também fechou pessimista e recuou 5,04%, a U$10,92 o bushel.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

Prêmios fazem contrapeso às baixas de Chicago. A Petrobras recebeu autorização da ANP para comercializar combustível marítimo com até 24% de biodiesel, o que deve aumentar significativamente a demanda interna por óleo de soja, dado que navios consomem cerca de 4% dos combustíveis fósseis globais. Isso tende a fortalecer os prêmios da soja no médio prazo, beneficiando os produtores rurais brasileiros, especialmente em um momento em que grandes volumes de exportação já têm ajudado a sustentar os preços no mercado interno, mesmo com recentes e extremamente consideráveis quedas nas cotações da CBOT.

Condições de lavoura nos EUA. O foco em Chicago está nas condições climáticas dos Estados Unidos. As lavouras de soja em Iowa e Illinois, os maiores produtores, estão em excelentes condições, com 75% delas em ótimo estado, devido à umidade acumulada no solo. O NOAA prevê temperaturas mais baixas e chuvas esta semana no cinturão agrícola, o que deve aumentar a pressão negativa sobre as cotações em Chicago. Além disso, os fundos especulativos estão vendidos em 17.605 contratos, conforme o último relatório da CFTC (Commodity Futures Trading Commission).

Janela de exportação alongada. O mercado estima que ainda há algo entre 35% a 40% da safra de soja a ser fixada, um volume alto para o momento do ano e que impactará os prêmios. O que motivou uma comercialização mais lenta e tardia foram os atrasos na safra de soja e os baixos preços. Mesmo que quase nos patamares de 2020, esse volume represado fará com que a janela de exportação da oleaginosa se estenda, talvez, até o final do mês de Agosto. É importante ressaltar que no mês de Agosto estaremos próximos do início da colheita nos EUA, deixando a origem norte-americana mais competitiva.

De acordo com a Grão Direto, diante dos fatores apresentados, poderemos ver movimentos positivos de correção das cotações ainda este mês, mas possivelmente ainda não essa semana, que deve seguir na tendência de baixa.

MILHO

COMO O MERCADO SE COMPORTOU NA ÚLTIMA SEMANA?

Colheita da safrinha. A colheita da segunda safra no Brasil segue se desenrolando em ritmo satisfatório e acelerado, pressionando as cotações do grão.

Exportações brasileiras. A ANEC elevou em 700 mil toneladas as exportações do Brasil para julho, o que pode exercer impacto sobre as cotações.

Relatório USDA. O novo relatório elevou consideravelmente a produção e a área plantada do milho nos EUA, não fazendo nenhuma correção nos números brasileiros. No geral, a produção e os estoques mundiais foram elevados.

As cotações de Chicago finalizaram a semana cotadas a U$4,03 o bushel (-1,71%), para o contrato com vencimento em setembro/24. Na B3, o milho subiu 0,78%, valendo R$58,30. Em função disso, o mercado físico  apresentou bom número de regiões fechando em alta, mostrando o conhecido descolamento de Chicago.

O QUE ESPERAR DO MERCADO?

Argentina e China. A Argentina, depois de anos, firmou um acordo comercial com a China, para originarem milho do nosso país vizinho. Somado a baixa demanda, essa competitividade coloca uma pressão negativa sobre o milho braisliero para as próximas semanas.

Clima norte-americano. Em linha com a soja, as lavouras de milho seguem em boas condições e se mostram em plena capacidade de alcançar a estimativa de produção de 389,69 milhões de toneladas. A previsão para esta semana é de clima mais frio e chuvas regulares que, somado a umidade do solo, gera condições excelentes para o desenvolvimento da cultura.

Baixa demanda. A colheita do cereal está quase concluída na Argentina e, de acordo com o último levantamento da CONAB, nesta semana o Brasil deve alcançar a marca de 70% do milho segunda safra colhido. A comercialização do milho não está acompanhando o ritmo da colheita, tanto pelos baixos preços quanto pela baixa demanda. Para tornar o cenário mais desafiador, o possível alongamento da janela de embarque da soja irá tirar espaço do milho, pressionando ainda mais os preços no mercado interno.

Portanto, de acordo com  grão Direto, como uma commodity que resistiu às pressões de baixas diante de outras que sucumbiram, possivelmente veremos uma semana de recuo nos preços com base nos fundamentos apresentados anteriormente

Fonte: Ana Paula Cherin