Recurso vital para a vida no planeta, o solo está relacionado a praticamente todas as atividades humanas, além de ter influência nos grandes temas atuais como mudanças climáticas, água e redução de gases do efeito estufa. Para discutir o aperfeiçoamento da gestão desse recurso, o Tribunal de Contas da União (TCU) promove até sexta-feira (27/03), em parceria com a Embrapa, a Conferência Governança dos Solos. A abertura e os primeiros debates aconteceram quarta-feira (23/03), em Brasília.
O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, ministrou a palestra de abertura: “Conhecimento em solos e sua aplicação a luz dos desafios do presente e do futuro”. Ele descreveu a relação direta do solo com o planeta “na produção de alimentos, no sequestro de carbono no solo, na conservação da vasta biodiversidade que temos sob a terra ou como reservatórios de águas para o mundo. O solo é recurso essencial”.
Segundo Maurício, nenhum país conseguiu adaptar solos tropicais de modo tão eficiente e em tão curto tempo como o Brasil. De solos ácidos e deficientes em nutrientes, o Brasil foi capaz de desenvolver, com seu Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, um modelo único de agricultura tropical.
Em sua avaliação, quatro décadas depois, além de termos uma das mais avançadas ciências do solo do planeta, o Brasil é capaz de garantir o desenvolvimento sustentável do solo e da própria agropecuária. Para o diretor da Itaipu Binacional, Cesar Eduardo Ziliotto, que participou dos debates, o “cálculo” é claro, “não há desenvolvimento sustentável sem meio ambiente e não há meio ambiente sem desenvolvimento sustentável”. Entre os recursos apontados como geradores dessa sustentabilidade está o Sistema de Plantio Direto, adotado praticamente em todo o país e uma das principais práticas para preservação, juntamente com técnicas, equipamentos e cultivares.
Para Maurício Lopes, a gradual incorporação do Plantio Direto nas propriedades brasileiras é caminho natural. “Do mesmo modo como os sistemas integrados, com base na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) estão se tornando instrumento fundamental para o ganho de produtividade combinado a um correto manejo e uso da terra”. É o que o presidente chama de Intensificação Sustentável, conceito que, segundo Maurício, deverá guiar as ações da agricultura nos próximos anos.
O presidente da Embrapa explicou que a Empresa estabeleceu em sua agenda o aprimoramento dos mapas dos solos brasileiros com uso de geotecnologias e o desenvolvimento de uma Inteligência Territorial Estratégica. Exemplificou citando o trabalho realizado na nova fronteira agrícola do Matopiba, que está “proporcionando a ocupação de um espaço geográfico de modo planejado e inteligente” e também o desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos colocados ao serviço de ações do Plano ABC, para redução da emissão de gases do efeito estufa pela agricultura”.
A discussão da Conferência Governança dos Solos vai até sexta. Estão programadas oito palestras e diversas sessões técnicas divididas em quatro eixos temáticos: Conhecimento dos solos e institucionalidade; Vulnerabilidade do solo frente às mudanças climáticas, à desertificação e aos eventos extremos; Sustentabilidade da produção agropecuária, segurança alimentar e serviços ambientais; e Governança Territorial e Solos.
Participam da programação a Embrapa Solos (RJ) e a Embrapa Cerrados (DF). Diversos pesquisadores dessas Unidades são convidados das sessões técnicas.