A influência do fenômeno El Niño no Brasil no período primavera/verão (2023/24) deve acarretar fortes mudanças na distribuição de chuvas no País. Geralmente, o fenômeno influencia no excesso de chuvas na região Sul e estiagem na região Centro-Oeste, um dos principais polos de produção de grãos do País.
No Centro-Oeste a tendência com o fenômeno é de menor índice pluviométrico. E algumas ações, a exemplo do uso de inoculantes biológicos, podem minimizar os efeitos de períodos mais longos de falta de chuva pelo aumento do desenvolvimento radicular e disponibilidade de alguns nutrientes pela ação dos microrganismos fixadores de nitrogênio e promotores de crescimento.
Fernando Bonafé Sei, gerente de serviços técnicos da Novozymes, empresa líder mundial em biossoluções, explica que o aumento da disponibilidade de nitrogênio (N) e fósforo (P) proporcionada pelos microrganismos biológicos promove maior desenvolvimento das raízes. O agrônomo detalha que o maior estímulo ao desenvolvimento e crescimento de raízes secundárias e radiculares, devido a produção de fitormônios pelas bactérias, proporciona um aumento na capacidade da oleaginosa na obtenção de água e nutrientes do solo. “Ou seja, mais raízes significam mais “boca’ para beber e comer”, observa o especialista.
Com isso, as plantas conseguem se sustentar por mais tempo em condições adversas. Para que isso aconteça, Fernando recomenda que o produtor utilize os inoculantes biológicos à base de Bradyrhizobium em coinoculação com o Azospirillum. Ele acrescenta que a adoção de material de alta qualidade e a aplicação adequada ajudam a manter o alto índice de sobrevivência das bactérias.
O nitrogênio é o nutriente mais demandado pela cultura da soja. Para produzir uma tonelada da oleaginosa, são necessários 80 quilos desse elemento, que pode ser obtido diretamente na natureza por meio do processo de fixação biológica. Para desenvolver essas soluções, Fernando aponta que são realizados processos agroindustriais e que são investidos milhões de reais por ano com pesquisa e desenvolvido para melhoria desse processo.
Clima adverso
A onda de calor que atingiu todo o País requer uma atenção especial por parte dos produtores. Uma recente publicação divulgada pela Embrapa Agropecuária Oeste, sediada em Dourados (MS), aponta que, diante a um clima extremo, a recomendação é que o agricultor espere um pouco mais para semear. Assim, terá mais segurança para garantir um estande de plantas adequado e uniforme.
De acordo com Ricardo Arroyo Garcia, pesquisador da Embrapa, o calor excessivo no solo pode ter um efeito negativo no desenvolvimento de sementes de soja recém-semeadas, pois temperaturas extremas do solo podem causar danos às sementes, impedindo-as de germinar ou se desenvolver adequadamente. Por isso, completa, a orientação é que o produtor tenha prudência.
Fonte: Ricardo Maia |PG1