Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance
Como esperado, o FED subiu 0.75% levando a taxa básica para 1.75. O mercado continua e espera que na próxima reunião vai subir novamente em 0.75%, então três aumentos também. E no final do ano tá esperando que essa taxa básica de juros vai se aproximar dos 4%. Então muito acima do que a gente já via.
Obviamente isso é altamente impactado pelo que a gente viu da inflação da semana passada. Uma coisa que é importante a gente ressaltar, é que a gente viu a curva de juros aí, entre a taxa de 5 e 10 anos e a de 5 e 30 anos e a de 10 e 30 anos invertendo. Então, obviamente, o mercado precificando novamente uma inflação relativamente alta, uma chance de recessão alta.
Ponto a ressaltar aqui, é a expectativa que ele vê da taxa de inflação para o fim do ano. A perspectiva é que essa inflação ela arrefeça dos atuais 8.6% para 5.2% e no final do ano que vem 2.6%, ou seja, muito próximo da sua meta de inflação que é 2.
A perspectiva talvez é que nos próximos meses essa meta de 2% seja reajustada para 3% ou algo nesse intervalo de 2 e 3% à medida que o mundo passa por um período mais de redução de globalização e isso fatalmente aumenta a inflação mundialmente.
Então bem em linha com o que se esperava, a reação inicial no mercado de ações, o S&P 500 caiu, ele estava ali por volta de quase 3800 e quase que em linha reta para 3740 e agora volta a subir um pouco.
O impacto também que a gente viu nas taxas de juros foi que subiram. Antes do anúncio estavam 3.37 agora 3.42 então uma mensagem mais “rocket”, mais agressiva do FED e o dólar versus o real ele também subiu inicialmente. Saindo de 5,07 para 5,13. Mas já começa a arrefecer novamente, 5,10. Então como de costume quando têm esses anúncios do FED, a reação inicial não necessariamente vai ser aquela que vai perdurar. A gente precisa ver o comunicado que vai sair do FED.
Em relação ao bitcoin e às criptomoedas, de uma maneira geral, continua com a sua tendência de queda hoje, não tiveram reversão. O bitcoin antes do anúncio estava próximo de 21.270, agora tá a 20.270. Então é uma queda bastante exacerbada, puxando todas as outras criptos consigo, continuando esse bear Market que continua nesse mercado de cripto. Então um anúncio esperado e vamos ver as mensagens que o Jerome Powell vai soltar daqui para a frente.
João Beck, economista e sócio da BRA
Essa decisão do FED foi bem diferente das anteriores. Não pela decisão em si, mas pelas próprias opiniões do mercado, que dessa vez, estavam bem divididas. Em ocasiões anteriores estavam mais unânimes. Metade do mercado falava em 0.5 e 50 pontos de alta e a outra metade falava em 75 pontos de alta que foi exatamente o que foi executado, que foi a decisão.
E o discurso, que também foi importante, o comunicado, foi bem mais realista e pragmático. Fazendo com que os americanos aceitem a ideia de que vai ter muito menos crescimento à frente e mais desemprego e uma inflação mais alta mesmo que agora ela não está sendo encarada como temporário, está sendo encarada como bem mais recorrente.
Então por um lado foi bom, porque foi um tom mais duro, que é o que a economia precisa, mas por outro lado, a revisão de crescimento americana foi revisada para baixo e uma expectativa de 3.4 de taxa até o fim de 2022. Essa foi a sinalização do FED.
Rafael Marques, CEO da Philos Invest
Em linha com o esperado pelo mercado, Fed anuncia alta nos juros em 0,75 p.p.,
O FED anunciou, após decisão unânime do comitê, a elevação da taxa de juros nos EUA para a faixa 1,5%-1,75%, com uma alta de 0,75 p. p., conforme esperado pelo mercado.
Adicionalmente, de acordo com o plano de redução do tamanho do balanço, o banco central americano comunicou a participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências.
Os indicadores pioraram na última semana após a divulgação dos dados de inflação acima do esperado. Sendo assim, o mercado migrou de um elevação de 0,5p.p., chegando ao maior aumento dos FED Funds em 28 anos.
A expectativa dos membros, nesse momento, é que a taxa de juros nos EUA fique acima dos 3% em 2022. É um consenso entre eles. No entanto, há divergência sobre a taxa terminal, uma vez que parte do comitê acredita que os juros ficarão entre 3,5% – 3,75%, uma minoria entre 3,75% – 4% e o restante entre 3% – 3,25%.
Por fim, entende-se que o ajuste mais forte, mas mais rápido para combater a inflação, busca um equilíbrio imediato dos preços e as expectativas do mercado, comprometendo o mínimo possível as atividades.
Fonte: Amanda Ivanov