Grão pode seguir o mesmo caminho da soja e do milho no país
O Brasil está no caminho para se tornar autossuficiente na produção de trigo. É o que afirmou Jair Bolsonaro, presidente da República, na quinta-feira 30. De acordo com o chefe do Executivo, o país pode virar um grande exportador do grão em uma década.
As declarações do presidente da República encontram lastro nas pesquisas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a produção nacional de trigo. A estatal desenvolveu exemplares do grão que estão sendo testadas em biomas do cerrado no Brasil, tanto na região Centro-Oeste quanto na Norte.
Brasil adapta trigo para o cerrado
Em março, o Ministério da Agricultura aprovou um programa para a expansão da produção de trigo no Brasil Central. O bloco de Estados é formado por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia. O trabalho será coordenado pela Embrapa e conta com parcerias de produtores e da indústria moageira. Além disso, a empresa iniciou testes com o plantio do grão no Estado de Roraima, extremo norte do país.
Em entrevista concedida a Oeste em abril, Celso Moretti, presidente da estatal, afirmou que o trigo da Embrapa desenvolvido para o plantio no cerrado é de boa qualidade. “É o chamado trigo pão, ele tem 15% de proteínas e é um dos melhores trigos do mundo, comparável ao argentino”, disse. “O que nós precisamos agora é de crédito e políticas públicas para viabilizar que a expansão ocorra no Brasil.”
Trigo segue o caminho da soja
Segundo Evaristo de Miranda, ex-chefe-geral da Embrapa Territorial, “se o clima ajudar e a produtividade média atingir 3 toneladas por hectare”, a produção nacional de trigo pode se aproximar de 10 milhões de toneladas em 2022. Desse modo, a colheita segue avançando em relação ao consumo nacional, projetado em cerca de 13 milhões de toneladas.
Em artigo publicado na Edição 107 da Revista Oeste, o especialista afirma que a semeadura do grão no país em 2022 deve cobrir “3,6 milhões de hectares, a maior área dos últimos 36 anos.”
“O trigo pode seguir o caminho da soja e do milho nas últimas décadas”, analisou Miranda. “Em 20 anos, o Brasil passou de 35 milhões de toneladas de milho por ano para cerca de 120 milhões.”
Fonte: Revista Oeste