Produtores de todo o Brasil se reuniram para manifestar suas indignações.
Por Fabélia Oliveira
Uma movimentação batizada de Brasil Verde e Amarelo iniciada pelas bases no interior do país levou para o Eixo Monumental da Capital Federal milhares de produtores rurais de quase todos os estados brasileiros na maior mobilização já organizada pelo setor do agronegócio.
Tudo começou da necessidade de se manifestar e mostrar aos políticos e ao STF (Supremo Tribunal Federal) a indignação dos produtores rurais brasileiros em relação aos desmandos (insegurança jurídica). O grande estopin ou o problema “mor” foi o Funrural* mas muitos outros foram pautados.
Durante todo o período de mobilização e arrebanhamento de pessoas e entidades foram momentos de dedicação, conversas, uso de redes sociais, busca de espaço em todas as mídias etc. Como se não bastassem todos os problemas e tensões vivenciados, o STF adiou para 04 de abril, data marcada para o movimento do Abril Verde e Amarelo a votação do Habeas Corpus do ex-presidente Lula – isso poderia ou não atrapalhar o nosso movimento??
Com todas as preocupações ficou a decisão: permanece a data. O Brasil do Agro vai para Brasília em 04 de abril, dia que completa 63 anos que Juscelino Kubitschek se comprometeu, em Jataí-GO, a construir a Capital Federal no Planalto Central. Nessa data histórica se faz necessária a “reconstrução do Brasil”.
Na hora marcada, às 14h, um trio elétrico sai do ginásio Nilson Nelson levando um multidão de homens e mulheres, famílias inteiras, jovens, idosos, que parecia brotar daquela parte da via do Eixo Monumental. Atrás do trio, mesmo quem estava lá em cima e tinha visão privilegiada, não conseguia ver o fim da passeata.
Uma multidão se formou, em verde e amarelo, com bandeiras do Brasil e de seus estados, tremulando nas mãos e braços de homens trabalhadores que trazem no rosto as marcas do tempo, do sol, da labuta de quem torce pela chuva no plantio, no desenvolvimento da lavoura e pede a Deus que a segure um pouquinho enquanto ele colhe…
No trio o som levava aos ouvidos daquela gente os hinos Nacional do Brasil e da Independência. Com aquele coro tão grande, tão lindo, o que se via lá de cima, onde eu estava, era a emoção. Não teve como conter as lágrimas. Aqueles homens xucros e simples, de uma honradez tão grande, se entregaram a esta emoção.
Todos querem uma nação decente. Todos querem um Brasil onde se pode produzir, pagar suas contas e voltar pra sua família. Eu vi homens que andavam mancando porque a saúde não lhe é favorável e num choro convulsivo seguia cantando o Hino Nacional brasileiro. Mulheres que seguravam faixas de repúdio aos desmandos tinham o rosto banhado pelo choro.
Em cima do trio homens líderes de várias instituições e regiões se abraçam em emoção e choro… homens de cabelos brancos, de marcas severas que os anos lhes deram batiam no peito e diziam que querem resgatar o Brasil de Verde e Amarelo.
Por onde a passeata passava ganhava a atenção dos registros, aplausos e gritos de apoio. Homens e mulheres da polícia militar trabalhando para garantir a segurança e a ordem da manifestação, prestava continência a esse povo. Das janelas, das sacadas, dos viadutos, de qualquer lugar que servia para melhor visão ou ser visto tinha um brasileiro manifestando junto com o Verde e Amarelo.
Mas afinal quantas pessoas tinham nessa manifestação? Não sei. Cheguei a ouvir números de 15 mil pessoas. Talvez umas 13 mil. Mas sabíamos que eram mais de dois quilômetros de passeata, de pessoas seguindo até em frente ao Congresso Nacional para dizer “BASTA!”, “Chega de Corrupção!”, o produtor não deve essa conta, ele não é caloteiro, não é sonegador. Ele é simplesmente PRODUTOR RURAL!
Deus os abençoe a cada dia.
Funrural – imposto que foi votado, pelo STF, como constitucional por 6×5, em março do ano passado, depois que o próprio STF já havia feito duas votações onde em ambos os casos o placar era de 11×0 pela inconstitucionalidade. A mudança ocorreu meramente por interesses políticos pois não houve nenhuma alteração para justificar tal situação. O problema maior foi que além de criar o imposto, com a votação os ministros criaram o “Passivo”, pois colocaram o Funrural para valer desde a última votação, assim sendo, o produtor amanheceu com uma conta vencida e impossível de ser paga de cinco anos de vencimento.
Fabélia Oliveira
Sucesso no Campo