Pastagens mais produtivas e rebanhos com mais qualidade é o que buscam os produtores da região sudeste do Pará, responsável por 70% da produção de leite do estado. E a assistência técnica tem um papel fundamental nesse processo, por isso, a Embrapa Amazônia Oriental realiza no município de Novo Repartimento, o curso “Tecnologias para produção de leite de qualidade com base em pastagens”, para extensionistas e técnicos da região.
O curso vai acontecer nos dias 07, 08 e 09 de abril e é voltado ao extensionistas e técnicos rurais ligados à Cooperativa de Produtores de Novo Repartimento (Coopercau), que atende pequenos produtores da mesorregião Sudeste Paraense. É nessa região que, segundo a Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE, está localizado o segundo maior produtor de leite do estado, o município de Piçarra, com produção estimada em 24,2 milhões de litros em 2013.
A produção leiteira do Pará, alcançou 539,5 milhões de litros em 2013, sendo uma atividade característica de pequenos produtores. “Com tecnologias simples e boas práticas de manejo, é possível dar um salto de qualidade no rebanho e nos produtos gerados”, destaca o zootecnista Bruno Giovany de Maria, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.
Cinco tecnologias relacionadas ao manejo e melhoramento dos animais e da pastagem serão apresentadas aos técnicos da cooperativa no curso, que está dividido em parte teórica e prática. “Na ocasião faremos uma visita técnica a uma propriedade da região para demonstrar práticas de ordenha higiênica”, explica Bruno de Maria. No rebanho dessa propriedade, os pesquisadores vão também avaliar o fenótipo – as características observáveis, como conformação, tamanho, estrutura de pernas e pés e sistema mamário – dos animais em lactação e sugerir melhorias no rebanho por meio da seleção de tipo e produção.
Melhoramento – Na visita à propriedade leiteira será demonstrada a tecnologia de seleção genética para melhoramento de gado leiteiro. O pesquisador explica que a base genética de produção de leite no Pará está alicerçada em animais de baixíssima aptidão leiteira, a média estadual de produção está em torno de 730 litros/vaca/ano, valor muito aquém da média nacional, 1.400 litros/vaca/ano. “Em geral, o rebanho paraense produz 3 a 4 litros de leite por dia , enquanto, em sistemas intensivos o produtor deve buscar 15 litros de leite em média, ou pelo menos entre 10 a 12 litros de leite por vaca/dia em regime de pastejo exclusivo”, completa Bruno de Maria.
Portanto, identificar os melhores animais do rebanho, os mais produtivos e corrigir deficiências que prejudicam o manejo e a reprodução são etapas fundamentais para que o produtor selecione suas melhores matrizes e conduza o acasalamento com sêmen de touros produtivos. “Diferente das ações de manejo e nutrição do rebanho, que são extremamente importantes no processo, o ganho genético é duradouro, ou seja, uma vez alterado o nível de produção do rebanho, ele é perene”, explica o pesquisador Bruno de Maria.
Outro ponto a ser abordado é a qualidade do leite, especialmente quanto aos padrões de higiene no manejo e ordenha, estabelecidos pela Instrução Normativa nº 62/2011, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os pesquisadores vão apresentar boas práticas de ordenha, que evitam a contaminação do leite por medicamentos e micro-organismos. “Essa contaminação interfere no rendimento do produto dentro das indústrias, no tempo de prateleira dos produtos lácteos nas gôndolas de mercados, e na confiança do consumidor”, finaliza o pesquisador.
Por: Ana Laura Lima (MTb 1268 PA)
Embrapa Amazônia Oriental