O novo adiamento do Censo Agropecuário desagradou o setor produtivo de Minas Gerais. A coleta dos dados referentes à produção agropecuária, que estava prevista para o primeiro semestre de 2017 e que iria captar informações relativas ao ano de 2016, foi suspensa pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) devido ao corte de recursos anunciado recentemente pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP). Esta é a segunda vez que o levantamento é adiado por falta de recursos. Na primeira, conteria os dados de 2014.
O último censo disponível abrange os dados de 2005 e foi divulgado em 2006, o que prejudica a tomada de decisões do setor, que trabalha com um déficit de atualização superior a 10 anos. A suspensão da pesquisa foi repudiada pelo presidente daFAEMG, Roberto Simões.
“Recebemos a notícia com verdadeiro estarrecimento. Um novo adiamento de instrumento tão importante demonstra mais uma vez a incompreensão do atual governo e o costumeiro menosprezo que é conferido ao setor que mais contribui com a geração de empregos e renda neste País. Para um setor assim tão dinâmico, o levantamento a cada dez anos já é algo inaceitável, e pouco confiável como subsídio ao planejamento adequado de políticas e condução do setor. A agricultura de dez anos atrás já não existe mais. A decisão deixa todo o setor às escuras”, disse Simões.
Em nota, o IBGE informou que o orçamento do Censo Agropecuário constante no Projeto de Lei Orçamentária, seria de R$ 330,8 milhões, mas foi reduzido para R$ 266,8 milhões, o que inviabilizou a continuidade do processo. Também foi suspenso o processo seletivo em curso para preenchimento das 1,4 mil vagas temporárias destinadas ao Censo Agropecuário.
“A direção do IBGE vinha tentando obter, junto ao Ministério do Planejamento, os recursos necessários às atividades de preparação da operação censitária e à aquisição de equipamentos, previstas para este ano e essenciais à execução da pesquisa no início de 2017. Entretanto, estas iniciativas de recomposição do orçamento não tiveram êxito. Diante dessa realidade, o Censo Agropecuário está adiado, e uma nova data para sua realização está condicionada à liberação dos recursos necessários em tempo hábil à organização da operação”, explicou o instituto em comunicado.
De acordo com a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, o Censo Agropecuário é de extrema relevância para o setor, isto por ser mais abrangente que as demais pesquisas realizadas pelo IBGE e pelos dados permitirem a avaliação da situação dos municípios, dos produtores, das propriedades e também das políticas e tecnologias aplicadas ao longo dos anos.
“O censo traz muitas informações sobre a agropecuária, principalmente das características dos produtores e a evolução tecnológica. A nova suspensão é bastante desanimadora, uma vez que a pesquisa deveria ter sido feita em 2014. Estamos em contato com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) para que possamos trabalhar junto ao governo federal e buscar formas de viabilizar a realização do Censo Agropecuário”.
Ainda segundo Aline, sem os dados atualizados, é impossível avaliar os impactos das políticas públicas e das ações de estímulo à atividade agropecuária desenvolvidas pelas entidades ligadas ao setor ao longo dos últimos anos.
“Sem os dados aprofundados do censo, além de não verificarmos os impactos das políticas públicas, também não conseguimos identificar de forma eficiente os gargalos das atividades e nem planejar ações eficazes para melhor atender ao produtor. Esperamos reverter esta situação para termos os dados e mostrar, mais uma vez, qual setor está trazendo o retorno positivo para a economia do País”, disse Aline.