Desde a década de 1970 que as safras agrícolas brasileiras estão numa curva ascendente e resultam de dezenas de condicionantes associadas e destacando-se três delas; mercados, tecnologias e adoção de inovações pelo produtores rurais e sejam eles familiares, médios e empresários do agronegócio brasileiro, com suas respectivas características econômicas, sociais e ligadas aos recursos naturais (solo, água, fauna e flora).

São sistemas produtivos sinergicamente integrados exigindo, portanto, compartilhamento de saberes e experiências durante todos os ciclos produtivos e reprodutivos das culturas e criações, e tracionados pelos mercados interno e externo, sem subestimar as ofertas crescentes de produtos orgânicos e agroecológicos.

Além disso, continua indispensável numa perspectiva de tempo internalizar que a qualidade dos produtos alimentares é parte indissociável do padrão de qualidade ou segurança alimentar, pois essa padronização não pode ser episódica, sendo a base das agroindústrias, e dos alimentos consumidos in natura essenciais à saúde pública!

Portanto, são ganhos sequentes da pesquisa agropecuária, pública e não governamental, bem como no acesso à assistência técnica, extensão rural, incluindo-se os programas do agro na televisão, bem como as publicações técnicas, internet fixa e móvel, suplementos e páginas agropecuárias, dias de campo e concursos de produtividade.

Outrossim, ampliando o acesso ao conhecimento científico e tecnológico e universalizando, no que lhes compete, novos saberes e boas práticas sustentáveis nas artes de plantar, criar, abastecer e exportar. Faz-se pesquisa agropecuária no Brasil há mais de um século e registrando-se o pioneirismo das primeiras instituições de pesquisa e os esforços dos mais antigos pesquisadores agrícolas brasileiros.

Vale registrar, entre outras escolas de agricultura e agronomia, que a primeira instituição de pesquisa agrícola no Brasil foi o “Imperial Instituto Baiano de Pesquisa” criado em 1859 (Google).

Sabendo-se que os fatores água, solo, fauna, flora, clima, luminosidade e tecnologias atuam sistemicamente sobre os desempenhos das culturas e criações nos ganhos de produção, produtividade e qualidade nos cenários rurais, e somando-se ainda os caminhos adicionais do agronegócio do campo à mesa do consumidor; lógica da produção, distribuição e consumo. A oferta regular de grãos associa-se diretamente na produção de leite, carnes (bovina, suína e frangos), ovos, rações animais, entre outros.

Noutros cenários, avançam as pesquisas nas biotecnologias, insumos agropecuários, defensivos biológicos, agro fertilizantes, rochagem, melhoramentos genéticos, controles mais eficientes das pragas e doenças causadas por fungos, vírus, bactérias, insetos sugadores, mastigadores, nematoides, que aos trilhões atacam as plantas alimentares em milhões de hectares anuais no Brasil.

Comparando 1976/77 com 2022/23, a área cultivada com grãos passou de 37,3 milhões de hectares para 77 milhões ou mais 106,4%. Na mesma comparação, a oferta de grãos cresceu de 46,9 milhões de toneladas para a estimativa de 312,5 milhões e avançando 566,3% (Mapa/Conab).

Entretanto, o café, que é um grão, coloca o Brasil como o primeiro produtor e exportador mundial reafirmando essa liderança, e tendo Minas Gerais como o maior produtor nacional e maior exportador de café arábica (70%). Na safra cafeeira 22/23, a oferta brasileira é estimada em 54,94 milhões de sacas beneficiadas, e Minas Gerais com a produção de 27,49 milhões de sacas (50%)(Conab-1º Levantamento).

Faz-se justo assinalar, enquanto alimentos, que a oferta mineira de leite passou de 19,7 bilhões de litros em 2000 para 35,3 bilhões em 2021 (+ 79,1%), com a liderança de Minas Gerais (IBGE/Embrapa). O estado oferta ainda queijos, azeites, cachaças e cafés, dentro de padrões técnicos, e premiados em eventos nacionais e internacionais, bem como as frutas e sucos exportados atendem aos requisitos sanitários exigidos!

De janeiro a março de 2023, as exportações do agro brasileiro somaram US$ 36 bilhões e responderam por 47,2% das exportações totais do Brasil (Mapa), sendo que o agro mineiro, no 1º trimestre de 2023, exportou US$ 3,1 bilhões, destacando-se café (42,8%); complexo soja (26,1%); carnes (8,9%) = 77,8% (Seapa).

Por:  Benjamin Salles Duarte / Engenheiro agrônomo