O IBGE acaba de divulgar o perfil econômico da atividade aquícola brasileira de 2021. A produção de peixes foi de 558,9 mil toneladas – um aumento de apenas 0,92% em relação a 2020. Mas, apesar desse tímido crescimento no volume, a produção foi avaliada em R$ 4,7 bilhões, uma valorização de 15,8% em comparação com o ano anterior.
A produção de camarão cresceu 18,14% e somou 78,6 mil toneladas despescadas, avaliadas em R$ 1,6 bilhão, valor 14,9% superior ao apurado em 2020. A produção de moluscos registrou uma queda de 30,8% no volume (10,9 mil toneladas), que se refletiu numa redução de 21,2% nas vendas, avaliadas em R$ 70,8 milhões,
Na soma geral, a aquicultura brasileira despescou 648,5 mil toneladas, registrando um aumento de 1,93% frente à produção de 2020. Os números do setor foram mais auspiciosos nos resultados de vendas, com movimento de R$ 6,37 bilhões, uma elevação de 15,02% em relação ao ano de 2020 (Tabela 1).
Mais uma vez constatamos, como em anos anteriores, que a produção de peixes apurada pelo IBGE em 2021 diverge de forma significativa dos números divulgados, no início deste ano, pela Associação Brasileira de Piscicultura (PEIXE BR). O Anuário da Associação registra que, em 2021, o país produziu 841 mil toneladas de peixes, um volume 50,5% maior que as 558,9 mil toneladas apuradas pelo IBGE. Também com relação ao volume da produção de camarão divulgado pela entidade do setor há divergência: a Associação Brasileira de Produtores de Camarão (ABCC) registrou, em 2021, 120 mil toneladas – um volume 52,6% maior que a produção apurada pelo IBGE, que foi de 78,6 mil toneladas.
Formas jovens
A produção das formas jovens – alevinos de peixes, pós-larvas de camarão e sementes de moluscos – movimentou R$ 544,8 milhões, um valor 5,64% maior que o apurado pelo órgão em 2020.
Conforme os dados levantados pelo IBGE, em 2021 foram produzidas 14,2 bilhões de pós-larvas do camarão vannamei, avaliadas em R$ 197,4 milhões, um aumento de 13,75% no número de PLs produzidas e de 12,56% no valor recebido pelos laboratórios, em comparação com 2020.Já a produção de alevinos, principal insumo da piscicultura, atingiu 1,43 bilhão de unidades e superou em 2,18% a quantidade produzida em 2020, movimentando R$ 346 milhões, correspondendo a 0,58% de aumento em relação ao ano anterior.
Na malacocultura, a produção de sementes de moluscos – ostra, mexilhão e vieira – continuou o viés de queda acentuada em 2021, quando foram produzidas 25,7 milhões de unidades, uma quantidade 5,00% menor que a registrada em 2020. No entanto, a produção de sementes movimentou R$ 1,5 milhão, um valor 23,2% maior que o apurado em 2020 (Tabela 2).
A piscicultura em 2021
Os dados do IBGE mostram que a produção total de peixes para consumo cresceu apenas 0,92% em 2021, totalizando 558,9 mil toneladas. A tilápia segue como o peixe mais cultivado no Brasil, e suas despescas aumentaram em 4,48% em relação a 2020. Ao todo foram 361,2 mil toneladas de tilápia, 64,6% da produção nacional de peixes cultivados, um montante avaliado em R$ 2,7 bilhões.
A segunda espécie mais cultivada no país continua sendo o tambaqui, com 94,5 mil toneladas despescadas, um volume 5,92% menor que o apurado em 2020 (100,5 mil toneladas). A soma da produção dos “peixes redondos”, entre os quais se incluem tambaqui, pacu, pirapitinga e todos os seus híbridos, foi de 152,2 mil toneladas, marcando uma queda de 4,9% em relação ao ano anterior (156,8 mil toneladas).
Além da tilápia, apenas os peixes do gênero Brycon – representados pela matrinxã, jatuarana, piabanha e piracanjuba – tiveram, em 2021, volumes de produção superiores aos despescados em 2020, enquanto todos os demais, segundo o IBGE, sofreram quedas na produção (Tabela 3).
No ranking dos estados produtores, o Paraná, embalado pela tilapicultura, aumentou em 3,16% a sua produção e se manteve na liderança, com 144,8 mil toneladas. São Paulo, apesar de uma queda de 5,75%, garantiu a mesma segunda colocação do ano passado, com 52 mil toneladas produzidas. Rondônia, que também registrou queda de 11,4% ao despescar 43 mil toneladas, se manteve na terceira posição. Santa Catarina se destacou por crescer 11,04% em 2021, despescando 39,4 mil toneladas. O estado saltou da sexta para a quarta colocação no ranking, deslocando para baixo Minas Gerais, que cresceu apenas 1,73%, passando a ocupar a quinta posição, com 37 mil toneladas. O volume de cada estado e o crescimento da produção em 2021 podem ser acompanhados na Tabela 4.
Tilápia e tambaqui
Em 2020, a tilapicultura estava presente em 2.510 municípios do país, e se expandiu consideravelmente em 2021, passado para 3.390 municípios. Com exceção de Amazonas, Roraima e Rondônia, a tilapicultura segue sendo praticada em todos os demais estados brasileiros, e somou 361,2 mil toneladas.
O Paraná se manteve na liderança da produção de tilápia, com 139,2 mil toneladas, um volume 3,5% maior que o produzido em 2020. São Paulo, apesar de ter produzido 4,18% a menos que em 2020, se manteve na segunda colocação, despescando 48,3 mil toneladas. Em terceiro lugar no ranking, Minas Gerais produziu 35,1 mil toneladas (+1,96%), seguido de Santa Catarina, que apresentou um crescimento espetacular de 15,1% (32,3 mil toneladas) e Pernambuco, que ficou na quinta posição, mesmo tendo tido uma queda de 2,83% (19,17 mil toneladas).
Entre os municípios, Nova Aurora (PR) liderou com a produção de 20,06 mil toneladas. Seis municípios paranaenses estão entre os 10 maiores produtores, como mostra a Tabela 5.
Com 94,6 mil toneladas produzidas em 2021, o tambaqui se mantém como a segunda espécie de peixe mais cultivada no Brasil, com registros de produção em todos os estados. A liderança é do estado de Rondônia (34,75 mil toneladas), seguido do Maranhão (11,45 mil toneladas), Roraima (11,41 mil toneladas), Amazonas (6,88 mil toneladas) e Tocantins (6,81 mil toneladas). A criação do tambaqui está presente em 1.119 municípios, com liderança de Ariquemes (RO), que produziu 10,3 mil toneladas,seguido por Amajari (RR) com 4,38 mil toneladas e Almas (TO) com 4,3 mil toneladas.
Carcinicultura
A carcinicultura está presente em 192 municípios de 16 estados brasileiros. Segundo o IBGE, em 2021 foram produzidas 78,6 mil toneladas de camarão, um aumento de 18,14% em comparação com 2020. Com a produção de 33,7 mil toneladas e um crescimento anual de 38,26%, o Ceará desalojou o Rio Grande do Norte da primeira posição do ranking nacional. Já o Rio Grande do Norte reduziu em 3,8% sua produção e passou a ocupar o segundo lugar, com 21,1 mil toneladas. O ranking de todos os estados produtores pode ser visto na Tabela 6.
Os cinco principais municípios produtores de camarão, dos quais quatro se encontram no Ceará, foram: Aracati (CE), 8.698 toneladas; Acaraú (CE), 4.077 toneladas; Pendências (RN), 3.474 toneladas; Jaguaruana (CE), 3.396 toneladas; e Beberibe (CE), 3.299 toneladas.
Mexilhões, Ostras e Vieiras
Em 2021, a criação de moluscos (malacocultura) aconteceu em dez estados litorâneos brasileirose rendeu10,9 mil toneladas – uma queda de 30,8% em relação ao que foi produzido em 2020 – avaliadas em R$ 70,8 milhões. Foi mais um ano em que a produção se manteve bem distante da média de 21 mil toneladas/ ano alcançada entre 2013 e 2017. O estado de Santa Catarina é responsável por 95,3% do total produzido (10,4 mil toneladas). Paraná mantém a segunda colocação no ranking, com apenas 215 toneladas, seguido de São Paulo (72 toneladas), Bahia (33 toneladas) e Rio de Janeiro (30 toneladas). Ao todo, a produção se deu em 45 municípios litorâneos, com destaque para Palhoça, Florianópolis, Bombinhas, Penha, São José, São Francisco do Sul e Porto Belo, todos catarinenses, que juntos respondem por quase tudo o que foi produzido no país, em 2022.
Fonte: IBGE