Estratégias de nutrição adequadas ajudam a reduzir emissão de carbono na suinocultura

Aumentar a digestibilidade e reduzir os excessos de nutrientes fornecidos aos animais são algumas das alternativas para incrementar a sustentabilidade da produção, segundo especialista da Vaccinar

Implementar ações e tecnologias que aumentem a sustentabilidade da produção da cadeia suinícola com objetivo de reduzir a emissão de carbono vem ganhando força no país, segundo o especialista em Nutrição de Suínos da Vaccinar, Marcos H. Soares. Ele explica que a maior parte dos gases de efeito estufa da atividade são produzidos, principalmente, na decomposição dos dejetos, sob condições anaeróbicas. “Dessa forma, para aumentar a sustentabilidade do sistema, a estratégia passa pela redução da concentração de nutrientes no dejeto ou pela realização do tratamento adequado do mesmo”, diz.

E há duas principais formas de reduzir a emissão de carbono na suinocultura, a primeira é aumentar a eficiência no uso dos ingredientes e a segunda, é realizar o tratamento adequado dos resíduos. “Na alimentação dos suínos, utilizar estratégias para aumentar a digestibilidade dos nutrientes, além de reduzir os excessos de nutrientes fornecidos aos animais, ajudam a baixar a emissão de carbono”, observa.

Soares afirma que as formulações devem ser pautadas pelo conceito de proteína ideal, formulado baseado em aminoácidos digestíveis, a fim de reduzir o excesso de proteína e aminoácidos fornecidos aos animais, o que provoca redução na excreção de nitrogênio no ambiente. Além disso, melhora a eficiência alimentar dos animais, devido ao menor gasto de energia para metabolizar e excretar o excesso de nitrogênio vindo dos aminoácidos. Dessa forma, a redução na concentração de proteína bruta está correlacionada positivamente com a redução no volume de dejetos.

Outra estratégia, conforme o especialista da Vaccinar, é o uso de enzimas exógenas na nutrição, que promovem redução da excreção de fósforo e outros nutrientes, como cálcio e microminerais, e aumentam o aproveitamento destes nutrientes que estariam indisponíveis para o animal, melhorando assim a eficiência alimentar. “O uso das enzimas deve ser avaliado de acordo com a fase de produção animal e do tipo de ingrediente utilizado na ração, a fim de avaliar a relação de substrato para atuação das enzimas”, observa.

A mudança na fonte de minerais utilizados na formulação das dietas também é considerada uma estratégia eficiente do ponto de vista ambiental e também visando aumentar a eficiência de sua utilização pelo animal. Outra estratégia é o uso de ingredientes que também reduzam a incidência de diarreia pós-desmame e que não promovam impacto negativo no ambiente.

FASES

Soares lembra que o aumento no número de fases de alimentação permite reduzir os níveis de nutrientes fornecidos ajustando melhor o fornecimento à exigência nutricional dos animais, reduzindo o excesso de nutrientes excretados pelos animais, diminuindo assim o impacto na produção de gases de efeito estufa.

Na fase de terminação, o uso da ractopamina faz com que os animais demorem três dias a menos em média para atingirem o peso de abate, reduzindo assim a geração de dejetos e o impacto ambiental que os dias a mais de alojamento do plantel proporcionaria. Outro manejo alimentar praticado nessa fase é a restrição alimentar, utilizada com o intuito de reduzir a deposição de gordura na carcaça e melhorar a conversão alimentar, mas devido ao consumo reduzido de ração a taxa de passagem do alimento pelo trato gastrointestinal também é reduzida, possibilitando maior tempo de atuação enzimática sobre os nutrientes, aumentando a eficiência de digestão e absorção, o que promove redução da excreção diária dos nutrientes, principalmente fósforo, nitrogênio e microminerais.

Levando em conta as questões de manejo, o especialista recomenda atenção também à forma de castração dos suínos. De acordo com ele, para aumentar a eficiência de utilização dos nutrientes e reduzir a emissão de carbono técnicas de imunocastração são as mais indicadas, pois permitem aproveitar a máxima eficiência alimentar e de deposição muscular dos animais por maior período, o que reduz a geração de dejetos e a concentração de nutrientes presentes nos mesmos. “Além de reduzir os nutrientes excretados, os produtores devem se atentar às estratégias de tratamento que mais se adequem ao tipo de dejeto gerado em suas propriedades a fim de reduzir as emissões de carbono pela suinocultura”, alerta.

Fonte: Assessoria 2 Press Comunicação