Cerrado Mineiro, Matas de Minas e do Sul de Minas no contexto da Semana Internacional do Café
A ABICS e a BSCA participaram do evento, em Belo Horizonte (MG), junto com a Agência para divulgar e promover a imagem do café brasileiro para o mercado externo
No café da manhã, logo depois do almoço, no lanche da tarde, em dias frios e até quentes,sozinho ou acompanhado. O café pode ser tomado em qualquer ocasião e de diversas maneiras. Pode ser consumido puro, quente, gelado, harmonizado com a gastronomia, ou pode ser utilizado como ingrediente misturado com outras bebidas, em confeitaria e até mesmo como um tempero para dar aquele toque especial
. A versatilidade do café chama a atenção de apreciadores ao redor do mundo há décadas, desde quando se descobriu que um pequeno grão extraído de uma planta hoje muito comum no Brasil poderia ser tão bem-quisto e tão aproveitado nas mais variadas aplicações.
E o café brasileiro alcança os olhares de quem busca qualidade, tecnologia, inovação e sustentabilidade. O País é líder na produção e exportação de café, e parte desse sucesso deve-se aos trabalhos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) e a Brazilian Specialty Coffee Association (BSCA), que fazem o trabalho de reforçar a imagem do café brasileiro mundo afora, apresentando o gigante sul-americano como a nação do café.
Neste mês de novembro de 2022, a ApexBrasil, sob a liderança do Escritório da Agência em Miami, promoveu a parceria entre 26 compradores de 13 países com produtores de café das regiões do Cerrado Mineiro, Matas de Minas e do Sul de Minas tanto nos dias que antecedam a Semana Internacional do Café (SIC) como durante a feira, em Belo Horizonte (MG).
A ação é fruto do Projeto Comprador, executado em parceria com a BSCA e o SEBRAE-MG. A analista de negócios do Escritório da ApexBrasil de Miami, Liane Werneck, destaca a fundamental participação dos escritórios da Agência para conseguir colocar em prática as gerações de negócios e levar apreciadores do mundo todo para conhecer as empresas brasileiras in loco.
A SIC uniu, na capital mineira, as principais forças da agroindústria do café para formar um dos maiores eventos mundiais do setor. Ela não é apenas uma das maiores feiras do mundo, mas um evento em que se oferece conteúdo de ponta para os profissionais do setor em palestras, cursos, workshops, competições, provas de café, pesquisas e degustações orientadas. Estar na SIC é se conectar ao que há de mais inovador no mercado de café na troca de conhecimento entre os líderes e gestores do setor.
Além disso, durante o evento, a ABICS lançou a Metodologia de Protocolo de Análise Sensorial de Café Solúvel. Desenvolvida em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e técnicos especialistas de qualidade do café, e promovida internacionalmente com o apoio da ApexBrasil, trata-se de uma metodologia de avaliação dos atributos organolépticos do café solúvel ao aplicar as mesmas regras desenvolvidas pela Specialty Coffee Association (SCA), possibilitando categorizar e diferenciar a grande variedade de cafés do mercado de solúvel.
Os efeitos desta ação atingiram todo o setor cafeeiro brasileiro. Segundo o Diretor Executivo da BSCA, Vinicius Estrela, o trabalho da ABICS reflete uma melhoria da qualidade do café e a sua projeção tanto no mercado interno quanto no mercado internacional. “Estamos falando de agregar imagem e valor do café brasileiro retornando, assim, mais recurso e uma renda justa e mais equilibrada para o produtor”, afirma.
Em cada região, um sabor
A ApexBrasil executa com a BSCA o projeto Brazil. The Coffee Nation, englobando o mercado de cafés crus especiais. Hoje existem 34 regiões produtoras no Brasil, com mais de 150 variedades de perfis sensoriais. Em termos de receita, foram exportados US$ 5,8 bilhões em 2021, que representam 16,1% das exportações mundiais naquele ano e um crescimento de 16,8% com relação a 2020. Foram mais de 100 destinos, sendo o principal os Estados Unidos, seguidos da Alemanha e da Bélgica.
Com o objetivo de aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional, reforçando a qualidade do café brasileiro, a parceria entre as entidades é focada, principalmente, no trabalho da imagem do produto para o exterior. Em 2015, quando foi desenvolvida a estratégia de branding, criou-se o conceito de “Brazil.
The Coffee Nation”, que sintetiza a escolha feita pelo setor dos cafés especiais para posicionar o Brasil como a nação que, além de ser dotada dos recursos naturais essenciais para o cultivo dos melhores cafés, dedica seus esforços, conhecimento técnico e experiência secular para atingir os mais altos requisitos de qualidade, de forma sustentável e em observância a rígidas normas de direito social e ambiental.
Além do mercado de cafés crus, junto com a ABICS a ApexBrasil promove o Brazilian Instant Coffee, projeto setorial para o mercado de café solúvel. As seis empresas apoiadas pela Associação são exportadoras e constituem 100% do parque industrial deste setor. O Brasil também é o maior produtor e exportador mundial de café solúvel, que ocupa o 13º lugar na pauta exportadora do agronegócio brasileiro. Desde 2019 o País quebra recordes de exportações, que têm como destino mais de 120 países, gerando receita cambial da ordem de US$ 600 milhões anuais.
A parceria da ABICS com a ApexBrasil teve início em 2018. Várias ações com o objetivo de promover a imagem do café solúvel no exterior já foram executadas, desde a eleição de mercados prioritários até a definição da estratégia de branding, que cunhou a expressão “Instant Coffee Brazil – Explore and Enjoy”.
De acordo com a gerente do Agronegócio da ApexBrasil, Paula Soares, os projetos setoriais surgiram de uma forma capilar às entidades que representam cada setor para atender as empresas brasileiras. No caso do café, todos os envolvidos no processo, desde o início da cadeia produtiva do produtor que lida diariamente com o plantio e a colheita até a indústria que trabalha a maturação do produto que chega ao consumidor final, são apoiados pelos projetos, fomentando o desenvolvimento e o crescimento do setor.
“Os projetos setoriais vêm demonstrando, ao longo dos anos, ser um grande sucesso. São executados em parceria com as associações e oferecem uma gama de serviços e produtos às empresas brasileiras, que vão desde capacitações para entender como que elas podem se adequar ao mercado internacional até a participação de eventos no exterior e rodadas de negócios com compradores internacionais”, explica.
Apoio às empresas brasileiras
Sob o guarda-chuva dos projetos setoriais, diversas empresas brasileiras recebem apoio para alcançar os mercados internacionais. Uma delas é a Cocam, que participa do projeto com a ABICS, o Brazilian Insant Coffee, e já está no mercado há 50 anos como a única indústria de descafeinação de café solúvel do País. A empresa exporta mais de 400 mil sacas por ano, equivalente a 12 mil toneladas do produto, e seus principais destinos são o Japão, a Argentina e a Rússia.
A Cocam foi uma das empresas participantes do processo de desenvolvimento da metodologia de análise sensorial de café solúvel junto com a ABICS. O diretor executivo Marcos Murari reconhece que o apoio da ApexBrasil foi fundamental durante a execução do projeto para tornar a metodologia uma referência global. “A partir do momento que você tem algo que é conhecido, que é aceito por quem trabalha com café solúvel e isso passa a ser uma realidade, as perspectivas melhoram em todos os sentidos”, declara. A Agência atuou por meio do Projeto Imagem junto à entidade para o lançamento da metodologia, ocorrido durante a SIC, no dia 16 de novembro. Este projeto consiste na divulgação a jornalistas e formadores de opinião internacionais sobre a metodologia, trazidos a Belo Horizonte para prestigiar o evento.
Além do Projeto Imagem, a ApexBrasil também realizou o Projeto Comprador junto com a BSCA promovendo a geração de negócios entre investidores estrangeiros e empresários brasileiros. Uma importante agrofloresta produtiva de café do Brasil, a Camocim, foi uma das participantes deste projeto, com a oportunidade de apresentar seus produtos aos compradores convidados. Como uma agrofloresta, o pilar principal desta fazenda é a sustentabilidade e a produção orgânica, biodinâmica e regenerativa, sem utilização de agroquímicos.
Há 22 anos, a Camocim traz riqueza para o solo, gerando um café de qualidade e ambientalmente amigável. O CEO Henrique Sloper confirma a importância de participar dos projetos promovidos pelas entidades para o desenvolvimento do seu negócio e do setor cafeeiro, que foram fundamentais para aumentar as exportações e conquistar novos clientes. Segundo Sloper, a geração de valor dos cafés brasileiros é o que faz a diferença para ampliar os horizontes do mercado internacional.
Na Camocim, cerca de 70% da sua produção é exportada. O produto mais famoso concebido na fazenda é o “Jacu Bird Coffee”, um tipo de café em que o animal é peça fundamental do processo produtivo. O jacu, pássaro que habita a fazenda Camocim, come o café e, a partir das fezes, o grão é recolhido, higienizado e processado para o consumo. É a única fazenda no Brasil em que esse tipo de café é produzido e desperta muita curiosidade dos apreciadores do ramo do mundo todo.
E não apenas as empresas brasileiras souberam aproveitar bem dos eventos para fazer negócios: os empresários estrangeiros, que participaram do Projeto Comprador com a ApexBrasil, também tiveram momentos produtivos de trocas. O presidente da importadora canadense Orange Brown, Victor Nucci, pondera sobre a diferença em participar dos eventos para novas oportunidades. Para o diretor, o diferencial do mercado de café brasileiro é a consistência, a qualidade e a diversidade de produtos, algo que ele busca desde que fundou a empresa em 2014.
“O que agregou valor foi conhecer as pessoas que fazem parte da cadeia. Eu aprendi bastante e aprendi com as outras partes que também fazem parte dela, compartilhando as experiências e interagindo com continentes diferentes, países diferentes; é legal trocar informação. O jeito mais fácil de agregar valor do produto brasileiro e disseminar a mensagem é fazer os compradores estarem próximos dos produtores”, avalia Nucci.
Fonte: Isabela Ottoni