Livro com participação de 41 pesquisadores mostra o papel da ciência brasileira no combate à fome

Reconhecido por ser o maior produtor de alimentos no mundo, o Brasil vive uma contradição em relação à segurança alimentar. De um lado, tem capacidade para produzir alimentos suficientes para alimentar 800 milhões de pessoas, mas por outro, possui uma população de 33 milhões de pessoas que não têm o que comer, segundo dados de 2021 e 2022 da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN).

Com o objetivo de refletir sobre a insegurança alimentar no Brasil e no mundo e mostrar estratégias para oferecer alimento digno para toda a população por meio da ciência e o desenvolvimento do agronegócio, a Academia Brasileira de Ciência (ABC) apresenta em São Paulo a obra “Segurança Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome” em 18 de abril, a partir das 18h30, na Sede da Fundação Bunge. A obra expõe as conquistas do Brasil no desenvolvimento do agronegócio com tecnologias inovadoras voltadas para a produção de alimentos e matérias-primas e também as possibilidades de avanço para garantir a segurança alimentar de toda a população. A íntegra da obra pode ser acessada no site da ABC www.abc.org.br, neste link.

O livro conta com a participação de 41 autores, de 23 instituições científicas brasileiras, que fazem reflexões profundas sobre a temática. “Esperamos que sirva de alerta à sociedade em geral e, em especial, aos tomadores de decisão sobre a urgência do tema”, afirma Helena Nader, presidente da ABC. A obra também conta com a participação de Julio Javier Garros, copresidente global de agronegócio da Bunge, e Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge.

Entre as propostas apresentadas estão o investimento em agricultura sustentável e regenerativa como forma de garantir melhor uso dos recursos; a adoção de políticas de prevenção de desastres e de gestão de riscos climáticos; o incentivo à agricultura familiar; a adoção de política de renda mínima que garanta a segurança alimentar e o investimento em educação no campo.

Organizado pela pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e membro da diretoria da ABC, Mariangela Hungria, o livro tem o objetivo de apresentar um quadro da fome no Brasil e apontar como a ciência pode ajudar a agricultura, o poder público e outros setores a enfrentar a insegurança alimentar – um problema que se agravou no país em meio à pandemia e que pode piorar nos próximos anos com os impactos das mudanças climáticas.

“Não existe uma solução única e simples para erradicar a fome, mas isso não significa que ela não possa ser resolvida. Para o enfrentamento de problemas complexos e multifacetados como é o caso da fome, a ciência deve ser transdisciplinar e reflexiva quanto aos problemas da sociedade. A ciência pode contribuir para a mudança do modelo atual, em que, no quarto maior produtor mundial de grãos e detentor do maior rebanho bovino do mundo, encontram-se 125,2 milhões de pessoas em insegurança alimentar”, explica Mariangela, pesquisadora referência mundial em estudos relacionados à microbiologia e conselheira da Fundação Bunge.

Fome é desafio que precisa da atuação conjunta de diversos setores

De acordo com Cláudia Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge, o livro evidencia como o problema da fome não é técnico, mas social e político e que sua solução depende de ações conjuntas. “O combate à insegurança alimentar é um desafio que necessita de ações baseadas na ciência e integradas entre empresas, governos e Terceiro Setor, com um olhar atento às demandas sociais”, afirma.

Em seu artigo, Calais cita projeto desenvolvido pela Fundação Bunge na região de Canarana (MT), voltado à agricultura regenerativa e de baixo carbono. O Semêa apoia agricultores assentados, produtores rurais, e povos de três Terras Indígenas, das etnias Xavante e Boe Bororo, e tem como premissa integrar todos esses públicos e conectá-los a políticas públicas voltadas à geração de renda digna. Na prática, o projeto disponibiliza tecnologias de ponta na recuperação de nascentes, preservação, reflorestamento, práticas sustentáveis de solo e polinização de lavouras com abelhas para aqueles produtores que não têm acesso fácil a esse tipo de tecnologia.

Para Calais, o agronegócio e as pequenas propriedades rurais, que vivem da agricultura familiar, não são antagônicos. “Resultados de iniciativas da Fundação Bunge mostram que esses dois atores podem ter atuações complementares, com benefícios mútuos. Os povos originários também devem fazer parte dessa integração, já que são os grandes guardiões da floresta em pé. Nossas práticas no campo social mostram que a parceria entre o agronegócio brasileiro, a agricultura familiar e os povos originários é totalmente possível e complementar. Somente juntos eles podem assegurar a segurança alimentar e uma agricultura sustentável e inclusiva”, afirma.

Outro ponto importante do trabalho da Fundação Bunge nesta área, segundo Calais, está na difusão de informações e conhecimentos entre os produtores sobre os alimentos locais, sua sazonalidade e importância dentro da economia local. “Essas discussões sobre a regionalização de alimentos tem favorecido o desen­volvimento de novas cadeias produtivas em Canarana, o que, por consequência, amplia a produção de alimentos, inibe o desabastecimento e controla a subida brusca de preços. O resultado é a garantia do acesso a alimentos regionais contribuindo com a segurança alimentar”, explica.

A Fundação Bunge

A Fundação Bunge, entidade social da Bunge no Brasil, há mais de 60 anos atua para gerar impactos positivos na sociedade em territórios e setores estratégicos para a Bunge, fomentando a diversidade com promoção dos direitos humanos por meio da inclusão produtiva e do estímulo à economia de baixo carbono, estimulando a ciência e a preservação da memória. A Fundação é o pilar social da Bunge, líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais, que tem como propósito conectar agricultores a consumidores para fornecer alimentos, nutrição animal e combustíveis essenciais para o mundo.

A Fundação valoriza duas parcerias com os agricultores para melhorar a produtividade e a eficiência ambiental da agricultura em nossas cadeias de valor e para levar produtos de qualidade de onde eles crescem para onde são consumidos. Ao mesmo tempo, colabora com nossos clientes para pensar e criar o futuro dos alimentos, desenvolvendo soluções personalizadas e inovadoras para atender às necessidades e tendências alimentares em evolução em todas as partes do mundo.

Fonte: Fernanda Domiciano