Dia de campo -pecuária de leite reúne 400 pessoas em Rio Verde

No último sábado, 13/05, a Fazenda Rio Preto, no município de Rio Verde recebeu 400 pessoas entre produtores rurais e estudantes para conhecer as últimas tendências e soluções para melhorar a produção e renda com a venda de leite. A propriedade do Ney Alves Lima é um exemplo de Caso de Sucesso com a Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás (ATeG). Os visitantes puderam conferir de perto as transformações realizadas com o acompanhamento do técnico de campo, além de participar de estações de conhecimento e palestras.

“Uma coisa é falar da ATeG, outra é mostrar ela na prática. E com o dia de campo conseguimos mostrar isso para muita gente em loco. Hoje estamos recebendo caravanas de Rio Verde, Novo Gama, Quirinópolis, Caçu e outras regiões do estado. Além da pecuária de leite estamos mostrando as possibilidades de assistência técnica gratuita em todas as nossas oito cadeias, como: agricultura, apicultura, fruticultura, horticultura, pecuária de corte, piscicultura, agroindústria artesanal”, destaca o superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges.

O Dia de Campo do Senar Goiás foi realizado com o apoio do Sindicato Rural de Rio Verde (SRV). Os interessados no acompanhamento gratuito, oferecido através da ATeG, podem procurar um dos SRs do estado. “Na ATeG, fazemos um diagnóstico detalhado da realidade produtiva, econômica e financeira da propriedade e, a partir daí, juntamente com os objetivos e metas de cada produtor assistido traçamos o planejamento estratégico para atingi-los. Os resultados até hoje são impressionantes, mudando a realidade das pequenas e médias propriedades de Goiás”, conta Guilherme Bizinoto, gerente de ATeG do Senar Goiás.

Conheça a história do produtor rural que cedeu a propriedade para a realização do evento

Pequenas mudanças, grandes transformações

Produtor de leite de Rio Verde tem margem de lucro de 50% com Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás

Ney Alves de Lima já morou na cidade. Trabalhou em um supermercado em Rio Verde, município do Sudoeste goiano. Mas foi no campo que se encontrou quando, há 15 anos, a esposa recebeu do pai um terreno de 48 hectares, sendo 35 hectares de área útil. “Eu comecei a trabalhar na propriedade com gado de leite. Cheguei a tirar 800 litros de leite. Mas, com o passar do tempo, a pastagem foi piorando e quando vi, mal conseguia cobrir os custos. Entregava 180 litros de leite. Uma produção com média de oito litros por vaca. Tinha decidido que ia vender os animais e tentar mexer com soja”, lembra o produtor.

Pouco antes de começar a transição, chegou à propriedade o técnico de campo do Senar Goiás, Guilherme Machado e Silva. Ele soube da dificuldade que Ney enfrentava, através de uma empresa de ordenha. “O produtor relatou que estava muito descrente. Problemas em pastagens, com casco dos animais. A silagem tinha acabado antes da hora. As vacas estavam repetindo muito cio. E ainda tinha alteração na composição do leite, que não resistia ao teste do alizarol e, portanto, os laticínios não compravam, sobrando como alternativa vender a produção para uma queijeira. Um prejuízo financeiro imediato. Esse leite instável não ácido, ocorre por causa de uma alimentação desequilibrada dos animais”, descreve o técnico de campo.

Ney disse que Guilherme, ao fazer a análise do que ele dispunha de capital, sugeriu a retomada da produção de leite como uma alternativa mais viável. “Eu decidi então aceitar o acompanhamento. Meio com o pé atrás, eu confesso. Para solucionar o problema imediato, que era a falta de comida para o gado e minha falta de dinheiro para comprar ração, ele sugeriu que eu comprasse casquinha de soja. Rapidamente vi uma melhora na produção das vacas. Eu tinha quatro pastos e, mesmo assim, o gado quase passava fome. Então, em seguida, o técnico me mandou fazer uma análise da terra. Jogamos calcário e fizemos adubação em dois deles e com 15 dias já comecei a ver uma grande mudança. Estava amarelo e enverdeceu. Nos outros dois, plantamos milho para a silagem”, descreve o produtor.

Oito meses depois de começar com a assistência, a propriedade está com pasto sobrando. “Implantamos o sistema de pastejo rotacionado. O destaque é um hectare e meio de pastejo rotacionado, na área de seis hectares. São 30 vacas em lactação, sendo que 16 dessas vacas ficam no rotacionado e as outras 14 se alimentam nos outros pastos. A silagem está sendo feita com

planejamento para ser suficiente durante todo o período seco e dentro de oito meses de assistência saímos de 180 litros de leite para entregar mais de 400 litros de leite por mês. Hoje, a propriedade se encontra bem mais rentável e o produtor recebe quinzenalmente. Na primeira quinzena, ele já consegue repor os custos variáveis. Na segunda quinzena ele tem a margem de lucro. Ou seja, o produtor hoje está com 50% de margem bruta de atividade. Isso vem atribuindo mais qualidade de vida para a família do produtor que está empolgado e satisfeito com a atividade”, informa o técnico.

O trabalho na propriedade deu tão certo que a Fazenda Rio Preto, que fica na região conhecida como Rio Preto, em Rio Verde, foi escolhida para modelo no Dia de Campo do Senar Goiás voltado para a pecuária de leite. “Eu acredito que todos os produtores, principalmente aqueles que estão desacreditados, deveriam dar uma chance para a assistência do Senar Goiás. A gente não paga nada por isso e também somos orientados a fazer as mudanças na nossa propriedade, com os recursos que temos. O técnico nos ajuda a adaptar com soluções com o menor custo possível, até conseguirmos ter uma rentabilidade melhor para fazermos maiores mudanças. Valeu muito eu dar uma chance”, ressalta.

Diagnóstico e estratégias para ter lucro com a produção de leite

A partir de dados das propriedades assistidas pelo Senar Goiás e por meio das visitas de supervisão, verifica-se que a precariedade do setor leiteiro goiano está, principalmente, na falta de estrutura do rebanho, ajustes de controle reprodutivo e investimento em técnicas de produção para melhorar a fertilidade do solo. “A falta de estruturação do rebanho está ligada a não geração de receita em relação à venda de animais e no aumento da quantidade de animais na propriedade. A estratégia de estruturar o rebanho irá gerar receita para a atividade, que poderá ser investida na melhoria da fertilidade do solo. A maioria tem a tendência de segurar todas as bezerras e novilhas que sobrecarrega a atividade em relação à alimentação volumosa e ao custo para a recria de novilhas leiteiras. Os parâmetros de estruturação do rebanho são: 55% de vacas em lactação, 10% de vacas secas, 15% de novilha, 19% de bezerras e 1% reprodutor”, orienta o médico veterinário e supervisor de ATeG do Senar Goiás, Gustavo Lourenzo.

Outro fator importante na propriedade de leite está no acompanhamento mensal por médico veterinário na área de reprodução para se ter boa quantidade de vacas em lactação. “Os fatores que estão relacionados são baixa genética do rebanho, aumento da idade do primeiro parto e falhas reprodutivas que culminam na menor porcentagem de vacas em lactação. Os números ideais são de 83% de vacas em lactação em relação ao total de vacas e 65% de vacas em relação ao total de animais. As melhorias reprodutivas consistem em estratégias a partir dos diagnósticos mensais de gestação”, recomenda.

Gustavo ainda lembra que os resultados dos problemas reprodutivos estão relacionados à baixa disponibilidade de forragem. “A forragem é o fator mais importante em uma propriedade leiteira, sabendo que os bovinos são ruminantes e sua alimentação principal são as forragens. No Brasil, com clima bem definido entre estação chuvosa e seca, temos que produzir pastagens no período chuvoso para os animais poderem pastejar e, produzir alimentação para ser armazenada e usada no período seco. Existem outras estratégias de alimentação, até mesmo em sistema confinado, porém, a forrageira de menor custo está relacionada aos capins tropicais”, acrescenta.

O primeiro passo para esse tipo de alimentação ser bem-sucedido é realizar uma análise do solo e posterior interpretação. A partir disso, deverão ser realizadas as técnicas necessárias de correção e adubação da terra. “Juntamente com isso vem a gestão da propriedade através de técnico capacitado para interpretação e tomada de decisão, a partir de resultados econômicos. Em resumo, o controle econômico da propriedade é essencial para o sucesso da atividade. O Senar Goiás disponibiliza técnico de campo com o intuito de uma assistência técnica e gerencial que proporciona as melhorias mencionadas acima. Portanto, o sucesso da propriedade está relacionado com os fatores mencionados acima e juntamente com um técnico capacitado para implementação de técnicas de estruturação de rebanho, controle reprodutivo, melhoria da alimentação volumosa com foco na intensificação do uso da área e ajustes nutricionais que estão relacionados ao item básico de uma propriedade de leite, que é o controle leiteiro mensal”, reafirma o supervisor de ATeG.

O acompanhamento técnico se faz cada vez mais necessário. Goiás já esteve em 4º lugar na produção nacional de leite. Hoje ocupa o 7º. Queda causada pelos altos custos de produção e de migração de atividades por parte dos pecuaristas. “Os cenários de preços do ano de 2022 foram os melhores para a cadeia do leite nos últimos tempos e tendem a estabilização a partir do ano de 2023. A tendência para o futuro é que os produtores que estão com pouco incremento tecnológico deixem a atividade e, aqueles que fazem o básico mencionado neste texto aumentem sua produção de leite e continuem no mercado. O planejamento a médio e longo prazo é fundamental para a continuidade do produtor na atividade com tendência de diminuição do número de produtores e aumento da produção diária dos produtores e da produtividade por área, que pode ser de até 18.000 litros por hectare ao ano, em relação a área útil”, orienta Gustavo.

Fonte: Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag