Os brasileiros andam atrás do governo, quando o governo deveria andar atrás dos brasileiros

Há um enorme erro de foco e, erro de foco, como salienta o escritor, jornalista da ciência e psicólogo dos Estados Unidos, Daniel Goleman: “O criador da inteligência emocional é destruidor”. Os brasileiros ficam olhando para Brasília esperando que salvadores da pátria, seres predestinados, ungidos pela divindade, autênticos ETs, nos protejam, façam leis e sejam os gênios condutores do país. Seria ótimo se não fosse utópico.

Os brasileiros se esquecem de questionar suas próprias entidades associativas, seus representantes nas categorias profissionais, nos segmentos empresariais, em exercitar uma honesta autocrítica em relação a como abandonamos a competência do auto governo, da auto moralidade, da dignidade e da integridade. E ficamos andando atrás do governo, olhando para Brasília e reclamando dos infortúnios e do rol generalizado da incompetência que assola o País. Agora mesmo, num eventual novo governo Temer, estamos com o sonho de cair para não mais do que 22 ministérios. Fica impossível a ilusão de ter ministros à prova de idoneidade e de fato capacitados. Continua utopia.

E a razão? O ego mesquinho, a pequenez dos representantes da sociedade, que ao invés de olharem para a nação e se colocarem como suportes do país, o mastro que eleva a bandeira, se posicionam como a bandeira, suportados pelos brasileiros.

Não há futuro nesse modelo, por ser inviável a liderança pedagógica, por ser impraticável a tomada de decisões competentes e em alta velocidade. Esse modelo onde os brasileiros andam atrás do governo premia os mais astuciosos, incompetentes no domínio de seus ofícios e do estado da arte de suas pastas, e traz de volta o personagem da escolinha do professor Raimundo, o extraordinário Rolando Lero.

Alguns insanos dizem: “Para ser ministro não precisa conhecer da área, basta entender de política e saber ser gestor”. Que ridículo! Com certeza quem afirma isso não vê os estudos avançados da academia sobre CEO’s e líderes empresariais, e o que mudou nos últimos anos: longevidade nas empresas, resultados financeiros obtidos a médio e longo prazo, responsabilidade social corporativa e domínio das perspectivas estratégicas dos seus segmentos de mercado, se configuram em fatores críticos de sucesso.

Ao governo cabe posição de suporte, de estruturados, de orquestrador. E aos intérpretes, a cada músico da orquestra, cabe o protagonismo e o solo impecável nos seus momentos decisivos.

Um precisa do outro? Sim, mas precisa parar de esperar de Brasília e dos governos aquilo que eles não podem dar. Assumir o empreendedorismo e o cooperativismo que é a saída nova para o novo Brasil.

Por: José Luiz Tejon Megido é Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan.