Docentes da pós-graduação do Senac EAD explicam a importância das ações para o desenvolvimento social e econômico do País
Um relatório divulgado pela consultoria Refinitiv apontou que a avaliação do desempenho de governança em diversos setores do continente americano cresceu 19%, nos últimos cinco anos. Essa informação é importante e destaca o desempenho de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), no setor econômico.
É importante destacar que a pontuação da estratégia de RSC demonstra as práticas que uma empresa adota para comunicar as tomadas de decisões pautadas nos aspectos de dimensão econômica (financeira), social e ambiental. Nesse sentido, o Brasil se destaca na América do Sul, já que 76% das empresas entrevistadas confirmaram que adotam essa atividade corporativa.
No entanto, a professora de pós-graduação na área de meio ambiente do Senac EAD, Silene Bueno de Godoy Purificação, explica que aderir ao ESG é muito mais do que conhecer os princípios desse conceito. “É fundamental que a empresa esteja efetivamente engajada em uma gestão sustentável, e ainda, que os colaboradores, internos e externos e toda a comunidade de stakeholders sejam mobilizados em relação aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030”.
Outro ponto que merece destaque é compreender a diferença entre ações de sustentabilidade e de ESG. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), definiu como ações de desenvolvimento sustentável “aquelas que não esgotam os recursos para o futuro”. Desse modo, é válido ressaltar que o tema não é novo no mercado, mas conquistou espaço e adesão, a partir do interesse crescente pelo termo ESG — Environmental, Social, and Corporate Governance.
“O conceito ESG vem sendo utilizado no mundo dos investimentos para representar fatores ambientais, sociais e de governança, utilizados como critério de análise que vão além de questões econômico-financeiras. Desse modo, os princípios, diretrizes e práticas devem estar ligados diretamente com a missão, visão e valores das organizações”, argumenta a especialista.
Reformulando as relações de consumo
É importante destacar que os princípios do ESG estão impactando a mudança nas relações de consumo, ainda que de modo inicial no mercado interno. A boa notícia é que o consumo está se tornando um fenômeno de cidadania, já que cada vez mais pessoas adotam hábitos sustentáveis no cotidiano.
Sobre as práticas com maior adesão estão: a valorização do produtor, comerciante, prestador de serviço ou do pequeno empreendedor. “Uma sociedade com justiça social para todos parte do princípio da valorização. Desse modo, é fundamental incentivar micro e pequenos negócios, que adotam propostas sustentáveis e compartilham resultados das ações desenvolvidas no âmbito local”, esclarece Silene.
A professora destaca ainda, a importância de preparar gestores e equipes sobre os conhecimentos ligados às ações de ESG. “A contínua capacitação e atualização levam os profissionais a se preparem para atender às demandas na área e, em especial, adquirirem as competências e habilidades necessárias para uma gestão sustentável, dentro da ética, transparência e atitude empreendedora”.
Quais os desafios dos negócios nacionais?
Uma informação importante sobre as práticas de sustentabilidade realizadas pelas empresas nacionais foi divulgada pela organização Pacto Global. Na atualidade, 83% das organizações participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, já contam com processos de integração dos ODS, em relação a estratégias, metas e resultados.
Nesse sentido, o coordenador de pós-graduação na área de Desenvolvimento Social do Senac EAD, Ernesto Luiz Marques Nunes, avalia que os negócios brasileiros estão acompanhando as mudanças propostas pelo ESG, contudo ainda existem alguns desafios a serem vencidos. “Os resultados registrados não refletem o papel do Brasil como potência ambiental, e muito menos na velocidade que o desafio climático requer”.
Com esse entendimento, podemos elencar os principais gargalos apresentados pelo professor:
– Falta de alternativas biodegradáveis e substitutas para produtos à base de petróleo e derivados, tendo em vista o compromisso nacional de contribuir com a descarbonização da economia interna;
– Baixo índice de parcerias entre universidades e empresas, no que se refere à transferência de “tecnologias verdes”;
– Uma política clara de descarte e reaproveitamento dos produtos criados pela indústria, promovendo uma economia realmente circular.
Na avaliação do especialista, adotar o ESG implica em uma mudança cultural, que não é algo que se conquista no curto prazo. “Esta transformação deve ser ancorada nos valores da organização, e por isso, precisa ser implementada em todos os processos. Desde a concepção de um produto ou serviço, e ainda, em todas as relações que envolvem parceiros e fornecedores”.
Por fim, Ernesto recomenda que todas as esferas da administração pública precisam estar envolvidas em ações que priorizem o ESG. “Nesse sentido, podemos destacar leis, incentivos fiscais, desobstruções burocráticas, como algumas iniciativas importantes e que facilitarão o investimento de empresas, cooperativas e ainda, cidadãos alinhados com a agenda sustentável”, finaliza.
Fonte: Aline de Oliveira Silva