Dia do Pescador: Exportações de pescado brasileiro atingem marco histórico, mas setor artesanal busca oportunidades

Incentivos para a exportação e estudos sobre os pescadores artesanais pode ampliar a participação do país internacionalmente

A pesca artesanal está diretamente ligada a alimentação do brasileiro, mas o setor ainda pode crescer mais com o comércio exterior. Porém, desde 2008, o Brasil não tem uma estatística pesqueira oficial, para saber quantos trabalhadores estão ligados a esse tipo de trabalho. Hoje o Brasil tem 70% da sua base alimentar vinda da pesca familiar. Porém, o segmento tem grande potencial e oportunidades, principalmente nos mercados latino-americanos.

De acordo com informações fornecidas pela Embrapa em colaboração com a Associação Brasileira de Psicultura, as exportações de pescado do Brasil registraram um crescimento expressivo no ano de 2022. Com um faturamento de US$ 23,8 milhões, houve um aumento de 15% em comparação aos anos anteriores, representando um marco histórico para o setor. Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, um planejamento efetivo em esfera nacional pode ampliar ainda mais a participação da pesca artesanal, principalmente incentivando a exportação por meio de parcerias e incentivo federal.

“Um fato é que muito do que é pescado no Brasil ainda é pouco exportado. O Brasil se mostra como uma potência quando tratamos da exportação, mas a falta de um estudo amplo e um projeto nacional para os pescadores artesanais, até mesmo incentivando-os na ampliação de seus mercados, faz com que tenhamos um potencial escondido pela falta de investimentos”, afirmou.

Pesquisa feita pelo Maramar para a Gestão Responsável dos Ambientes Costeiros e Marinhos, mostraram que o Brasil possui cerca de 650 unidades de pesca, sendo 73% voltadas para peixes, 19% crustáceos e 8% moluscos, essa produção dá por volta de 560 mil toneladas, sendo que apenas 98 grupos de espécies pescadas foram identificados.

“A piscicultura tem um potencial de ampliação, principalmente quando falamos da produção artesanal. Sabemos que é algo complexo, mas as oportunidades que são dadas hoje aos agricultores familiares podem potencializar o segmento, algo que pode expandir ainda mais a nossa produção voltada para a exportação”, defende Pizzamiglio.

A pesca artesanal, tem contribuído muito para o mercado nacional, pois hoje no Brasil possui cerca de 1,5 milhões de pescadores artesanais e em alguns locais a pesca significa cerca de 80% da economia local.

No estado do Amazonas, o consumo médio de pescado é maior do que a média do país todo, chega a 93%, isso se dá pelo fato da população consumir peixe pelo menos uma vez na semana, já em outros estados do Brasil o consumo é bem menor. Estudos apontam que a pesca artesanal tende a ser mais saudável, visto que a pesca comercial, muita das vezes tem a presença de componentes químicos e o uso intensivo de ração na alimentação desses animais.

No Brasil esses trabalhadores estão cada vez mais vulneráveis, isso por que eles disputam espaço com os grandes fornecedores, esses profissionais na maioria das vezes são pessoas de comunidades ribeirinhas, caracterizado por uma produção em escala menor, por embarcações menores.

Porém, o especialista aponta que programas do governo e incentivo ao empreendedorismo, como já existe para a agricultura familiar, tal como um estudo amplo sobre o tema, pode mudar a realidade de muitas famílias. “O nosso país vive em um cenário de necessidade de ampliação da exportação e participação no mercado externo e, nesse dia do pescador, é importante destacar o papel fundamental que a pesca artesanal representa para todo o Brasil”, completou o executivo.

Fonte: Yuri Ferraz Lima