Após sete anos no Brasil, período dedicado à estruturação do negócio e a estudos de mercado, a canadense Farmers Edge, especializada em dados e agricultura digital, dá a partida em uma nova estratégia no país. A empresa anunciou hoje que quer ‘digitalizar’ aproximadamente 8 milhões de hectares de lavouras até 2030, sobretudo soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. Em torno de 300 agricultores locais, cuja área equivale a 1 milhão de hectares, já utilizam serviços da Farmers Edge.
Conforme o vice-presidente da empresa para a América Latina, engenheiro agrônomo Celso Macedo – executivo com passagem por companhias como Dow Agro, Nufarm e Sumitomo Chemical –, a Farmers Edge mantém hoje acima de 600 estações meteorológicas em funcionamento no campo. A meta para os próximos anos, ele afirma, é levar a produtores situados nas regiões estratégicas da fronteira agrícola brasileira os mais de 200 serviços de agricultura digital do portfólio.
Na prática, esclarece Macedo, a Farmers Edge Brasil entrega uma plataforma de dados “para digitalizar o plano de safra do produtor”. Ele explica que as soluções disponibilizadas abrangem imagens de satélite de alta frequência e alta resolução (Smart Imagery®), meteorologia (Smart Insite®), telemetria de máquinas agrícolas e proteção de cultivos, com vistas à eficiência operacional (Smart®), suporte à fertilização variável (Smart VR®) e gestão de emissões de carbono por hectare de cultivo (Smart Carbon®), entre outras.
Os recursos desenvolvidos pela empresa, acrescenta Macedo, resultam de hardware e software de última geração e são alimentados por uma combinação entre sensores de campo, inteligência artificial e análise de big data. “A Farmers Edge Brasil transforma dados em ações e ‘insights’ inteligentes. Capacita o ecossistema agrícola a produzir mais e melhor”, afirma o executivo. Segundo ele, agricultores atendidos no país elevaram sua produtividade em até 35%, em duas safras, por meio de tecnologias da empresa.
“Geramos relatórios, fazemos recomendações agronômicas e planos de aplicações de tecnologias, registramos resultados de análise e eficácia de equipamentos, além de medir o retorno ao produtor ante o investimento na safra”, continua Celso Macedo.
Conectividade, seguros e sustentabilidade
De acordo com o executivo, o principal desafio da Farmers Edge Brasil passa pela infraestrutura do país quanto à conectividade. “À medida que avança a cobertura de redes digitais, nosso negócio tende a crescer proporcionalmente.” Frente aos entraves locais, ele enfatiza, a empresa buscou soluções próprias, baseadas na formação de parcerias com grupos de seguros agrícolas, telecomunicações, tradings e agroquímicos. “Temos expectativa de anunciar novas parcerias do gênero nas próximas semanas”, revela Macedo.
Conforme o executivo, a unidade brasileira da empresa aprimorou também tecnologias digitais visando o monitoramento de riscos e sinistros durante as safras, um serviço voltado a agentes de crédito e seguradoras. “Em tempo real, o sistema registra tudo o que acontece numa lavoura, de fenômenos climáticos a eventuais riscos à produtividade, decorrentes de fatores diversos.”
O conjunto de tecnologias da plataforma Farmers Edge, de acordo com Macedo, atende ainda ao ecossistema agrícola na busca por garantias de conformidade na produção, inclusive relatórios de emissões de carbono, sustentabilidade e rastreabilidade.
“Nessa área, a estratégia da empresa será conectar cada vez mais a agroindústria ao produtor, para aumentar a produção de grãos rastreáveis, certificáveis e com baixa emissão de carbono, bem como fornecer suporte aos setores de biocombustíveis e exportações de commodities agrícolas, por exemplo.”
Além do Brasil, constituem mercados estratégicos da Farmers Edge os Estados Unidos e o próprio Canadá. “Os três países concentrarão os investimentos da matriz nos próximos anos”, conclui Celso Macedo.
Fonte: Fernanda Campos