Cotações do trigo subiram durante a semana

Enquanto o mercado aguarda o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este dia 12/09, o bushel de trigo fechou a quinta-feira (08), para o primeiro mês cotado, em US$ 8,10, contra US$ 7,75 uma semana antes

As cotações do trigo, em Chicago, subiram durante a semana, puxadas por declarações do presidente russo em relação a restrições para exportação de grãos da Ucrânia. Com isso, enquanto o mercado aguarda o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este dia 12/09, o bushel de trigo fechou a quinta-feira (08), para o primeiro mês cotado, em US$ 8,10, contra US$ 7,75 uma semana antes.

Dito isso, o trigo de primavera, nos EUA, havia sido colhido, até o dia 04/09, em 71% da área, contra 83% na média histórica. Por sua vez, o plantio da nova safra do trigo de inverno atingia a 3% da área esperada, ficando no mesmo nível da média histórica para esta data.

Já em termos de embarques, na semana encerrada em 1º de setembro, os EUA haviam alcançado 477.657 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Em todo o atual ano comercial do trigo, os embarques atingem a 5,6 milhões de toneladas, contra um pouco mais de 6,6 milhões em igual momento do ano anterior.

Efetivamente, o presidente russo alertou, nesta semana, que pretende discutir alterações no acordo feito com a Ucrânia, visando limitar os países que podem receber remessas de grãos ucranianos. Já para o governo da Ucrânia “a Rússia não tem motivos para revisar o acordo histórico que permite à Ucrânia exportar grãos de portos do Mar Negro e que os termos do acordo de guerra estão sendo estritamente observados”.

Por sua vez, ainda na Ucrânia, o plantio da nova safra de trigo de inverno se iniciou. Devido à guerra, a área total com o cereal poderá recuar de 4,6 milhões para 3,8 milhões de hectares. A Ucrânia colheu 19 milhões de toneladas de trigo neste ano, em comparação com cerca de 32,2 milhões de toneladas em 2021. (cf. Money Times)

E, aqui no Brasil, os preços do trigo voltaram a recuar nesta semana. A média gaúcha, no balcão, ficou em R$ 94,56/saco, enquanto no Paraná os preços oscilaram entre R$ 98,00 e R$ 100,00/saco.

Neste contexto, importante se faz destacar que, após o país quase dobrar sua produção de trigo em três anos (considerando uma safra cheia no corrente ano), vem encontrando dificuldades para comercializar o produto. A ponto de analistas do setor alertarem para a possibilidade de redução na área semeada no próximo ano (2023). Segundo os mesmos “…foi perdida a grande chance de se fixar, no mercado futuro, preços do trigo da safra 2022/23 a valores equivalentes a R$ 134,00/saco, para o agricultor, nos meses de fevereiro e maio passados, o que cobriria todos os custos”. Com isso, há acúmulo de estoques disponíveis, pois nem um milhão de toneladas teria sido realmente negociado, da atual safra que começa a ser colhida neste mês de setembro, tanto em exportação quanto no mercado interno. Isso pode pressionar os preços internos do cereal para baixo, a partir do final do ano, quando terminar a colheita, se realmente ela vier cheia.

Os analistas justificam a afirmação de que a oportunidade foi perdida porque, em se considerando o ponto de vista do produtor, para um custo projetado para dezembro ao redor de R$ 113,45/saco, o preço de venda do trigo, no mercado de lotes, teria que ser de aproximadamente R$ 1.967,06/tonelada – número que nem o mercado interno (que já está ao redor de R$ 1.700 para outubro, tanto no Rio Grande do Sul, quanto no Paraná), nem o mercado de exportação (R$ 1.660,00 para dezembro) pagam neste momento. Assim, para manter o equilíbrio dos preços e do quadro de oferta e demanda, o Rio Grande do Sul, por exemplo, precisaria escoar cerca de 3,5 milhões de toneladas, porém, até o momento vendeu apenas 520.000 toneladas (15% do necessário), acumulando grande disponibilidade para os meses de colheita. Uma situação que precisa ser muito bem monitorada a partir de agora.

A análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA

Fonte: Agrolink