O manejo, o planejamento das instalações e a adoção de protocolos de limpeza são fatores-chave para melhorar a resistência das bezerras. A doutora em Clínica Veterinária, Viviani Gomes, palestrou sobre o tema no último debate do “Painel gado jovem: investindo no futuro da fazenda” desta quarta-feira (10), segundo dia do 10º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL).
As principais causas de morte em bezerras com até 60 dias são as diarreias e doenças respiratórias. Apesar de essas enfermidades terem múltiplas origens, a contaminação está diretamente relacionada a elementos como o manejo de colostragem, os fatores de risco associados ao hospedeiro e as condições do ambiente.
“Esses estão entre os principais desafios sanitários na criação de bezerros. Dependendo do rebanho e dos fatores de risco, a doença respiratória vai atingir de 20% a 70% das bezerras nos sistemas de produção. Enquanto nas bezerras lactantes a ocorrência de diarreia é maior, levantamentos apontam que nos animais a partir do desaleitamento é o risco de contrair doença respiratória que aumenta”.
O impacto dessas doenças na performance desses animais é profundo. “As bezerras com histórico de diarreia ou doença respiratória apresentam redução do ganho de peso diário, maior risco de mortalidade até um ano de vida, menor produção de leite na primeira lactação, além de menores teores de proteína e gordura no leite”, assinalou.
Viviani citou cinco vias principais de transmissão de agentes biológicos nocivos. São o contato direto, inalação de aerossóis, ingestão oral, contato indireto por meio de fômites e vetores. Segundo a médica veterinária, medidas de manejo apropriadas são aliadas para romper com o ciclo de transmissão dos agentes infecciosos entre os animais. “Precisamos olhar para a adequação de manejo e instalações com foco no bloqueio das principais vias de transmissão”.
Contar com instalações bem planejadas e protocolos de limpeza e desinfecção corretos, também contribui profundamente para aprimorar a resistência das bezerras. “Escolher bem as instalações pode prevenir uma série de doenças no sistema de criação, o que resultará em melhores índices sanitários, menor mortalidade e melhor performance futura”.
Entre os equipamentos de manejo que podem ser usados com esse objetivo de aprimorar a biosseguridade, a especialista citou o sistema de alojamento individual. “Minha escolha são os alojamentos individuais, principalmente aqueles com colocação de placas sólidas entre as bezerras. Temos estudos que mostram que os sistemas individualizados diminuem a transmissão de doenças por contato direto e aerossóis. Por outro lado, os alojamentos coletivos apresentaram bezerras com maiores chances de desenvolverem doenças respiratórias”, afirmou.
A doutora ainda chamou a atenção para os cuidados com o clima das instalações. É imprescindível evitar a exposição a correntes de ar extremas e procurar manter a umidade relativa do ar entre 50% e 70%.
Para concluir, Viviani pontuou os desafios para desenvolver um olhar mais voltado para a biosseguridade. “Devemos encontrar um equilíbrio entre imunidade e desafio microbiológico, cuidar do manejo e instalações que influenciam o conforto térmico dos animais e impactam na disseminação de doenças, bem como a adoção de protocolos de limpeza para reduzir a carga microbiana”, finalizou.
Fonte: MB Comunicação