Por Rodrigo Rodrigues*
Desenvolvida nos anos 1980 pelo agricultor norte-americano Robert Rodale, a Agricultura Regenerativa é uma abordagem que respeita mais o meio ambiente e ainda assim é muito rentável ao agronegócio. Então por que tão pouco falamos dela? O tema faz ainda mais sentido em se tratando de agricultura tropical, caso do Brasil!
Conceitualmente, a prática tem ganhado destaque nos últimos anos, com algumas gigantes da indústria alimentícia passando a adotar o modelo em suas produções. A ideia básica da alternativa é a defesa por uma produção agrícola que seja capaz de preservar o meio ambiente, por meio de recuperação da terra e restauração de áreas degradadas.
Dessa forma, torna-se possível aumentar a captura de carbono no solo e aumentar a conservação da vida animal em determinada região. Consequências que seguem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que destacam a necessidade de uma melhor gestão da agricultura, como a diminuição na emissão de carbono e da perda de biodiversidade no planeta.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), a Agricultura Regenerativa é capaz de atender a 9 dos 17 ODSs ao todo. Por meio dela, é possível produzir alimentos, sequestrar CO2 e regenerar terras consideradas vulneráveis, correndo em paralelo com a ingestão de renda para os agricultores e estabilidade na produção.
Para o modelo (que usa de base processos naturais) funcionar, no entanto, é preciso trabalhar com algumas especificidades, sendo elas: redução de arado no solo, inserção de plantas de cobertura, adoção de rotação de culturas; manutenção do desenvolvimento de outras plantas no pasto; uso reduzido de fertilizantes e defensivos, promoção do bem-estar animal e incentivo às práticas justas de trabalho para a mão de obra.
Com todas essas práticas, as consequências positivas podem ser diversas, como a retenção de água nas plantas, diminuindo o consumo excessivo de água, um tema muito presente e relevante no agronegócio.
É ir além do ESG (sigla para os conceitos sustentabilidade, social e governança). No campo, a sustentabilidade sugere um trabalho responsável, que visa o cuidado com as próximas gerações. Já no regenerativo, o esforço transcende o futuro e retoma o passado, tentando melhorar o ambiente que um dia foi considerado degradado. A Agricultura é a arte de colher o sol. Com a agricultura regenerativa, podemos colhê-lo todos os dias, com benefícios crescentes para todos (natureza, humanidade), a cada dia!
*Rodrigo Rodrigues é Head de Agronegócio na Falconi, maior consultoria brasileira de gestão e gente
Fonte: Rennan Araujo Julio