Aumento das queimadas desmatamento e mudanças climáticas: como projetos de compensação de CO2 colaboram para reverter esse cenário?

Mais de 22 mil focos de queimadas na Amazônia, em 7 meses. Este foi o maior registro desde 2005 para o período: quem levantou esse dado – divulgado no final de julho – foi o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Quando o assunto é desmatamento, os números também são altos: em junho deste ano, o desmatamento na Amazônia aumentou 10% em comparação ao mesmo mês de 2023, registrando, segundo o Sistema de Alertas de Desmatamento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), quase 400 km² de área destruída.

Esses números são reflexo de um meio ambiente afetado pelos efeitos das mudanças climáticas, causadas, sobretudo, pela ação humana. E ainda que essa temática esteja recorrente em todo o mundo, existe um abismo entre teoria e a prática, e os dados provam o quanto as pessoas e as empresas ainda precisam mudar suas práticas ambientais. 

“Quando a temática ESG começou a ganhar destaque, principalmente no meio corporativo, as empresas passaram a dirigir o olhar para a sustentabilidade com mais ênfase do que antes, o que já é um avanço em termos estruturais da nossa educação ambiental, tão fragilizada. Mas ainda assim, há uma lacuna na prática de ações concretas que ajudam a inibir problemas como as queimadas, o desmatamento e a própria mudança climática”, diz Odair Rodrigues, fundador e CEO da B4 – primeira bolsa de ação climática do Brasil. 

Impulsionar projetos de recuperação e proteção ambiental

Dentro deste contexto, projetos de compensação de CO2 começaram a chamar a atenção dos empresários, sobretudo com o PL que regulamenta o mercado de crédito de carbono, e faz com que as empresas precisem mitigar suas emissões. 

“No período de quase um ano, a B4 recebeu mais de 200 pedidos de aplicação para listagem de crédito de carbono. Isso mostra a necessidade de um incentivo que vai além da sustentabilidade. Com o mercado de negociação dos ativos sustentáveis, as empresas têm uma visão não apenas ambiental, mas também financeira, que é necessária nas corporações”, diz o CEO da B4. 

O mercado das negociações de créditos sustentáveis ainda não é explorado com todo potencial que tem. Muitas empresas têm bons projetos de recuperação de áreas ambientais e não sabem que podem gerar créditos com seus resultados, podendo negociar com outras empresas que precisam compensar essas ações, e ganhar dinheiro com isso. 

“A B4 vai além de uma plataforma de negociação de ativos sustentáveis, atuando como uma facilitadora em todo processo de implantação de uma jornada sustentável dentro da empresa. Temos uma inteligência que ajuda a descobrir sua pegada de carbono, servindo como ‘norte’ para as próximas ações que precisam ser executadas. Além disso, temos um time especializado em analisar e orientar sobre o caminho que deve ser seguido, fazendo com que haja um respaldo e um auxílio para aquelas empresas que contam com bons projetos, mas ainda não sabem como gerar e negociar seus créditos” conclui Rodrigues. 

Iniciativas como a B4 são importantes para que as empresas cada vez mais voltem seus olhos para a urgência de uma mudança nas ações que estão levando à destruição do meio ambiente. Além de educar o mercado e ‘abrir os olhos’ dos donos de empresas para o que está verdadeiramente acontecendo com a natureza, ainda há um incentivo financeiro com as negociações dos créditos sustentáveis.

Fonte: Gabriela Cunha