Será realizado entre os dias 13 e 16 de agosto, em Bento Gonçalves, capital da vitivinicultura nacional, o Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa (CBVM). O evento, conta com o importante apoio de entidades como a Embrapa Uva e Vinho, entre outras, e tem como objetivo eleger os melhores vinhos de mesa do País e que representam 80% do total consumido pelos brasileiros.
Para Zoraida Lobato, criadora do Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa (CBVM), “é preciso valorizar o consumidor brasileiro, oferecendo-lhe a possibilidade de também escolher, no ponto de venda, um produto que tenha tido sua qualidade reconhecida e julgado merecedor de um laurel por uma comissão de enólogos e especialistas”.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Adeliano Cargnin, “é com enorme satisfação que a Embrapa Uva e Vinho apoia e colabora para a realização do Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa. O evento é muito importante para valorizar esse relevante produto da vitivinicultura brasileira que representa a maior parcela comercializada internamente no país. A Embrapa acredita nesse segmento de mercado consumidor e por isso pesquisa e desenvolve soluções para contribuir com o fortalecimento dos vinhos de mesa brasileiros”.
O CBVM segue critérios e procedimentos de avaliação adotados e reconhecidos internacionalmente. As degustações são realizadas inteiramente às cegas (o jurado/degustador não sabe o que está provando), sob condições adequadas de iluminação, concentração e em ambiente controlado.
Todo o procedimento de apuração é feito de maneira independente e aberta aos jurados para eventual acompanhamento e verificação posterior de resultados. A ficha de degustação adotada é simplificada e segue padrões internacionais, contemplando a análise visual, olfativa e gustativa do vinho. Todo degustador deve preencher não apenas os es paços de avaliação, mas prover uma sucinta análise por escrito de cada vinho degustado. Todo produto inscrito recebe a nota final que obteve na prova, mesmo que não tenha sido premiado.
Também a exemplo de regras globalmente aceitas, apenas 33% (um terço) dos vinhos inscritos recebem medalhas e diplomas. Os demais inscritos, entretanto, não têm sua identidade revela da, sendo mantidos em sigilo. A premiação é feita em três categorias, pela ordem de pontuação: Grande Medalha de Ouro; Medalha de Ouro e Medalha de Prata.
80% do mercado nacional
A produção de vinhos no Brasil é dividida entre vinhos de mesa e vinhos finos, divórcio formalizado pela legislação que rege a produção da bebida. Os vinhos de mesa são aqueles produzidos por uvas de origem no continente americano e representam cerca de 80% do consumo total, mantendo essa proporção mesmo após o crescimento durante o período de lockdown ocasionado pela pandemia de Covid 19.
Como são mais resistentes a pragas, doenças fúngicas e a vicissitudes climáticas, comuns no Brasil, as uvas americanas e híbridas foram, durante séculos, a base da vitivinicultura brasileira. E ainda são. Também são enquadrados como vinhos de mesa os elaborados com as uvas híbridas, resultantes de cruzamento genético entre essas duas variedades.
Os classificados como finos são aqueles oriundos de uvas de origem europeia e, apesar de representarem apenas 20% do total consumido, dominam amplamente o espaço na mídia e nas redes sociais.
Segundo a Wine Intelligence, entidade que estuda hábitos do consumidor de vinhos, o mercado brasileiro passou de 22 milhões para 44 milhões de apreciadores de vinho entre 2011 e 2023. O consumo anual médio per capita de vinho escalou de 1,8 litro em 2019 para 2,7 litros em 2022. E permanece nesse patamar. O Brasil assumiu, em 2021, a 14ª posição entre os países mais atraentes para o comércio de vinhos, escalando 12 posições.
Pesquisa e desenvolvimento
O Brasil, através de suas entidades de fomento à pesquisa agropecuária, com destaque para a Embrapa Uva e Vinho, sediada em Bento Gonçalves, RS, tem investido fortemente no desenvolvimento de variedades de uvas para a produção de vinho, com o objetivo principal de reunir a produtividade e resistência das uvas americanas às qualidades organolépticas (de sabor e aromas) das uvas europeias.
E esse feito tem sido logrado de maneira exemplar, graças ao esforço dedicado e minucioso de renomados engenheiros, botânicos e técnicos ao longo de décadas. É um campo da pesquisa agrícola em que o País lidera internacionalmente, embora estudos semelhantes feitos na Europa tenham recebido grande repercussão recentemente. Esse trabalho científico brasileiro de imensa e direta aplicação prática não tem recebido a divulgação que merece, e a organização do CBVM acredita que passa da hora de valorizá-lo.
Fonte: Secco Consultoria