O Sistema Faeg esteve presente no 2º Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, que aconteceu nesta terça-feira (31), em Brasília no Sistema CNA e também na Câmara dos Deputados. Parlamentares ligados ao setor agropecuário, representantes do setor leiteiro e caravanas de produtores de várias regiões do país discutiram ações e medidas, que foram reivindicadas junto ao governo federal, para minimizar os efeitos adversos que os produtores enfrentam com os baixos preços pagos pela matéria-prima e pelas importações excessivas e desleais de leite em pó subsidiado ( em até R$ 0,42/litro de leite), principalmente da Argentina.
A presidente da Frente Parlamentar em apoio ao Produtor de Leite (FPPL), deputada Ana Paula Leão (PP-MG), disse que a pecuária leiteira tem mais de 1,1 milhão de produtores e emprega mais de quatro milhões de pessoas, reforçando a importância de o segmento ser respeitado e ouvido pelo governo.
“Tem mais de seis meses que estamos conversando, mas precisamos de mais agilidade porque o produtor não aguenta mais. A situação se agrava a cada dia e a angústia é muito grande porque eles estão perdendo tudo”, relatou.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), também reforçou as tentativas de diálogo junto ao governo. No entanto, ressaltou, as medidas adotadas até agora, como a compra de leite pelo governo para tirar o produto do estoque e tentar recuperar os baixos preços, “ainda não foram sentidas pelo produtor na base”. Lupion também propôs que uma das soluções imediatas seja o fechamento das importações do leite subsidiado da Argentina.
O assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Guilherme Dias, apresentou dados que mostram os impactos negativos das importações o leite em pó importado e subsidiado da Argentina. Segundo ele, a partir de abril de 2022, as importações aumentaram 370%, se mantendo acima de 150 milhões de litros por mês. A estimativa para outubro deste ano é de que supere os 200 milhões de litros. Ele explicou que 98% do leite importado pelo Brasil vem da Argentina, Uruguai e Paraguai.
Dias mostrou também que, de janeiro a setembro deste ano, o Brasil importou 1,5 bilhão de litros superando todo o volume internalizado de 2022. Desta forma, completou, se as importações seguirem o ritmo atual, devem superar dois bilhões de litros em 2023, volume recorde.
“As importações vêm deprimindo o mercado interno em plena entressafra. Enquanto a gente tem um comportamento típico de aquecimento dos preços na entrada do inverno, quando a produção de leite diminui, se considerarmos os dados do campo Futuro produzidos pela CNA, tivemos uma queda em 12 meses de 28% na receita, comprimindo a margem não apenas do grande, mas do pequeno e do médio que são a imensa maioria da nossa base”.
Fonte: Informações da Hora