Modelo de sistema será discutido com iniciativa privada e prevê adoção gradativa; quem adotar as boas práticas será favorecido
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse na noite desta quinta-feira em São Paulo que não há outro caminho para desenvolver a pecuária brasileira sem a adoção da rastreabilidade, ou seja, o acompanhamento de todo o percurso de uma matéria-prima, desde a sua origem até o uso no produto final. Ele participou, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, de dois eventos na capital paulista: o Encontro Marfrig Verde Mais e a 31ª Edição do Prêmio Revista Ferroviária, que homenageou o ex-ministro Blairo Maggi.
“Eu posso garantir que a imensa, mas a imensa maioria dos nossos pecuaristas aplicam boas práticas na condução das suas propriedades. Mas por falta da rastreabilidade, aqueles poucos que cometem crimes ambientais, que não respeitam a legislação, que fazem desmatamento ilegal, que fazem queimadas ilegais, que invadem terras públicas, contaminam todo o sistema e prejudicam todos aqueles que utilizam boas práticas”, afirmou.
Segundo ele, a rastreabilidade vai permitir separar o joio do trigo e valorizar quem produz de forma adequada. Incentivos no Plano Safra e abertura de novos mercados foram algumas das vantagens anunciadas por Fávaro. O ministro disse ainda que a adoção desse controle de produção deve ser gradativo e que o governo está determinado a dar o primeiro passo em parceria com a iniciativa privada.
No dia 18 de abril, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina a proposta de um sistema voluntário e com prazo mínimo de oito anos para adaptação dos produtores rurais. Nessa proposta, o controle da gestão e o controle da distribuição da numeração oficial e o banco de dados ficariam a cargo da CNA e não estariam disponíveis de forma pública.
Os integrantes da Câmara Setorial do Mapa têm até o dia 15 de maio para sugerir melhorias e ajustes, que serão validados na reunião ordinária da Câmara Setorial no dia 30 de maio. Em seguida, a proposta será protocolada no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Geraldo Alckmin destacou que o governo tem compromisso com desmatamento ilegal zero. “O desmatamento na Amazônia não é feito por agricultor nem pecuarista. É grilagem de terra por falta de fiscalização, de titulação. Todas as providências estão sendo tomadas no sentido de coibir e de combater”, afirmou.
Segundo ele, as mudanças climáticas dependem de três florestas tropicais: Brasil (floresta Amazônica), Indonésia e República do Congo. “É nosso dever preservar as nossas florestas e, ao mesmo tempo, buscarmos alternativas econômicas para a região lá localizada. Temos uma legislação espetacular, que é o Código Florestal, que precisa ser cumprido. Mas é uma legislação extremamente avançada”, afirmou. Ainda de acordo com Alckmin, o Brasil quer ser o grande protagonista do combate às mudanças climáticas.
Fonte: Ana Maria Dantas de Maio