Clima será “excepcional” para milho, cana e café nos próximos meses, diz Somar

A segunda safra de milho, plantada no Centro-Oeste, Sudeste e Paraná logo após a colheita da soja, está nas fases iniciais de desenvolvimento, em que a umidade do solo ainda é muito necessária.
“Está maravilhoso. Está chovendo bem em todas as regiões produtoras de milho safrinha do Brasil”, disse à Reuters Marco Antônio dos Santos, da Somar.
Segundo ele, haverá chuvas constantes no Centro-Oeste, Sudeste e Paraná durante as próximas duas semanas, até o fim de abril. Depois disso, não haverá uma interrupção total das precipitações, como é comum no outono e inverno da região central do país.
“Para a maior parte das regiões produtoras, não há ausência de chuvas, mas pancadas isoladas. Para os produtores que plantaram milho em março, o que foge da janela ideal de clima, isso é bom”, disse Santos, não descartando que microrregiões terão clima seco mais prolongado.
Uma das explicações para as características climáticas dos próximos meses é a ocorrência de um El Niño fraco, que foge das características clássicas do fenômeno, segundo Santos.
“Não tem um El Nino característico, mas tem uma continuação de um certo aquecimento das águas do Pacífico e do Atlântico. Isso favorece a entrada de frentes frias (e ocorrência de chuvas) durante os próximos meses”, afirmou.
A colheita de milho deverá começar na primeira quinzena de junho.
Nesta sexta-feira, a consultoria Céleres disse que a segunda safra de milho do Brasil tem potencial para romper a marca de 50 milhões de toneladas, um volume nunca colhido no país, em função das boas perspectivas de clima para as lavouras.
CAFÉ E CANA
No centro-sul do Brasil, notadamente em São Paulo, principal região produtora de cana do país, a condição mais chuvosa em abril e nos meses seguintes não deverá atrapalhar o trabalho de colheita das primeiras lavouras e ainda poderá ajudar o desenvolvimento das áreas a serem colhidas mais ao final da temporada.
A colheita no centro-sul já começou e vai até outubro ou novembro, quando o tempo seco permite a entrada das máquinas nos canaviais e favorece a concentração de açúcar nas plantas.
“Não teremos nem invernada, uma semana inteira chovendo, nem seca drástica. É o melhor dos mundos para a cana”, disse o agrometeorologista.
A expectativa é que as lavouras de cana do centro-sul se recuperem este ano de uma seca histórica no início do ano passado, que derrubou a produção e mexeu com os preços internacionais do açúcar.
Para o café, outro importante produto de exportação do Brasil, com colheita da maior parte da produção a partir de maio, o clima mais chuvoso dos próximos meses não terá tanta interferência na safra, embora possa ajudar no desenvolvimento de colheitas futuras. As plantações do Sudeste, principalmente de Minas Gerais, ainda se recuperam da forte seca do início do ano passado.
“Estive ontem no sul de Minas e quando mostrei os gráficos de que tem chuvas, mas sem invernada, os produtores adoraram, contou o agrometeorologista.
Santos destacou que a primeira massa de ar polar deve chegar a Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais no fim de maio ou no começo de junho.
“Mas não é temperatura para geada”, frisou o especialista, referindo-se às condições de frio congelante que podem arrasar lavouras de café, cana e milho, especialmente no Paraná. “Mas precisamos monitorar.”
Segundo ele, o Brasil terá em 2015 um inverno semelhante ao de 2014, com picos de frio, com duração de apenas três ou quatro dias.
Fonte: Reuters