Método desenvolvido por universidade de Sergipe viabiliza produção acessível de insumos industriais a partir de fibras de coco

O aproveitamento de resíduos do coco verde na extração de enzimas utilizados na indústria vem sendo estudado pela área de biotecnologia da Universidade Tiradentes (Unit) há dois anos em projeto de iniciação científica e baseia-se principalmente na decomposição das fibras que compõem a casca do coco por meio do uso de fungos e microrganismos isolados. 

O projeto inclui vários estudos, como a pesquisa realizada pela estudante Daniele Rodrigues do Nascimento Santos, do curso de Biomedicina da Unit, que demonstrou que a exposição das fibras à ação de fungos resulta na produção de duas enzimas: a endoglucanase, utilizada na fabricação de ração animal; e a celulase, na produção de tecidos. 

“Vale a pena destacar que atualmente existe a produção dessas enzimas, porém não por método acessível. O meu trabalho tem por objetivo alcançar essas enzimas por um método acessível, que é pelos microorganismos. No nosso caso, os fungos são os principais produtores dessas enzimas e a gente utiliza a fibra de coco verde como substrato, para produzir algo que seja de interesse para a indústria, que são essas enzimas”, explica Daniele, acrescentando que a endoglucanase é usada para auxiliar a digestão de animais ruminantes, enquanto a celulase confere mais maciez ao acabamento dos tecidos.  

Os resultados da pesquisa, que teve a orientação da professora-doutora Maria Lucila Hernández Macedo, da área de Saúde e no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), indicam um caminho viável para a utilização dos resíduos do coco verde, sobretudo as cascas descartadas após o consumo da água e da carne do coco. Estas respondem por aproximadamente 70% de todo o lixo gerado nas praias brasileiras, de acordo com estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O órgão aponta ainda que o Brasil tem uma área plantada de 100 mil hectares do coqueiro-anão, que produz o fruto. 

Os estudos sobre as propriedades da fibra do coco continuam sendo realizados no projeto de iniciação científica da Unit. “Existe a possibilidade de obtenção de outras substâncias e insumos com a decomposição da fibra do coco, o que ainda exige pesquisas mais aprofundadas”, concluiu Daniele. 

Fonte: Rosana Duda