A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé, a Cooxupé, recebeu no dia 1º de agosto o professor doutor Pedro Leite da Silva Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, para a realização de uma palestra. O clima foi o principal tema do encontro, onde o especialista falou sobre o fenômeno La Niña e o que pode acontecer nos próximos meses do ano.
Segundo Dias, com o aparecimento do La Niña no mês de maio, situação em que a temperatura do oceano Pacífico na região do Equador e Peru ficou fria e abaixo do normal, o mês de setembro deste ano pode ser impactado com períodos de chuvas abaixo do normal. Ele afirma existir três fatores que evidenciam este fato e que estão interligados entre si. O primeiro deles é que os centros mundiais especializados em clima, ao fazerem as avaliações para este ano, indicam que haverá chuvas abaixo do normal para os trimestres agosto-setembro-outubro e setembro-outubro-novembro. O segundo fator é que as chuvas na região sudeste do país sofrem um controle em escala intrasazonal, ou seja, períodos de 30 a 40 dias intercalados por períodos secos e chuvosos. “Analisando o último ciclo com um período chuvoso no final de maio/começo de junho e depois a entrada de uma frente fria perto do dia 18 de julho podemos prever uma situação desfavorável para a formação de novas frentes frias no período de setembro”, explica Dias. Ele ressalta que apesar de se tratar de uma previsão, esta regularidade intrasazonal deve manter a previsão.
O terceiro e último fator, segundo ele, está relacionado com a temperatura nos oceanos e a ocorrência do La Ninã no oceano Pacífico. “Se houver a presença de anomalias de temperatura quente no Oceano Atlântico Equatorial, na faixa entre o continente Africano e a América do Sul, e anomalias de temperatura fria na costa da África que está para o Oceano Índico, é possível que o período de chuva nos continentes se atrase e não ocorra em setembro. Hoje, se tirarmos uma fotografia e analisarmos as anomalias, percebemos que todos estes episódios estão acontecendo. Isso evidencia muito mais a previs ão de que o mês de setembro será seco e com chuvas abaixo do normal”, avalia o especialista.
Dias ainda alertou para o chamado “início falso” do período de chuvas, que pode acontecer no final do mês de agosto e começo de setembro, assim como ocorreu no ano de 2015, o que pode trazer “falsas esperanças”. “Os cafeicultores devem ficar em alerta e usar de outros meios para garantir a produção saudável da lavoura. Uma boa dica é usar massa seca perto dos pés de café, assim evitando a evapotranspiração que pode ocorrer em um processo mais acelerado devido às altas temperaturas depois desse pequeno período de chuva”, completa.
Pedro Dias também adiantou duas previsões para 2017. O inverno deve ser mais frio do que a média esperada e no próximo verão – entre dezembro e março – a probabilidade de chuvas extremas ao final do dia deve ser menor.
Fonte: Cooxupé