O agro é um sistema conectado

*Por Benjamin Salles Duarte

“Estimativa preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022 de Minas Gerais totalizou R$ 924,7 bilhões, um aumento de 3,5% em relação a 2021, o que representa 9,3% do produto agregado nacional (FJP).”

O agronegócio mineiro é parte indissociável desse processo econômico numa perspectiva de sistemas e não apenas de produtos agrícolas, pecuários e florestais, que são praticados em 853 municípios do Estado, com suas características econômicas, sociais e ambientais, bem como conectados aos mercados, e adotando diferentes níveis de inovações tecnológicas nas culturas e criações gerados pela pesquisa agropecuária; os ganhos de produtividade reduzem as pressões sobre os recursos naturais, através de eficiente gestão das tecnologias!

Além disso, com base no Censo Agropecuário de 2006, os pesquisadores da Embrapa Eliseu Alves, Geraldo Silva e Renner Marra já mostravam que o fator terra respondeu apenas por 10% dos ganhos de produção e produtividade na agricultura brasileira; a tecnologia, 68%; e a mão de obra qualificada, 22%.

Dependemos de pesquisas e análises mais recentes, mas esses indicadores se revelaram muito importantes na agricultura de precisão numa perspectiva de tempo, e incluindo-se um balanço ambiental positivo, com boas práticas adotadas no campo. Estimativas indicam bom desempenho do agronegócio mineiro e brasileiro para 2023, embora não havendo risco zero em nenhuma atividade humana nos cenários socioeconômicos e ambientais!

De janeiro a fevereiro de 2023, as exportações do agro brasileiro somaram US$ 20,10 bilhões, sendo US$ 1,75 bilhão de Minas Gerais, e saldo total de US$ 17,20 bilhões. Em 2021, o PIB do agronegócio brasileiro foi de R$ 2,56 trilhões ou 28,8% do PIB nacional revelando a força do agronegócio reunindo esforços e integrações no conjunto de outros setores econômicos. Em 2022, as pessoas atuando no agro brasileiro somavam 18,97 milhões, num total de 98,04 milhões no Brasil, sendo o maior contingente desde 2015. (Mapa/Conab/IBGE/Seapa/Cepea/USP).

E mais, as primeiras projeções do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileira para 2023, em níveis de produtores rurais, estão assim elencadas nos cinco primeiro lugares; Mato Grosso, R$ 204,41 bilhões; Paraná, R$ 164,04 bilhões; São Paulo, R$ 142,79 bilhões; Minas Gerais, R$ 133,32 bilhões; e Rio Grande do Sul, R$ 116,18 bilhões, com base nos preços de fevereiro de 2023. Segundo a Conab – 6º Levantamento, safra 22/23, o Centro-Oeste deverá produzir 151,0 milhões de toneladas de grãos do total de 309,9 milhões no Brasil ou 48,7%. Concentração da produção?

Noutro cenário, torna-se importante ressaltar alguns dados sobre o agro mineiro contidos no 6º Levantamento da Conab, safra 22/23; grãos, 18,1 milhões de toneladas; cana de açúcar, 68,4 milhões de toneladas; café, sacas beneficiadas de 60 kg; 27,1 milhões de sacas, sendo a média histórica de 50% da safra brasileira. Minas Gerais lidera a produção de leite e derivados!

Segundo o Censo Agropecuário 2017/IBGE, o Brasil abrigava 1,17 milhão de propriedades leiteiras, das quais 71% produziam até 50 litros de leite por dia. A pecuária leiteira é a única atividade econômica presente em 99% dos municípios brasileiros.

Nessa breve abordagem, pois os temas são abrangentes nos mercados interno e externo e conectados, de janeiro a fevereiro de 2023 o agro mineiro exportou US$ 1,75 bilhão, e os respectivos percentuais em valores foram; café (50,4%); complexo soja (11,3%); carnes (11,6%) e produtos florestais (10%) = 83,3% (Seapa/Mapa).

Contudo, pode-se fazer uma observação mais contextualizada; o agronegócio oferta produtos agrossilvipastorís, energia limpa renovável, biomassa, mas dependendo dos desempenhos da indústria, agroindústrias, comércio, serviços, agrosserviços, e das logísticas operacionais eficientes! Assim posto, a plataforma “Visão de futuro do agro brasileiro,” fruto do esforço de mais de 300 especialistas, da análise de 126 documentos, e das discussões em 37 eventos, é um documento substantivo da Embrapa e indispensável e acessível para todos os agentes públicos e não governamentais ligados ao agronegócio brasileiro.

*Benjamin Salles Duarte Engenheiro agrônomo

Fonte: ASSISTEC AGRÍCOLA