O ICPRural fechou a primeira rodada do ano de 2015 marcando 68,4 pontos, uma variação positiva de 14% em comparação com a pesquisa anterior, mas que ainda está longe de ser uma expectativa otimista. Quando alcança os 100 pontos, o índice revela otimismo dos produtores.
Assim como o ICPRural, o Índice de Confiança do Produtor de Soja (ICPSoja) apresentou crescimento: fechou em 72,1 pontos, cerca de 19% superior ao trimestre passado. Os resultados foram positivos em todos os sub-índices, o que indica que a primeira colheita do ano tende a ser melhor para os sojicultores. Mas, assim como o ICPRural, o ICPSoja também segue abaixo dos 100 pontos e está distante do resultado considerado satisfatório.
O aumento do ICPRural, mesmo que ainda tímido, gera uma boa perspectiva no cenário agrícola brasileiro. O custo dos insumos e o tempo seco em quase todas as regiões do País estão sendo os vilões dessa safra, pois diminuem a produtividade e a margem de lucro do agricultor.
O valor do dólar no mercado é algo que mantém a esperança de bons resultados na venda, já que está bastante elevado comparado com as safras anteriores; porém, o câmbio alto tem impacto direito nos custos dos insumos e maquinários: segundo os entrevistados, a incerteza no setor ainda ronda.
O sub-índice preço, que mede a expectativa dos produtores com relação ao valor de venda, foi o que mais cresceu no último trimestre. Com uma alta de 61%, atingiu 76,6 pontos.
No caso do ICPSoja, o indicador de preço também foi o que mais subiu, mas continua sendo o pior em pontos, com 53,1. Isso é bastante preocupante e retrata a insatisfação dos produtores com a desvalorização da cultura, devido à previsão de super safra de grãos nos Estados Unidos, crescimento dos estoques mundiais de grãos e crescimento pequeno no consumo global.
O sub-índice equipamentos teve o pior crescimento: apenas 8% em relação à rodada passada. Para a categoria insumos, o resultado foi muito satisfatório. Com um aumento de 9%, o índice de confiança voltou a ser positivo, ficando com 104,4 pontos.
De modo geral, o Índice do sojicultor melhorou se comparado ao último resultado (outubro de 2014), mas está extremamente baixo quando comparado ao mesmo período do ano passado. “A falta de incentivos governamentais, a preocupação com a escassez de água, a produtividade internacional e os custos de produção vêm dificultando cada vez mais o trabalho dos produtores de soja no País”, avalia Roberto Fava Scare, professor da FEA-RP/USP e um dos coordenadores dos levantamentos.
Metodologia – A medição dos Índices, realizada desde 2010 e assumida pela AgroFEA em outubro 2013, é composta por sub-índices que abordam quatro tópicos: intenção de compra de insumos, intenção de compra de equipamentos e implementos, avaliação sobre preço do produto cultivado e percepções sobre condições atuais do negócio. Os boletins são trimestrais e extraídos a partir de dados primários, apurados em entrevistas realizadas junto à uma amostras de produtores de soja, milho, cana, café, arroz, citros e algodão em 18 estados brasileiros. A coleta é realizada entre o primeiro e o último dia útil de cada trimestre.
A metodologia foi desenvolvida pela empresa Uni.Business Estratégia. A divulgação conta com parceria do Canal Rural e tem apoio da Universidade de São Paulo por meio do programa Aprender com Cultura e Extensão.
AgroFEA
Criado em 2010, o AgroFEA visa consolidar as atividades de pesquisa em agronegócios de professores e alunos da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP. O programa de pesquisa tem como objetivo gerar conhecimentos voltados para a aplicação de modelos de economia, administração e contabilidade que desenvolvam os sistemas agroindustriais (SAGs) e às empresas pertencentes a estes sistemas. Além do ICPRural e ICPSoja, o AgroFEA elabora o Índice de Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroenergético.