Carne e leite bovinos produzidos na mesma fazenda

Mato Grosso do Sul é um estado conhecido pela pecuária de corte. Porém, as exigências do mercado têm gerado demandas para o campo que podem ser atendidas com a diversificação das atividades produtivas na fazenda. Quem afirma é o pesquisador Bruno Carvalho da Embrapa Gado de Leite – um dos palestrantes do 2º Fórum da Nova Pecuária do MS, realizado pela Embrapa Pantanal e Associação dos Criadores do MS, Acrissul. Segundo Bruno, uma das formas de atender a essas demandas é aliar a produção de leite à de bovinos de corte na fazenda.

Para o pesquisador, um dos benefícios de se diversificar as atividades é uma maior segurança financeira para o produtor. “Ele tem uma receita extra que o protege um pouco da variação no preço do leite, que acontece entre safra e entressafra no Brasil, tradicionalmente”. Para aliar as produções de leite e de bovinos de corte, Bruno sugere trabalhar com o cruzamento terminal. “Vamos cruzar a vaca de leite com um touro de corte. Então, todos os bezerros que nascerem desses animais serão de corte”, diz Bruno.

“O produtor pode vender esse animal com oito, nove arrobas na desmama ou pode retê-lo e fazer o confinamento”. Em relação à raça mais indicada para o processo, o pesquisador afirma que a escolha é simples: “a raça do touro, quem decide é o mercado”. Ele diz que, nesse sistema, a reposição dos animais pode ser comprada ou feita a partir de cruzamentos das melhores vacas leiteiras com touros de leite. O excedente vai para o cruzamento com touros de corte.

João Soler, da fazenda Duas Gazelas, afirma que desenvolve as duas atividades em sua propriedade há vários anos. “Um segmento da fazenda focaliza a engorda de novilhas de raças britânicas em sistema de semiconfinamento para cortes especiais. Outro segmento trabalha com a produção de genética de ponta (…) e, finalmente, trabalhamos com o gado de leite”. Para manter um rebanho de corte com cerca de 800 cabeças e outro de leite com 330 animais, João diz que é preciso investir em planejamento. “Todo produtor precisa se preparar, adquirir conhecimento, usar tecnologias”.

Para João Soler, aperfeiçoar o sistema é muito importante para manter a rentabilidade da atividade pecuária, mas preservar o meio ambiente é indispensável para que ela continue a existir – o que independe do tipo de produção. “Preservação do sistema ambiental é coisa que tem reflexos diretos, que tem impactos significativos na produção rural. Se você não cuida do meio ambiente, você não tem sombra, não tem conforto térmico para os seus animais, não tem água de qualidade”, diz. “Preservar é fundamental e é preciso que o produtor rural amplie seus conhecimentos a respeito desse tema”.

Nicoli Dichoff (MTb 3252/ SC)
Embrapa Pantanal