O Porto, as “portas” e o futuro

Por Tarso Teixeira*

As notícias sobre a crise do Estado do Rio Grande do Sul não poderiam ser mais desanimadoras do que são. O endividamento brutal, o custo da máquina pública, a bomba previdenciária prestes a explodir, e a força das corporações de servidores públicos encastelados em estatais deficitárias e com altas folhas salariais, são apenas alguns dos ingredientes do desastre financeiro e estrutural de um Estado que não pode sequer honrar a folha do seu funcionalismo em dia, que dirá investir na infraestrutura básica, prestes a degringolar.  A União, por sua vez, cinco meses após o início do novo governo que se pretende liberal-democrata, depois de décadas de socialdemocratas, também não tem um diagnóstico dos mais animadores: ou as reformas avançam, a previdenciária em particular, ou o país quebra.

Os cultores do pensamento liberal, entre os quais me incluo, defendem uma redução do papel do Estado na economia para que a iniciativa privada consiga avançar na geração de divisas, renda e emprego para a população. No entanto, para um verdadeiro liberal, redução não significa eliminação do Estado, nem a anulação de sua capacidade de investimento. Um liberal reconhece que um Estado incapacitado de prover as suas tarefas essenciais – educação, segurança e logística – é um entrave ainda maior para a livre economia do que o Estado interventor tradicional.  Um poder público “quebrado’, no Estado ou na União, não interessa a nenhum empreendedor rural ou urbano.

É por esta razão que as saídas para a recuperação do Estado não se darão sem um esforço concentrado de preservação daquilo que o Estado brasileiro construiu, de forma competente, em décadas. Um dos focos de vitalidade que ainda temos, é o Porto de Rio Grande, que recentemente visitei junto com o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, e comitiva da federação. Estamos falando simplesmente do segundo maior porto brasileiro, por onde passaram 42,9 milhões de toneladas no ano passado, e um crescimento de 78,8% na carga viva – mais precisamente,152 mil animais enviados à Turquia, o negócio que literalmente “salvou” a pecuária gaúcha, apesar dos protestos de ONGs amigas dos animais e inimigas do progresso gaúcho.

Neste momento em que há um alinhamento de visão entre o governo gaúcho e a presidência da República, é fundamental que o setor produtivo apoie as tratativas que injetem recursos na constante modernização do Porto de Rio Grande. Porque é através dele, dessa imensa porta para o mundo, que o Rio Grande do Sul encontrará caminhos para romper o ciclo de crise.

 *Tarso Francisco Pires Teixeira é Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e Vice-Presidente da Farsul