Dia Mundial dos Pulses: leguminosas para uma alimentação saudável

*Por Valter Casarin

O Dia Mundial dos Pulses, ou seja, o Dia Mundial das Leguminosas ocorre todos os anos em 10 de fevereiro. São as Nações Unidas que fixaram esta data desde 2019, sendo uma oportunidade para destacar os benefícios nutricionais das leguminosas e a sua contribuição para sistemas alimentares sustentáveis e para um mundo livre da fome.

As leguminosas referem-se a plantas cujos frutos comestíveis estão contidos em vagens. Esta família reúne uma grande variedade de espécies vegetais cultivadas em todo o mundo: soja, amendoim, feijão, ervilha, grão de bico e lentilha são as leguminosas mais cultivadas. As leguminosas também são destinadas ao consumo animal com culturas como a ervilha proteica, a fava e o tremoço. Finalmente, as leguminosas forrageiras abrangem principalmente a alfafa, mas também o trevo e a ervilhaca.

As leguminosas são um bem indispensável para enfrentar os desafios relacionados com a pobreza, a segurança alimentar, a saúde humana e a nutrição, bem como a saúde do solo e o ambiente; participam assim na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da iniciativa Hand in Hand da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

As leguminosas eram bem conhecidas há séculos nas antigas civilizações da África, Índia, Ásia Central, China, América Central, América Latina e Sudeste Asiático. A produção e o consumo de leguminosas em muitos destes países remontam a milhares de anos (6.000 a 8.000) e ainda hoje fazem parte da dieta diária.

Tradicionalmente, o cultivo de leguminosas visava a rotação de culturas para enriquecer o solo com numerosos nódulos e bactérias fixadoras de nitrogênio, mas também para fornecer alimentos nutritivos aos seres humanos. Além disso, as cascas retiradas das leguminosas servem para alimentar os animais domésticos, formando assim uma cadeia sustentável no sistema alimentar.

Estas sementes secas de leguminosas comestíveis são muito ricas em fibras e proteínas e possuem uma composição única de carboidratos. Devido ao seu alto perfil nutricional, são adequados para todos os setores da sociedade. O valor nutricional das leguminosas torna a refeição completa, pois as leguminosas fornecem proteínas de alta qualidade, minerais como magnésio, cálcio e zinco, além de fibras, juntamente com carboidratos de qualidade. As leguminosas também desempenham um papel importante na saúde intestinal e na microbiota.

Devido ao elevado perfil nutricional e aos aspectos de saúde das leguminosas, não é de admirar que a procura por leguminosas tenha aumentado e esteja aumentando ano a ano em um ritmo frenético. Além disso, as leguminosas requerem menos água para crescer e, portanto, têm uma pegada de carbono muito menor. Quer sejam grão-de-bico, lentilhas, ervilhas ou vários feijões, as leguminosas estão a fazer parte da nossa dieta, graças às inovações na ciência das plantas e à crescente consciencialização pública que conduz a uma agricultura orientada para o mercado.

Quem não come leguminosas deveria tornar isso um hábito hoje. Uma dieta que inclua leguminosas permite uma alimentação mais sustentável, rica, nutritiva e saudável, com pratos saudáveis para a família e um enorme efeito, embora indireto, no sistema imunitário do organismo.

A NPV trabalha para aumentar a consciência sobre a importância das leguminosas para a nossa saúde e para o planeta. Contudo, as características favoráveis das leguminosas só serão alcançadas se elas tiverem à sua disposição os nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento. O fato dos solos brasileiros apresentarem limitações na disponibilidade de nutrientes, se faz necessário o uso de fertilizantes em quantidades corretas e na época e local correto. Essa é a forma de produzir alimentos com respeito ao ambiente, pois as leguminosas representam, na agricultura, um verdadeiro interesse ecológico e econômico.

*Valter Casarin é coordenador geral e científico da NPV – Nutrientes para a Vida.

Fonte: Rafaela Ferreira Dias