O futuro do setor sucroenergético é a produção de etanol e energia. No mercado cada vez mais competitivo, as fábricas de açúcar terão que segmentar a produção com foco nos novos negócios. No portfólio das usinas, o etanol ganhou fôlego neste ano com a volta do imposto sobre o combustível, a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), e o aumento para 27,5% da adição de álcool anidro à gasolina. Por outro lado, a crise energética que o país atravessa, com o risco de racionamento de energia, coloca na vitrine a energia gerada a partir da biomassa da cana-de-açúcar. Atualmente, 1.133 megawatts médios (MW) de energia da cana são gerados pelo setor sucroalcooleiro no país. A participação de 3% na matriz energética brasileira tem potencial de crescer e atingir 18% até 2020.
Estudioso do setor sucroenergético e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Sérgio Kelner reforça que a alternativa de sobrevivência da atividade secular da cana-de-açúcar é a produção de etanol e de energia. “Não existe setor sucroalcooleiro competitivo. O setor competitivo é o sucroenergético, que produz açúcar (alimentos), álcool (transporte) e biomassa para gerar energia . Se não houver a transformação na mentalidade, se não mudar o perfil da indústria, o setor vai ficar restrito, e com poucas unidades em Pernambuco”.
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar), Renato Cunha, a volta da Cide e o aumento da mistura do álcool anidro à gasolina são duas medidas de política energética revigorantes. Tem razão. Com o abandono do Programa Nacional do Álcool (Pro-Ácool) , criado em 1975 para incentivar o uso do álcool combustível, o consumo do tipo hidratado despencou. Nem mesmo o apelo da sustentabilidade incentiva a troca do etanol pela gasolina.
Cunha espera que o preço do etanol fique mais atrativo no mercado interno e ganhe espaço para a gasolina. Em relação à produção de energia da biomassa da cana, ele aponta os gargalos: falta de incentivos e preço atrativo de comercialização da energia excedente gerada pelas usinas. O Sindaçúcar estima em R$ 100 milhões o investimento para montar as minicentrais de geração de energia, incluindo os equipamentos, as caldeiras e o processo produtivo. Pelos cálculos do setor, o retorno do capital investido só virá no período entre 10 e 12 anos.
Em Pernambuco, 10 usinas geram energia da biomassa para o consumo próprio e exportam o excedente. A escala de produção varia de 25 MW a 80 MW dependendo da sazonalidade dos canaviais. Uma delas, a Petribu, localizada na Zona da Mata Norte, montou um sistema de geração de energia a partir do bagaço da cana. O consumo é de 15 mil MW/hora e a comercialização é de 22 mil MW/hora de excedente durante a safra.
Por: Diário de Pernambuco