O primeiro estado visitado pela Missão Compradores foi Mato Grosso, maior produtor nacional de algodão. Um grupo formado por 24 industriais de oito países importadores da pluma brasileira está conhecendo, in loco, a realidade da cotonicultura do Brasil. A iniciativa, da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), está em sua sétima edição e é realizada em parceria com a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Responsável por 72% da produção brasileira, Mato Grosso entrou para o mapa da cotonicultura mundial, há menos de 30 anos, quando a atividade passou a ser realizada no Cerrado brasileiro. Desde então, tem se destacado pelo profissionalismo nas fazendas e pelo investimento em tecnologia de produção e pela busca por práticas mais responsáveis no cultivo e beneficiamento do algodão.
A abertura de portas de fazendas, unidades de beneficiamento e laboratórios para os compradores internacionais é essencial para aumentar a confiabilidade na relação comercial, aposta Eraí Maggi Scheffer, presidente da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa) – associada à Abrapa.
“Esse ‘olho no olho’ cria um laço maior de negócios, amizade e contato e dá mais confiabilidade. Aumenta também nossa responsabilidade de ter um produto cada vez melhor. Damos a certeza de que temos algodão de primeira qualidade e que foi plantado seguindo todas as exigências ambientais, trabalhistas e legais”, afirmou Eraí.
Neste ano, a Missão Compradores mobilizou industriais de oito dos maiores importadores de algodão do mundo: China, Bangladesh, Turquia, Vietnã, Paquistão, Índia, Malásia e Egito.
A possibilidade de conhecer a realidade da cotonicultura diretamente, sem intermediários, é fundamental para o posicionamento do algodão brasileiro no mercado global, atesta Celestino Zanella, vice-presidente. “Antes, dizíamos o que fazíamos. Agora, mostramos in loco, trazemos os compradores para cá para conhecerem um pouco melhor não só os produtores de algodão, mas o Brasil. Isso tem feito a diferença”, analisou ele.
“Temos uma produção totalmente transparente, garantimos um produto de qualidade em um processo que é totalmente auditável pelo comprador”, ressaltou Blairo Maggi, do grupo Amaggi e ex-presidente da Ampa. Maggi acompanhou parte da agenda da Missão Compradores em Mato Grosso e lembrou como o intercâmbio começou.
“Quando a cotonicultura começou a se recuperar, há 15 anos, reorganizamos nossa produção e de repente não tínhamos mercado comprador. Saímos em missões comerciais para Europa e Ásia para mostrarmos a qualidade do nosso produto, e com o passar dos anos invertemos a direção, trazendo para cá os grandes compradores”, contou. “Hoje, vemos o coroamento de um trabalho que a Abrapa vem realizando há muito tempo”, enfatizou.
Mato Grosso. O ciclo agrícola 2022/23 finalizou em 31 de julho e a previsão é que Mato Grosso colha 2,19 milhão de toneladas de algodão. Na semana passada, o estado registrou 22% de sua área colhida e 2% da safra já beneficiada.
O trabalho na lavoura e nas usinas beneficiadoras foi acompanhado in loco pela Missão Compradores em duas propriedades do grupo Bom Futuro. Em Sapezal, foi visitada a Fazenda Santa Luzia e, em Campo Verde, a fazenda Santo Antônio/Filadélfia. Um dos destaques foi acompanhar a colheita, que no Brasil é feita 100% mecanizada.
Com 40 anos, o grupo Bom Futuro tem mais de 615 mil hectares onde produz algodão, soja e milho. Com mais de 8 mil colaboradores, a empresa trabalha também com pecuária, produção de energia e indústria de biodefensivos.
Além das lavouras, a Missão Compradores passou pela Cooperativa de Cotonicultores de Campo Verde (Cooperfibra), em Campo Verde. Criada em 2001, a cooperativa incluiu soja e milho em seu portfólio e hoje atua em seis estados (MT, MS, RO, TO, MA e PA). Em Primavera do Leste, a comitiva conheceu o laboratório de classificação da Cooperativa de Produtores de Algodão (Unicotton). Fundada em 1988, a Unicotton tem 24 usinas de beneficiamento e uma capacidade de produção de mais de 2 mil toneladas de pluma por dia.
Agenda. Após a etapa em Mato Grosso, a Missão Compradores segue para a Bahia, segundo estado produtor, com 312,6 mil hectares em 2022/2023. Lá, a agenda incluiu visitas a fazendas e ao Centro de Análises de Fibras da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa).
O grupo também irá conferir as atividades de unidades de beneficiamento de algodão que participam do Programa Brasileiro de Qualidade do Algodão. Desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em parceria com a Abrapa, o programa certifica a qualidade da pluma produzida no país.
Fonte: Catarina Guedes