A agropecuária caminha para ser novamente o destaque da economia brasileira. Ontem, enquanto divulgava mais uma queda na produção industrial, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontava uma nova safra recorde. Projeções da quarta estimativa (abril) de cereais, leguminosas e oleaginosas indicam que a produção total deste ano deve alcançar 201 milhões de toneladas. Se confirmado o dado, a safra será 4,2% superior à de 2014 (192,9 milhões de toneladas) e 0,6% maior que a estimativa de março.
A projeção da área a ser colhida apresentou crescimento de 2% em relação a 2014, chegando a 57,5 milhões de hectares. No ano anterior, a área atingiu 56,4 milhões de hectares. Arroz, Milho e Soja representam 91,6% da estimativa da produção e abrangem 85,4% da área a ser colhida. Em relação à produção do ano anterior, houve acréscimos de 0,7% no arroz (12,2 milhões de toneladas), 10,6% na Soja (95,6 milhões de toneladas) e retração de 3,1% para o Milho (76,3 milhões).
Asurpresa negativa na nova estimativa, segundo o consultor da Safras & Mercado Paulo Molinari, é a de que a produção de Milho alcance 76,3 milhões de toneladas – valor muito abaixo dos 82,3 milhões de toneladas projetados pela consultoria. “Não há motivos para essa redução da produção apontada pelo IBGE porque o clima está perfeito para a safrinha e a área plantada é recorde. Além disso, a venda de insumos aponta para uma produção recorde na safri-nha de Milho”, disse Molinari, referindo-se ao cereal cultivado no período de janeiro a abril.
Segundo Molinari, a estimativa da consultoria leva em conta o aumentodaáreaplantadaemfunção do bom plantio de março, que melhorou a produtividade. “Em abril houve um bom período de chuva e as previsões agora também são positivas. Não há nada que aponte paraumaquedadapro-dução do Milho, a não ser que ocorra uma geada fortíssima no Paraná. O IBGE e a Conab estão com projeções muito defasadas para o Milho e trarão projeções superiores na próxima divulgação”.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também divulgou sua projeção de produção de grãos 2014/15 de 202,2 milhões de toneladas, volume 4,4% superior à obtida na safra anterior. Para o Milho a projeção é de queda de 1,8%,passandode 79milhões de toneladas para 78,6 milhões de toneladas – abaixo da projeção da Safras & Mercado.
Safra do Nordeste ultrapassa a do Sudeste
A maior produção da safra atual deve vir da região Centro-Oeste, onde estima-se que serão colhidas 81,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas. Mas a surpresa ficou com o Nordeste, cuja produção deve alcançar 18,9 milhões de toneladas, acima das 18,3 milhões de toneladas estimadas para o sudeste.
Segundo o IBGE, este é o primeiro ano (desde o início da pesquisa, em 1974) que o Nordeste supera em termos de volume de produção a Região Sudeste. Aexplica-ção é que, além dos períodosde Estiagem prejudicarem o Sudeste, no Nordeste houve aumento significativo da produção de alguns grãos, como Milho, feijão e Soja.
Safra de cana já está 12% acima de 2014
A Cana-de-açúcar processada na segunda quinzena de abril totalizou 26,68 milhões de toneladas na região Centro-Sul, contra 23,95 milhões de toneladas observadas nos últimos quinze dias de abril de 2014. No acumulado desde o início da atual safra até 1º de maio, a moagem atingiu 45,03 milhões de toneladas, 11,54% superior ao valor observado em igual período da safra anterior. Os dados foram apresentados ontem pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
A associação divulgou ainda que o volume de Etanol hidratado direcionado ao mercado doméstico pelas unidades produtoras da região Centro-Sul atingiu 1,46 bilhão de litros em abril, alta de 49,39% em relação ao volume comercializado em igual período de 2014.
As vendas internas de Etanol anidro combustível, por sua vez, totalizaram 678,19 milhões de litros: queda de 21,43% em relação ao volume comercializado no mês anterior. Segundo o diretor técnico da Unica Antonio de Pádua Rodrigues, esse comportamento das vendas de Etanol anidro já era esperado devido a obrigação de manutenção de estoques no final da entressafra. “A regulação vigente faz que as vendas de março usualmente sejam maiores que as de abril, que se inicia com estoque mais elevado no segmento de distribuição”, explicou.
Até o final da segunda quinzena de abril 210 unidades produtoras estavam em operação no Centro-Sul, pequena retração comparativamente às 220 empresas registradas até a mesma data da safra anterior.
Segundo Rodrigues, o número de unidades operando cresceu nos primeiros dias de maio e hoje já são 250 empresas em atividade.
Fonte: Brasil Econômico