Para se ter uma ideia da importância do segmento, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), a comercialização dos queijos artesanais de Minas Gerais movimenta cerca de R$ 6 bilhões anualmente na economia do estado.
Para apresentar essas iguarias, reconhecer o trabalho dos produtores e estreitar laços dessa cadeia, a programação do festival inclui diversas atividades como seminários, oficinas, palestras, votação popular do melhor queijo, Agenda de Relacionamento e feira de produtos da agroindústria mineira.
“Há seis anos o festival tem atraído a atenção de visitantes de todo o Brasil e até mesmo de outros países, interessados em conhecer a diversidade e a qualidade dos queijos artesanais produzidos em Minas Gerais. Mais que um evento gastronômico, também tem se tornado uma verdadeira vitrine para promover nossa cultura e nossas origens, gerando novas oportunidades de negócios e aumentando a renda de pequenos produtores mineiros”, afirma o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva
Além disso, neste ano serão 40 expositores, o maior volume desde a primeira edição do evento. Entre eles estão representantes de diversos segmentos como: azeites, mel, cachaças, doces, vinhos e cafés. Em 2023, mais de 21 mil pessoas passaram pelo festival que comercializou cerca de quatro toneladas de queijo durante o período de realização.
“Além de apresentar a diversidade dos Queijos Artesanais de Minas para o grande público, a proposta do evento é valorizar e reconhecer os produtores dessa cadeia tão relevante econômica, social e culturalmente, destacando as regiões produtoras e incentivando novos negócios”, disse o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.
A sexta edição do ‘Festival do Queijo Artesanal de Minas’ acontece simultaneamente à ‘Megaleite 2024’ – considerada a maior exposição de pecuária leiteira da América Latina -, realizada de 11 a 15 de junho, também no Expominas. A parceria permite aos visitantes uma verdadeira imersão na cadeia produtiva do leite e seus derivados.
TERRITÓRIOS – Uma novidade desse ano é a inclusão da e Serra Geral, no Norte do estado, que produz diversos tipos de queijos e será representada pelos produtores do Queijo Minas Artesanal (QMA) da região. Somam-se a ela as 10 regiões tradicionais na produção desse tipo de queijo: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro.
Essas localidades produzem o mesmo tipo de queijo, mas possuem o seu “saber fazer” específico. Cada origem dá ao queijo uma identidade própria, de acordo com as características humanas, culturais e naturais do local onde é fabricado.
Todos são produzidos a partir de leite de vaca cru, com leite procedente da mesma propriedade onde fica a queijariaAlém do QMA, o evento conta com mais dois tipos de queijos artesanais: Alagoa e Mantiqueira de Minas, totalizando 13 participantes.
GASTRONOMIA EM CENA – Entre as novidades está uma ‘Cozinha Show’, fruto de uma parceria com o Instituto de Hospitalidade e Artes Culinárias (Inhac), escola de padrão internacional assinada pelo chef mineiro Léo Paixão. Nessa área o público poderá participar e acompanhar o processo de criação de diversos pratos feitos pelos professores do Instituto. A proposta principal é a elaboração de pratos à base de itens artesanais de Minas. Além do queijo, estrela do festival, também serão utilizados outros produtos mineiros como azeites, vinhos, mel, cachaças e doces.
E os adultos não serão os únicos a aproveitar essa oportunidade. Além do festival contar com um ‘Espaço kids’, reservado para as crianças, a ‘Cozinha Show’ também terá atividades para o público infantil.
Além de apresentar e comercializar diversos queijos mineiros, o festival também é uma oportunidade para os participantes fazerem novas parcerias comerciais. Para fomentar essa frente, o Sebrae Minas vai promover a Agenda de Relacionamento, com o objetivo de aproximar produtores de queijos e da agroindústria mineira com compradores de todo o país, entre eles: supermercadistas, empórios, mercadinhos e lojas de alimentos.
“A Agenda de Relacionamento reúne, em um só lugar, produtores e comerciantes, com o objetivo de promover a troca de experiência entre os participantes e criar uma rede de contatos para estimular a geração de novos negócios e a promoção de produtos com origem, qualidade e muita mineiridade”, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.
Em relação às oficinas que serão realizadas durante o evento, o público poderá participar de diversas abordagens como harmonização de queijos com bebidas e outros alimentos, , técnicas de conservação e características dos queijos de cada região.
FORMAÇÃO – O ‘Seminário Técnico do Queijo Artesanal’ é outra iniciativa que volta a ser realizada na edição deste ano. O objetivo é oferecer capacitação técnica tanto para produtores quanto técnicos das instituições que atuam junto ao produtor, como o próprio Sebrae, o Sistema Faemg Senar, Ministério da Agricultura, Secretaria de Estado da Agricultura, IMA, Emater, Epamig, entre outras.
Uma das pautas técnicas deste ano, encabeçada pelo Sistema Faemg Senar, será o ‘Encontro das Mulheres do Queijo’ – incluindo produtoras, técnicas, pesquisadoras ou outras atuantes nessa área. O foco será valorizar e reconhecer a importância do empreendedorismo feminino nessa cadeia.
“A mulher sempre esteve presente na cadeia do queijo, mas muitas vezes, a sua atuação fica escondida. Precisamos promover o reconhecimento do papel ativo que elas desempenham nas várias etapas do processo produtivo”, observou a gerente da Mulher, do Jovem e de Inovação do Sistema Faemg Senar, Silvana Novais.
QUEIJO DO FESTIVAL – O público também terá uma grande responsabilidade. Mais uma vez cada uma das 13 regiões participantes vai indicar um queijo específico para degustação geral do público. Dessa forma, por meio de votação popular, será eleito o melhor queijo do festival.
TRADIÇÃO E VALOR – Tombado como patrimônio imaterial do Brasil pelo Iphan, o Queijo Minas Artesanal (QMA) é um produto que carrega em seu processo de fabricação uma técnica histórica, que remonta ao tempo dos colonizadores. É um queijo feito a partir de leite cru, em pequenas propriedades rurais, utilizando receitas tradicionais e familiares, passadas com carinho de geração em geração, que preservam a identidade cultural do povo mineiro e o sabor marcante degustado pelos nossos antepassados.
As 15 regiões caracterizadas oficialmente como tradicionais produtoras de queijos artesanais possuem cerca de 4300 famílias que vivem desse negócio. Esse levantamento leva em conta produtores do Queijo Minas Artesanal e de outros tipos de queijos artesanais, como o Requeijão Moreno e Queijo Cabacinha:
– 10 regiões de Queijo Minas Artesanal (QMA): Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro.
– 5 regiões de outros Queijos Artesanais: Alagoa, Jequitinhonha (Cabacinha), Mantiqueira de Minas, Serra Geral e Suaçuí.
O sabor dos queijos artesanais varia de acordo com a região onde é produzido, sendo influenciado pela altitude, pelas características do solo, pelo clima da localidade, pelo tipo de vegetação, pela água, entre outros fatores que propiciam sabores únicos aos queijos de cada parte do estado.
Fonte: Saulo Barbosa Penaforte