Fundação CERTI aponta caminhos para o financiamento da bioeconomia no Brasil

Setor pode ser o indutor da conservação ou recuperação de biodiversidade nacional

Estudo liderado pela Fundação CERTI aponta caminhos para o aprimoramento de mecanismos prioritários para o financiamento da bioeconomia no Brasil. São eles: a filantropia, como promotora de experimentação em novos mecanismos inovadores, considerando sua diversidade e flexibilidade; o BNDES, que consiste em um grande player e que tem se mostrado aberto à discussão experimental de modelos de financiamento; e os grandes fundos constitucionais (FNO, FNE e FCO), que ainda têm aplicação limitada, mas com potencial para se tornarem relevantes. A pesquisa foi realizada em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério da Economia (ME), por meio da Iniciativa para o Financiamento da Biodiversidade (BIOFIN Brasil).

“O momento é de experimentação, desenvolvendo e testando modelos de mecanismos ágeis, capilares e flexíveis, que atuem na transição de acesso dos empreendimentos da bioeconomia, hoje ainda pouco estruturados, aos mecanismos regulares de fomento público, os quais são muito mais robustos, porém, pouco flexíveis”, avalia o diretor de Economia Verde da CERTI, Marcos Da-Ré, que coordenou o estudo nacional.

O especialista em Economia Verde aponta como principais desafios para o desenvolvimento da bioeconomia de base florestal nativa: redução de riscos associados aos negócios na base da cadeia; estruturação de pipeline qualificado de empreendimentos inovadores; e integração de mecanismos para escalar.

Da-Ré ressalta que o estudo abrange  todo o potencial do Brasil. A perspectiva da bioeconomia não se limita à Amazônia. O Cerrado também ganha destaque por várias razões, desde o potencial da biodiversidade e a pressão de desmatamento sob a qual se encontra, até melhores condições de infraestrutura, serviços, conexão e acesso a mercados quando comparado à Amazônia.

Já na Mata Atlântica, a bioeconomia poderia ganhar força atrelada à agenda de restauração, supostamente fortalecida pelo novo Código Florestal, enquanto na Caatinga poderia se consolidar associada à superação da pobreza.

“Em todos os casos, a bioeconomia é um ramo da atividade econômica e como tal deve ser financiada, necessitando ser competitiva para atrair o capital. Por outro lado, a bioeconomia no Brasil pode ser indutora da conservação ou recuperação de biodiversidade, assim como contribuir para a redução de emissões (desmatamento evitado) ou para imobilizar carbono na atmosfera (recuperação de áreas incorporando biomassa)”, acrescenta o coordenador.

O desenvolvimento do trabalho teve como objetivos principais: analisar o panorama do estado de financiamento da bieoconomia, identificar os principais gargalos e tecer recomendações que podem ajudar a dar escala ao papel da bioeconomia no cenário nacional.

O estudo foi desenvolvido tendo como pano de fundo o conceito da jornada do empreendimento inovador para analisar o estado do financiamento da bioeconomia no Brasil, considerando o papel chave da inovação na criação de mercados diversificados e sustentáveis, capazes de conservar a floresta e gerar renda para as populações locais.

Fonte: Alexandre Lenzi