Plano Nacional de Fertilizantes e a dependência de insumos vindos do exterior foram o foco do segundo debate
A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal realizou o segundo debate sobre o risco da falta de insumos para o plantio da safra 2021/2022. Os parlamentares e convidados lembraram da necessidade do país se tornar autossuficiente e da importância de colocar em prática o Plano Nacional de Fertilizantes.
De acordo com o senador Zequinha Marinho (PSC-PA), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Senado e requerente da audiência pública, o momento é de avançar no trabalho e impedir que o Brasil fique refém dos desdobramentos internacionais que impedem a chegada de insumos. “Um país com a agricultura e pecuária com a envergadura que temos não pode ficar nessa dependência. Devemos atingir a autossuficiência”, afirmou.
Zequinha ressaltou que a ideia da criação de um grupo de trabalho técnico, firmado na primeira audiência pública, deve ser mantida. A intenção, segundo ele, é auxiliar o Governo Federal a colocar em prática o Plano Nacional de Fertilizantes. “O plano vai ajudar diretamente no desenvolvimento de tecnologias para fertilizantes no país de forma sustentável, além de fortalecer políticas de incremento da competitividade da produção e distribuição de insumos”, explicou.
Na opinião do senador Acir Gurgacz (PDT-TO), a crise global de fertilizantes não é passageira, mas existem condições de amenizar as consequências, ao menos, para o Brasil. “É fundamental ampliar a exploração das jazidas de minérios usados nas indústrias de fertilizantes. Mais que isso, incentivar nossos empreendimentos a aumentar sua produção”, enfatizou.
Para Acir, é indispensável definir uma série de estratégias para deter o aumento dos custos de produção e o preço do alimento nos supermercados. O senador ainda salientou a dependência brasileira em relação aos fertilizantes produzidos no exterior. “O aumento é drástico a cada dia e o maior prejudicado é o povo brasileiro. Enquanto nós dependermos quase exclusivamente de outros países, esse será um grande problema para o nosso progresso”, concluiu.
Também empenhado na necessidade de colocar em funcionamento o Plano Nacional de Fertilizantes, o senador Esperidião Amin (PP-RS), membro da FPA, afirmou que o setor produtivo não pode ficar à mercê de soluções externas. “É o setor que carrega a parte boa dos nossos resultados comerciais, por isso, precisamos dar a ele esse suporte. Nós temos o produto natural que pode nos dar autossuficiência, mas precisamos criar condições para que o plano aconteça de fato”, disse.
No entendimento do representante do Ministério de Minas e Energia, Esteves Pedro Colnago, a audiência pública em torno do tema é singular para o momento que o Brasil passa. Segundo ele, em um contexto complexo, que envolve tratativas internacionais, é primordial focar no que é mais urgente. “A intensa e crescente dependência do país na importação de matérias primas e produtos da indústria de fertilizantes evidencia uma ameaça que poderá constranger a posição competitiva do agronegócio brasileiro”, alertou Colnago.
À parte as dificuldades relacionadas aos insumos e fertilizantes, o presidente da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, endereçou as preocupações aos defensivos agrícolas. Para ele, o mundo está diante de um problema estrutural e não apenas uma questão conjuntural. “É uma agenda internacional complexa, com desafio para vários outros setores da economia. Tem a questão energética que tem efeitos sobre a produção e a transformação das matérias primas”, esclareceu Lohbauer.
Na visão de Reginaldo Minaré, diretor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que participou da audiência pública a pedido da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nos últimos 30 anos não foram registrados episódios de falta de fornecimento de insumos e que não se vislumbra falta de matéria prima para produção. Entretanto, Minaré reconhece o valor imprescindível dos insumos. “Eles representam não apenas uma peça fundamental da produção agrícola, como uma relevante planilha de custos dos agricultores”, encerrou.
Fonte: FPA