Paolla Lucchin desenvolveu método próprio com base nos conhecimentos sobre cavalo, neurociência e comportamento humano
Quem foi ao cinema ou frequentou as antigas locadoras no final dos anos 90 lembra do roteiro de um filme onde um cavalo e uma adolescente, traumatizados física e psicologicamente devido a um grave acidente, são levados à fazenda de um treinador que se mostra especialista no comportamento humano e animal. Transpondo as telas, a médica veterinária gaúcha Paolla Lucchin detém este conhecimento e quer compartilhá-lo com proprietários, criadores, veterinários e todos que se relacionam com cavalos de algum modo. Será nos dias 3 e 4 de dezembro, na Ulbra Canoas, que a especialista ministrará o Curso de Comportamento Equino, realizado pela Athena.
No curso, Paolla apresentará o método R.E.A.C.T. , desenvolvido por ela. Trata-se de uma metodologia que mescla o comportamento humano e animal. “Por muito tempo eu trabalhei com reabilitação de cavalos traumatizados não só fisicamente como também psicologicamente, mas sentia uma certa frustração, pois entregava o cavalo perfeito, ótimo, recuperado, e em uma semana ele voltava a ter problemas ainda piores”, conta. Segundo ela, foi então que compreendeu a necessidade de trabalhar com pessoas, conhecê-las. “E entender como as coisas aconteciam para mudar a realidade dos animais”, completa.
Alguns problemas na relação ser humano X animal, a veterinária conta que pode acontecer logo após o nascimento. “Quando ainda são potros, principalmente antes dos dois anos, os cavalos se sentem presos, têm medo naturalmente, porém, são muito curiosos. Algumas pessoas, ao invés de usar esta curiosidade ao nosso favor, acabam se aproximando e agarrando à força e, com isso, a primeira sensação e conhecimento que eles têm do ser humano é contenção e o cavalo é um animal claustrofóbico”, explica Paolla. Esta claustrofobia, segundo a especialista, não se refere apenas a estar em um ambiente fechado, mas sim de se sentir preso. “Acontecem acidentes terríveis simplesmente por deixar o cavalo contido, não dar a ele a possibilidade de andar e usar uma angulação de aproximação errada”, destaca a veterinária. Ela ressalta, ainda, que na medicina veterinária acontecem mais acidentes do que, até mesmo, na construção civil, pois com um animal que pesa cerca de 400 quilos, até mesmo sem intenção, ele machuca.
A técnica correta de aproximação do humano ao cavalo que ensina Paolla Lucchin, lembra um dos momentos da técnica de doma de Monty Roberts, retratado na película de Robert Redford: quando ele se afasta, dá as costas para o cavalo e este se aproxima, demonstrando sua confiança. “A forma mais adequada de nos aproximarmos de um cavalo é sempre posicionando o corpo mais lateralmente, e indo pelo lado dele em direção à escápula, paleta e nunca levando a mão na cara. A mão se aproxima como que convidando ele a nos cheirar e ver que ele pode confiar”, descreve. Especialista em neurociências, Paolla também garante que o cavalo pode sentir os cheiros que nosso corpo emana conforme nossos sentimentos.
Para obter mais informações e saber como participar do curso de Comportamento Equino que será realizado nos dias 3 e 4 de dezembro, na Ulbra Canoas, o interessado deve acessar o perfil da veterinária no Instagram pelo @paollalucchin.
Fonte: AgroEffective