COMO FAZER O MANEJO DE HERBICIDA PARA MILHO

Herbicida para milho: Quais produtos mais indicados, época de aplicação e outras orientações para o bom controle sem problemas de injúrias na lavoura.

Sem nenhum manejo de plantas daninhas um terço de toda produção agrícola seria perdida. No caso do milho não é diferente. Por se tratar de uma cultura muito dá muita resposta pelo manejo, é importante que seja realizado o controle eficiente das plantas daninhas. Assim, evitam-se perdas de investimentos e mantêm-se as altas produtividades. Quer saber como fazer um manejo de plantas daninhas eficiente, sem prejudicar a cultura do milho?

Interferência das plantas daninhas na cultura do milho

Diversas infestações de plantas daninhas podem ocorrer na cultura do milho. As principais são:

Folhas largas

  • Buva(Conyza )
  • Caruru (Amaranthus)
  • Picão-preto (Bidens)
  • Leiteira (Euphorbia heterophylla)
  • Corda-de-viola (Ipomoea)
  • Nabo (Raphanus)
  • Guanxuma (Sida)

Folhas estreitas

  • Capim-amargoso (Digitaria insularis)
  • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
  • Papuã (Brachiaria plantaginea)
  • Capim-arroz (Echinochloa)
  • Azevém (Lolium )

A interferência de plantas daninhas na lavoura de milho pode ocasionar perdas de 10% a 85% na produtividade do cultivo. Por isso, é preciso conhecer as ferramentas de controle químico mais eficazes e como fazer o posicionamento correto delas. A seguir, vou esclarecer alguns pontos sobre a utilização de herbicida para milho convencional e transgênico, cuidados e doses recomendáveis.

(Fonte: Bayer)

Herbicida para milho convencional ou resistente

Dentre as plantas daninhas que eu mencionei, há maior dificuldade de controlar as de folhas estreitas (gramíneas), pois o milho também é uma gramínea. Atualmente, há no mercado poucas opções de herbicidas que controlem folhas estreitas e sejam seletivos para o milho. Assim, é recomendável que o manejo de folhas estreitas, principalmente de difícil controle ou resistentes a herbicidas, seja preconizado no período de entressafra ou no cultivo anterior ao milho. É importante que mesmo no milho resistente (RR) você não use somente glifosato, já que isso seleciona as invasoras resistentes.

(Fonte: Syngenta)

A seguir, listo os principais herbicidas e como usá-los na cultura do milho para que você aproveite o melhor de cada produto:

Herbicida para milho: aplicação em pré-emergência

Atrazine – É o herbicida mais utilizado para a cultura do milho atualmente!

Quando aplicar – Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura, imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal. O produto fornece bom controle quando aplicado na pré-emergência ou pós-emergência precoce das plantas daninhas.

Espectro de controle – Controla plantas daninhas de folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro e papuã. Também é muito utilizado para controle de soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou associada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron. Lembre-se, é muito importante que haja um manejo eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio sanitário.

Dosagem recomendada – De 3 a 5 L ha-1 dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes. Pode ser misturado com glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor.

Cuidados – Recomenda-se aplicação em solo úmido. A aplicação em solo seco, período de seca após aplicação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo o solo podem diminuir a eficiência do produto.

Lavoura de milho com sinal de fitotoxidade 
(Fonte: Juparanã)

S-metolachlor – Herbicida com grande potencial de ser inserido no manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Pode ser utilizado para ampliar o espectro de controle de herbicidas para folha larga.

Quando aplicar – Aplicar na pré-emergência da cultura e das plantas infestantes.

Espectro de controle – Ótimo controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã). Bom controle de algumas folhas largas de sementes pequenas (Ex: caruru, erva-quente e beldroega)

Dosagem recomendada – De 1,5 a 1,75 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada. Pode ser misturado com atrazine e glifosato.

Cuidados – Deve ser aplicado em solo úmido.

 

Isoxaflutole

Herbicida técnico. Exige alguns conhecimentos prévios quanto a características do solo (teor de argila e matéria orgânica). Necessita cuidados com as condições climáticas no momento e após a aplicação. É muito importante consultar e seguir as recomendações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.

Quando aplicar – A aplicação do herbicida deve ocorrer na pré-emergência das plantas, tanto do milho quanto das daninhas.

Espectro de controle – Exerce bom controle em gramíneas anuais e algumas folhas largas como caruru e guanxuma. O grande diferencial deste herbicida é que, em condições de seca, pode permanecer no solo por um período razoável (> 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir com a emergência de várias plantas daninhas.

Dosagem recomendada – De 100 a 200 mL ha-1 dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes (somente para solos com textura média e pesada).

Pode ser misturado com: atrazine.

Cuidados – Não é recomendado para solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica.

Trifluralina – Herbicida muito utilizado no passado na cultura, podendo voltar a ser inserido no manejo de plantas daninhas do milho. Isso se deve ao lançamento de novas formulações que não necessitam ser incorporadas (menor problema com fotodegradação). Quando aplicar – É aplicado no sistema de plante-aplique ou até 2 dias após da semeadura do milho.

Espectro de controle – Bom controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã).

Dosagem recomendada – De 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: atrazine e glifosato.

Cuidados – Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha) ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem a eficiência do produto.

Herbicida para milho: pós-emergência

Nicosulfuron – É um herbicida que já foi muito utilizado no manejo de plantas daninhas no milho, porém, o produtor deve possuir alguns conhecimentos prévios para não prejudicar o cultivo.

Quando aplicar – Deve ser aplicado na pós-emergência do milho, quando as plantas estiverem com 2 a 6 folhas.

Espectro de controle – Controle eficiente de gramíneas e algumas folhas largas (Ex: amendoim-bravo, caruru, corda-de-viola, picão-preto e trapoeraba).

Dosagem recomendada – De 1,25 a 1,5 L ha-1 + óleo mineral. Pode ser misturado com atrazine e glifosato (Milho RR).

Cuidados – Os híbridos de milho apresentam diferentes padrões de sensibilidade ao nicosulfuron. Assim, é necessário pesquisar sobre a suscetibilidade do híbrido escolhido antes de aplicá-lo. Além disso, este herbicida não deve ser misturado com inseticidas organo fosforados ou ao 2,4 D. Caso ocorra aplicação destes produtos na área ou adubação nitrogenada em cobertura, deve-se respeitar um período mínimo de 7 dias para  aplicar o nicosulfuron.

Mesotrione – Alternativa para controle de folhas largas no milho.

Quando aplicar – Aplicar de 2 a 3 semanas após semeadura do milho, sobre plantas daninhas em pós-emergência precoce (2 a 4 folhas).

Espectro de controle – Controla plantas daninhas de folha larga como leiteira, apaga-fogo, caruru, corda-de-viola, guanxuma e picão preto.

Dosagem recomendada – De 0,25 a 0,4 L ha-1 + óleo mineral. Pode ser misturado com atrazine.

Cuidados – Se misturado com nicosulfuron, pode diminuir sua eficiência no controle de gramíneas.

Tembotrione – Herbicida alternativo ao controle de folhas largas e gramíneas no milho. Seguidas as recomendações técnicas, exerce um bom controle.

Quando aplicar – Aplicar na pós-emergência do cultivo.  As plantas daninhas devem estar em estádio inicial de 2 a 4 folhas (folhas largas) e até 2 perfilhos (gramíneas).

Espectro de controle – Controla plantas daninhas de folhas estreitas como papuã, capim-colchão, capim-carrapicho. Controla folhas largas como leiteira, apaga-fogo, corda-de-viola, guanxuma e nabo.

Qual a dosagem recomendada – De 180 a 240 mL ha-1 + adjuvante à base de éster metílico. Pode ser misturado com atrazine.

Cuidados – O herbicida não deve ser aplicado sobre a cultura ou plantas daninhas com sintoma de estresse hídrico ou ainda com presença de orvalho. É preciso respeitar prazo de 30 dias para cultivo de girassol, algodão e feijão após a aplicação do produto.

Herbicida para milho transgênico

Como já comentamos, além dos herbicidas que podem ser utilizados no milho convencional, existem no Brasil híbridos resistentes aos seguintes herbicidas:

  • Glifosato (milho RR) e glufosinato de amônia (milho LL)

Nos próximos anos será lançada no mercado a tecnologia enlist, que permitirá o uso dos herbicidas:

  • 2,4 D(doses maiores que o milho convencional e com janela de aplicação maior);
  • Glufosinato de amônio(herbicida de contato não seletivo, para controle de plantas daninhas em estádios iniciais (provenientes de sementes) ou utilizado no manejo sequencial);
  • Glifosato(herbicida de ação sistêmica não seletivo, proporciona controle de plantas daninhas mesmo fora de estádio, porém com muitos casos de resistência);
  • Haloxyfop(herbicida para controle de gramíneas, proporciona controle de plantas mesmo em estádios mais avançados. Possui poucos casos de resistência).

Mas como já ressaltamos, utilize outros herbicidas além daqueles que sua cultura é resistente para obter um bom manejo de plantas daninhas a longo prazo.

Outros métodos de controle para plantas daninhas

Neste artigo, abordamos principalmente ferramentas de controle químico, pois é o manejo mais utilizado.

Mas é importante que você utilize também algumas técnicas para controle eficiente de plantas daninhas como:

  • Rotação de mecanismos de ação de herbicidas, com maior utilização de pré-emergentes
  • Rotação de culturas
  • Consórcio com forrageiras
  • Adubação verde

Plantio de milho consorciado com feijão guandu anão; adubação verde é uma das técnicas para proteger lavoura das daninhas
(Fonte: Fapesp)

Atenção! As sugestões de herbicida para milho passadas aqui são para híbridos voltados à produção de grãos. Outras cultivares como milho pipoca, milho doce ou milho em consórcio com forrageiras possuem outras indicações de manejo. É importante que a recomendação e orientação técnica de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas você deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.

Conclusão

Neste artigo, vimos as plantas daninhas mais recorrentes na cultura do milho e as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas. Falamos sobre o posicionamento correto do herbicida para milho, de modo que não haja danos ao cultivo. Além disso, citamos técnicas importantes que devem ser utilizadas no manejo integrado de plantas daninhas. Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas na sua lavoura de milho!

Fonte: Lavoura 10 Por Henrique Fabrício Plácido