A cada ciclo o produtor se depara com uma realidade diferente da outra. Desde 2005, quando explodiu a última grande crise da agricultura, com lavouras devastadas pela “Ferrugem Asiática” o produtor rural brasileiro tem tido sucesso, e conseguiu acertar muitas dívidas. Houve mobilização, máquinas queimadas nas estradas, tratoraço, invasão à Brasília e até no espelho d’água do jardim do Palácio do Planalto os produtores entraram.
Tem produtor que até hoje, 10 anos depois, ainda tem despesas com advogados para responder processos na Polícia Federal porque lutou por seus direitos. Coisas da lei, então que se cumpra! O produtor não é diferente de ninguém. Aliás, é sim. É ele quem cumpre as leis, coisas para poucos.
Agora, depois de alguns anos com uma estabilidade importante no acerto de contas de quem produz e faz o Brasil caminhar, nosso produtor se vê mais uma vez diante de obstáculos difíceis de serem superados. Novamente à beira do caos.
Agora parece pior. Naquela época era um fungo que provocara as perdas e do Governo dependia apenas a boa vontade em renegociar as dívidas, em criar algumas condições para que o produtor continuasse de pé.
Hoje o fungo parece mais uma ‘super bactéria’, daquelas que aparecem nas UTIs dos hospitais. Onde os médicos e todo o corpo clínico se desesperam lançando mão de todos os recursos, os mais modernos e potentes antibióticos e a tal bactéria continua avançando. Assim estamos vivendo em nossa política.
Fizemos de tudo o que era possível. Campanhas para alertar a sociedade sobre os riscos, mas o governo, de posse de seus pseudo-projetos ameaçava sorrateiramente aqueles que estão fragilizados. Em seguida, depois de suas barganhas, aplica toda espécie de golpe onde é possível punir os justos que fazem a economia do país seguir nos trilhos.
A ordem é cobrar. É assim que lidam com o produtor ou com empresário, seja ele urbano ou rural. Agora é preciso caminhar sobre brasas, trabalhar com uma carga tributária pesada e em alguns estados isso ainda é pior e não faz diferença o partido, em Goiás tem imposto extra no combustível – dizem que é para manutenção das estradas.
Já com o planejamento da safra 2015/16 atrasado, o agricultor se vê em uma encruzilhada dramática. Com a valorização da moeda norte americana ninguém sabe o que vai acontecer pela frente. Os insumos aumentaram bastante. O petróleo no mundo baixou, no Brasil subiu tanto que o diesel vai ser responsável por boa fatia do aumento de custos de produção, por hectare, da soja.
Na safra 2014/15 o combustível custou R$162,24/ha e pode chegar a R$173,46/hectare na próxima. Um desafio administrativo para que o produtor consiga, com suas margens apertadas, sobreviver na sua atividade.
O clima tem sido a parte mais fácil. Foram dois anos de estiagem no Sul e estamos com outros dois de estiagem no Centro Oeste. Por aqui (Goiás) as perdas não chegam a tirar ninguém do campo. Numa parte da região Norte o excesso de chuva provocou perda de plantações inteiras. Mas as ditaduras do Governo, essas ninguém sabe até quando vão.
Então quais são os desafios a serem superados? São tantos que em algumas regiões eles se acotovelam. Logística de transportes, de portos, de armazenagem. As chuvas estão contribuindo para uma segunda safra farta, mas e daí? Diante de tanto milho, onde colocar? A quem vender? Por quanto vender? Tudo por causa do dólar? Ou seria pela ingerência governamental?
Como diz um amigo, analista de mercado, em Jataí, Reginaldo Pires, os insumos acompanham a alta do dólar seguindo de elevador, mas quando é para baixar os preços vêm descendo de escada. O resultado? Quem viver verá…
Por Fabélia Oliveira